USAF pode voltar a ter aviões de ataque leve. Super Tucano é forte candidato

Por Dan Lamothe

A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), diante de uma guerra potencialmente demorada contra o Estado islâmico, o envelhecimento dos seus caças e uma força com cada vez menos pilotos, está estudando a adoção de uma nova frota de aviões de ataque leve, que regressaria às operações originais dos EUA, e uma parte importante das atuais forças militares na América do Sul e Oriente Médio.

A aeronave seria capaz de realizar ataques aéreos contra o Estado islâmico, e outros militantes, com custos menores que o F-16 Fighting Falcon ou o F/A-18 Super Hornet. As opções disponíveis podem incluir o A-29 Super Tucano da Embraer, que os Estados Unidos tem entregue ao Afeganistão e outros aliados, e o Beechcraft AT-6, uma versão que os militares dos EUA já usam na formação dos pilotos.

Oficiais Generais da USAF vem discutindo a proposta nas últimas semanas, dizendo que os aviões poderiam complementar aeronaves existentes, incluindo drones, em regiões onde não há inimigo capazes de derrubar aviões americanos. O General David Goldfein, alto oficial do serviço, disse que a proposta faz parte de um diálogo permanente que remonta anos, e logo poderia incluir um experimento no qual empresas privadas demonstraram o que os aviões podem fazer.

“Eu não estou interessado em algo que requer muita pesquisa e desenvolvimento”, disse Goldfein durante uma recente aparição no Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais. “Eu estou procurando algo que eu possa chegar agora, comercial, de baixo custo, que pode operar em um ambiente sem contestação, que possa empregar os recursos que precisamos, que também possa ser algo que talvez os nossos aliados, e parceiros que estão nesta luta com a gente, também possam usar”.

O experimento seguirá esforços relacionados no Iraque e os Estados Unidos. Na mais recente, o U.S. Central Command desdobrou em 2015 dois OV-10G Broncos, da era Vietnã, por empréstimo da NASA para o Iraque. Voaram em missões contra o Estado islâmico para avaliar como aviões de ataque leve podem ajudar no apoio aéreo.

O experimento foi descrito pelo Comandante Andy Walton, da USN, em um artigo no ano passado na Proceedings, uma publicação do Instituto Naval dos EUA. Ele detalhou uma missão sobre o Iraque em que um OV-10G que observaram por horas, vários militantes atravessando de canoa o rio Tigre, e em seguida, dispararam sobre eles foguetes guiados a laser.

O uso dos aviões foi o último passo de um programa chamado “Combat Dragon II”, que remonta quase uma década e envolve o Comando de Operações Especiais. Goldfein observou que alguns deses testes foram realizados quando ele era o comandante da Air Forces Central Command, no período de agosto de 2011 a julho de 2013. Um de seus chefes na época era o General Jim Mattis, agora secretário de Defesa, que apoiou o programa quando chefiava o U.S. Central Command.

A USAF publicou um artigo em 2008, que identificou a necessidade de um plano que poderia levar a cabo ambos os ataques e observação aérea. O chamado de plano “OA-X” fala sobre a dependência contínua de outras aeronaves, que vão desde o bombardeiro B-1 ao F-16, que são “Taxas muito maiores do que as planejadas e programadas”.

Segundo a publicação, a USAF “enfrenta uma lacuna crítica na sua capacidade de realizar apoio aéreo por longos períodos em uma guerra de Longa duração”, uma referência às operações de contraterrorismo e contra-insurgência em todo o mundo. É recomendado que a aeronave deva ter uma proteção balística para a tripulação e o motor, Missile Warning System (MAW) e Electronic Countermeasure (ECM), entre outros sistemas.

Militares da USAF estimam que o custo de voar um avião turbo-hélice como o A-29 e AT-6, seria de alguns milhares de dólares por hora. Em comparação, o A-10 custa cerca de US$ 18 mil por hora de voo, o F-16 de US$ 19 mil, o F-15E de US$ 24 mil, o F-35A de US$ 42 mil, o AC-130J de US$ 44 mil, o F-22A de US$ 62 mil, o B-52 de US$ 63 mil, o B-1B de US$ 77 mil e o B-2 de US$ 120 mil, de acordo com as suas estatísticas.

O plano para uma avião de ataque leve ganhou um novo impulso com a mudança de opinião de um dos seus principais críticos no Congresso, o senador John McCain, que é Presidente do Senate Armed Services Committee, sobre os militares dos EUA experimentarem a aeronave. Em 2011, ele chamou os estudos que a Marinha queria fazer para o “Combat Dragon” como desnecessários, por causa da existência do A-10, que há muito tempo realizava apoio aéreo às tropas americanas em combate. No momento, os aviões de ataque leve foram vistos como um substituto potencial para, pelo menos, alguns A-10, que McCain há muito defendida.

No entanto, iriam aposentar todos os 283 “Warthog” para economizar algo de cerca de US$ 4,2 bilhões, agora se pretende mantê-los devido a sua importância na luta contra o Estado islâmico. McCain disse em um recente relatório intitulado “Restoring American Power”, que a Força Aérea não só deve manter o A-10, mas também comprar mais 300 “aviões de ataque leve de baixo custo, que exijam o mínimo de trabalho para serem desenvolvidos”. Os aviões poderiam levar a cabo operações de contraterrorismo, executando CAS (Close-Air Support) e ajudar no déficit de pilotos que a Força Aérea enfrenta.

O déficit tornou-se um problema crescente com os pilotos deixando as forças armadas em uma taxa em que a Secretária da Força Aérea, Deborah James, e o próprio Goldfein declaram ser uma crise no verão passado. Os dados divulgados ao Washington Post mostrou que havia cerca de 723 vagas piloto de caça, 21% dessas vagas não foram preenchidas.

A Força Aérea atribuiu a escassez de novos recrutas a indústria da aviação comercial, aos frequentes desdobramentos, mantendo os pilotos por longos períodos longe de suas famílias e a redução na formação em meio a restrições orçamentarias. A USAF vê o novo avião de ataque leve como uma maneira barata de se obter o nível de entrada de pilotos militares o mais rápido possível.

“Quando termina o seu compromisso, no final de 10 anos, perdemos muitos pilotos para as companhias aéreas”, disse um oficial da Força Aérea, falando sob a condição de anonimato para discutir uma questão pessoal. “Você tem que combinar essa saída todos os anos com a quantidade de pilotos. Você precisa ter cockpits para que possam obter experiência, depois de fazer o treinamento inicial”.

FONTE: The Washington Post
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN

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