Dez países que compõem a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) decidiram fabricar um drone comum para ser usado na América do Sul sem poder de ataque e sem a capacidade de acoplar armas.
O modelo irá fazer fotos e filmagens a até 5.200 metros de altitude, terá autonomia de até 13 horas, será movido a combustível e usado conjuntamente para monitorar a Amazônia.
Além disso, cada um dos países que compõem o bloco apontou interesse em usar o avião para outros fins, como vistorias em áreas de preservação ambiental, controle de queimadas e incêndios, levantamento cartográfico e controle de safras. No Brasil, o interesse seria no Exército empregá-lo para vigilância das fronteiras e o combate ao tráfico de drogas e armas.
Segundo o coronel Geraldo Branco, que integra o Departamento de Ciência e Tecnologia Industrial do Ministério da Defesa, a possibilidade de construção e uso de um veículo aéreo não tripulado (vant) militar com capacidade de matar “não foi cogitada”.
“Os requisitos pedidos até agora somente tratam de missões de reconhecimento”, diz ele. O drone da Unasul pesará até 400 quilos e levará 110 quilos de equipamentos, como câmeras e sensores.
Os drones ficaram famosos no mundo após ataques realizados pelos Estados Unidos para matar suspeitos de terrorismo no Afeganistão, Paquistão e outros países do Oriente Médio. Organizações internacionais de direitos humanos e a ONU defendem a investigação de morte de inocentes nos ataques e pedem a criação de uma legislação internacional sobre o tema.
Legislação comum
Os critérios básicos do drone da Unasul foram definidos após reuniões realizadas em Brasília nos últimos quatro meses em que estiveram presentes militares de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Cada país definirá a legislação interna para usar o modelo – não foi negociada nenhuma norma regional, como já há na Europa.
Ainda não está definido quem são os engenheiros que irão trabalhar na construção ou se será adquirido de alguma empresa.
O governo brasileiro já investiu R$ 40 milhões no Falcão, um drone maior que o modelo pedido pela Unasul e que está sendo fabricado para exportação para a América Latina e também para uso nacional Harpia, uma parceria da Avibrás com a Embraer e a AEL, subsidiária brasileira da indústria de tecnologia de aviação israelense Elbit Systems. Havia a expectativa de que o Falcão fosse o modelo usado pela Unasul, mas ele será maior – pesará cerca de 800 quilos – e a previsão é que comece a voar em 2014.
A Embraer, sócia majoritária da Harpia, disse que a empresa possui interesse em participar no projeto do vant da Unasul e que “vê grande similaridade nos cenários e desafios do Brasil e seus países vizinhos”.
O andamento do projeto do Falcão depende da definição de um pedido de oferta das Forças Armadas.
Em 2014, a Unasul definirá um nome preliminar e começará a fazer o esboço do modelo, que terá cerca de R$ 463 milhões.
FONTE: G1