Trabalho – Soldado com diploma

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Turma de alunos no curso de confeitaria e panificação com o professor Anderson Kaminishi (ao centro)

Jovens recebem qualificação profissional no quartel por meio de projeto do Ministério da Defesa. Em 11 anos de programa, 215 mil profissionais se formaram em diversas áreas. A maioria consegue emprego

Todos os anos, cerca de 100 mil jovens ingressam nas organizações militares do país para prestar serviço obrigatório. Depois de cumprirem a missão, que pode ser no mínimo de 10 meses ou no máximo oito anos, muitos ficam sem saber qual rumo profissional seguir. Pensando nisso, o projeto Soldado Cidadão, criado em 2004 pelo Ministério da Defesa, oferece aulas profissionalizantes para atender quem precisa entrar no mercado de trabalho, mas não tem qualificação. Com a iniciativa, todo ano, cerca de 12 mil pessoas participam de capacitações nas áreas de gastronomia, construção civil, artes gráficas, confecção, eletricidade, comércio, comunicação, transportes, informática, vigilância, pintura, saúde, mecânica e têxtil. No total, são oferecidos 40 cursos, a maior parte deles com duração de até dois meses.

Em 2015, 11 mil pessoas estão concluindo cursos em diversas áreas em 352 unidades militares em 137 municípios. A maioria dos participantes é homem, recruta do serviço militar, na faixa etária de 20 a 30 anos. Em 11 anos de existência, o projeto beneficiou 215 mil profissionais que puderam sair do quartel com reais possibilidades de garantir um bom emprego fixo. Segundo o Ministério da Defesa, aproximadamente 80% dos jovens participantes do Soldado Cidadão conseguem emprego após concluírem o serviço militar. Até o momento, foram investidos R$ 132 milhões na iniciativa.

A situação do jovem que presta o serviço militar obrigatório é diferente de quem se inscreve para uma das escolas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O primeiro, por força da lei, permanece em alguma das Forças Armadas por um período temporário de, no máximo, oito anos; diferentemente do aprovado em concurso, que pode seguir uma carreira e permanecerá na área até chegarem à reserva, a aposentadoria militar.

“Muito jovens de origem humilde têm o primeiro emprego no serviço militar. Quando eles retornam ao mercado com certificados de capacitações no currículo, o emprego fica garantido”, comemora o coordenador do projeto, João Márcio Pavão Barroso, conhecido como coronel Barroso. Segundo ele, os cursos mais procurados são informática, mecânica automotiva, gastronomia, construção civil e refrigeração. O coordenador acrescenta que a oferta de aulas é baseada na demanda do mercado regional.

Prontos para o mercado

Participante do serviço militar obrigatório, o recruta Walyson Silva de Castro, 24 anos, está terminando o curso de confeitaria e panificação, o primeiro que ele fez pelo projeto Soldado Cidadão. Com a qualificação, ele pretende seguir na área de gastronomia quando sair do Exército. “É muito bom se qualificar. Ao mesmo tempo que aprendemos, o quartel se beneficia com uma comida cada vez melhor feita pelos alunos”, conta ele que fez cursos de açougueiro, cozinheiro e de sobremesas no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

O professor e gastrônomo Anderson Kaminishi, 45 anos, dá aulas para turmas de 20 a 30 militares. “Alguns alunos se interessam mais que outros. No entanto, quando saem daqui sabem, pelo menos, o básico para atuarem sozinhos”, conta. No curso de confeitaria e panificação, a teoria e depois a prática são fundamentais nas 160 horas de formação, distribuídas em cinco semanas.

A sargento do Exército Erika Lauria, 36 anos, se formou como sushiwoman no ano passado e é a única participante do curso de confeitaria e panificação que será encerrado no início de dezembro. Graduada em nutrição, ela ainda pretende fazer as capacitações sobre doces finos, tortas e salgados, e decoração com frutas, oferecidos na área de gastronomia. “É um incentivo para quem vai sair do serviço militar e encarar o mercado de trabalho”, conta. Este é o segundo ano em que Erika está no serviço militar temporário e terá mais seis anos pela frente. Ela pretende aproveitar o período fazendo vários cursos.

“É muito bom se qualificar. Ao mesmo tempo que aprendemos, o quartel se beneficia com uma comida cada vez melhor feita pelos alunos” Walyson Silva de Castro, recruta do serviço militar obrigatório

Rodrigo da Silva Santas, 26 anos, sargento temporário, vai sair do serviço militar em 2016. Depois de ter feito cursos de pizzaiolo, sushiman e salgados finos pelo projeto Soldado Cidadão, ele descobriu uma nova área de atuação e pretende fazer carreira em gastronomia. Atualmente, ele trabalha como freelancer em bufês e pretende abrir um foodtruck de comida brasileira. “Ter um certificado do Exército nessa área alavanca o currículo. As Forças Armadas têm uma boa imagem, o que ajuda bastante”, conta ele, que também fez curso técnico em gastronomia pelo Senac.

Participe

Somente participantes do serviço militar obrigatório e temporário podem fazer os cursos oferecidos pelo Ministério da Defesa. As aulas são gratuitas e ministradas em parceria com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Senac e outras entidades ligadas ao ensino profissional e técnico. Os militares interessados devem procurar a unidade em que trabalham para conhecer os cursos oferecidos e efetivar a inscrição presencialmente. Os cursos são realizados no horário do expediente e podem durar até dois meses, com carga mínima de 160 horas.

FONTE: Correio Braziliense

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