“Senta a pua”

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Por Mário Antonio Sussmann

Desnecessário repisar o esmagamento tributário e o desperdício da arrecadação. Os aviões da Força Aérea Brasileira, segundo Elio Gaspari, da “Folha de São Paulo”, em seis meses, 2013, voaram 1.664 vezes a serviço de “otoridades”, o que dá a média mensal de 277 voos e a mais de 9 voos por dia.

Os automóveis credenciados no aeroporto de Guarulhos, SP, nem de longe atingem esse número em corridas de passageiros. Sei porque já perguntei.

Os nossos pilotos da FAB são especializados em caças, bombardeiros etc. É triste vê-los transformados em “motoristas de táxi alados”. É humilhante. Ainda mais se considerarmos que a FAB impressionou o Comando Aliado, na Segunda Guerra, com a destreza e coragem da esquadrilha que se notabilizou como “Senta a Púa”.

Imagino o oficial convocado para missão. “Alguma invasão do nosso espaço aéreo?” “Não, a ‘otoridade’ quer assistir à partida de futebol”.

O dinheiro público gasto na formação destes profissionais é desperdiçado na função de “taxistas aéreos”, levando à pergunta para que queremos comprar aviões mais modernos (que não são os de tecnologia de ponta, mas custam como se fossem) se não dá para por político com a família dentro? (Não é por nada não, mas esses “táxis” possuem assentos ejetáveis? Pensando bem…)

As novas gerações nada sabem sobre a Força Expedicionária Brasileira, sobre o “Senta a Púa”. Depois acusam os americanos que nos filmes, nos momentos emotivos, mostram a bandeira, fazem do hino trilha sonora, ou “God Bless The America” ou “America”. Felizmente alguns públicos do futebol têm emocionado, cantando o nosso hino além da própria seleção do Scolari. O argentino Victor Heredia compôs a belíssima “Te debo una canción”,que se pensa dedicada a alguma amada. Nos versos seguintes,se descobre “…te debo una canción, Patria mia”.

Exceto os presidentes dos três Poderes, e única e exclusivamente em missão oficial, podem recorrer aos competentes pilotos da nossa Força Aérea. Fora disso, avilta-se a FAB. Sem nenhum preconceito aos taxistas, nossos pilotos militares não recebem formação de excelência para transportar desocupados para-lá-e-para-cá. Há jatinhos para alugar, como fez meu irmão mais velho quando nosso pai morreu em Timbó, SC.

Sei que a hierarquia e a disciplina militar (não escrevo castrense porque a ignorância disseminada poderia dar à palavra perigoso significado) impedem a recusa e obrigam nossos oficiais a “engolir sapos”.

Nós, civis, tributados esfolados para financiar mordomias, podemos repudiar por eles. Se algum militar – ao fim todas as três Armas são aviltadas, em breve alguma “otoridade” vai querer levar o filho para passear de submarino no Dia das Crianças – ler este artigo espero que tenha servido para “lavar a alma” ou vomitar alguns cururus. Eu estou vomitando o meu.

E homenageio a bravura da FEB, em especial a coragem e perícia que marcou o “Senta Pua”. Quer viajar de avião? Compra a passagem. Deixem a Aeronáutica em paz. Talvez o momento seja de “senta a peia em cabra de peia”.

FONTE: Site em Tempo via Notimp

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