No dia 1º de agosto de 1963, os primeiros helicópteros Sea King canadenses chegaram a Shearwater, na Nova Scotia, marcando o início de uma nova era na capacidade de combate que duraria pelos próximos 50 anos – e mais além.
Originalmente adquirido pela Royal Canadian Navy (RCN), para guerra antissubmarino a partir do porta-aviões HMCS Bonaventure, destroieres de escolta St. Laurent e as Classes seguintes, o Sea King passou a servir em uma variedade de outras funções nas Forças Armadas Canadenses e, mais recentemente, na Royal Canadian Air Force (RCAF). Na verdade, uma “aeronave venerável”, o Sea King tem sido continuamente operado a bordo dos navios da RCN por meio século e hoje se encontra operando embarcado no Mar da Arábia, como parte da Operação Artemis.
Além dessas operações internacionais, os Sea King participaram de uma ampla gama de operações que vão desde a busca e salvamento e vigilância costeira e apoio para os Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver em 2010 (Operação Podium). Uma característica única das operações dos Sea King canadenses foi o casamento de um helicóptero de porte médio com um navio de guerra do porte de destróier de escolta. Este desenvolvimento foi uma resposta exclusivamente canadense para a ameaça representada pelos submarinos convencionais e de propulsão nuclear da ex-União Soviética, para as linhas de comunicação marítimas entre a América do Norte e Europa durante a Guerra Fria.
Os Sea Kings promoveram o aumento tanto das capacidades dos sensores quanto das armas dos navios de guerra canadenses e assim, melhorando significativamente a capacidade de combate. A integração do navio e do helicóptero (o chamado “conceito DDH”), foi possível graças ao Helicóptero Hauldown e do dispositivo de fixação rápida, ou Beartrap, que permitiu o lançamento, recuperação e manejo da aeronave no convoo de um pequeno navio de guerra no exigente Atlântico Norte. O sistema foi concebido, projetado e testado por um pequeno grupo altamente dedicado e elevou o Canadá para a vanguarda da aviação helicópteros marítimos.
Após a retirada de serviço do HMCS Bonaventure (1970), os Sea Kings continuaram a operar a partir dos escoltas, fragatas e navios de reabastecimento, ao longo dos próximos vinte anos. Perto do fim desse período, em 1989, uma série de Sea King foram transferidos de sua base na costa leste, em Shearwater, para Patricia Bay, visando apoiar os navios estacionados na Costa Oeste.
Como parte da resposta do Canadá à invasão do Kuwait, por Saddam Hussein em 1990 (Operação Friction), o Sea King mudou sua ênfase para novas águas, novas funções e novos desafios. Em um incrível período de duas semanas, em agosto de 1990, o equipamento antissubmarino de seis aeronaves foram removidos e um novo equipamento foi instalado para executar a vigilância de superfície no Golfo Pérsico.
A capacidade de comprimir meses de esforço, em um período tão curto, era um tributo à habilidade e perseverança de todo o seu pessoal de apoio para a realização da instalação de uma forma segura e em tempo hábil. Além de realizar tarefas de vigilância de superfície, os Sea King foram equipados com uma metralhadora, atuando como uma plataforma para a inserção de tropas. Durante a operação Friction, alcançaram a disponibilidade e taxa de conclusão de missão de 98% !
Uma nova era nas operações do Sea King estava amanhecendo. Em 1992, eles foram novamente transportados para o “Leste de Suez”, à bordo do HMCS Preserver , desta vez para a Somália, na Operação Deliverance. Enquanto esta operação é amplamente lembrada pelas agruras do Airborne Regiment canadense, o que é amplamente desconhecido é o papel verdadeiramente incrível do pessoal do HCMS Preserver em manter os seus Sea King em apoio às operações de terra em terra.
A Operação Deliverance foi seguida por sua vez por uma série de operações em que os Sea King, embarcados nos navios da RCN, eram muitas vezes a primeiro aeronave de combate canadense no teatro.
Apesar da decepção do pessoal do Sea King, após o cancelamento do Projeto de Novas Aeronaves Embarcadas nas eleições gerais de 1993, continuaram mantendo a sua missão de manter as aeronaves prontas para o combate e as equipes de manutenção qualificadas para operar tanto na costa oeste quanto leste.
O novo milênio não diminuiu o ritmo das operações com longas missões em apoio à Operação Apollo (resposta do Canadá aos ataques de 11/9 nos Estados Unidos) e as operações subsequentes nos mares da Arábia e Mediterrâneo.
Refletindo sobre os 50 anos de serviço ativo, uma série de conclusões podem ser tiradas. Em primeiro lugar, a aeronave, apesar de sua idade, continua a fazer uma contribuição positiva para apoiar os interesses do Canadá, tanto internamente quanto no exterior. Que o helicóptero CH-148 Cyclone pode oferecer muito mais, deixando claro a necessidade de sua rápida introdução.
Em segundo lugar, os seus tripulantes têm constantemente demonstrado um alto grau de inovação, habilidade e dedicação de voar, muitas vezes sendo acionados para missões de última hora no exterior e para missões para as quais eles tiveram pouco treinamento formal. Da mesma forma, o pessoal de manutenção, sobre cujos ombros tem o esforço principal para o funcionamento contínuo dos Sea King, e mais uma vez demonstrou competência, criatividade e resistência em manter uma aeronave, por vezes difícil, voando com segurança. Assim, em todos os níveis, complementados por organizações de manutenção civil, tem contribuído imensamente para o sucesso alcançado por aqueles que estão no convoo ou na linha de frente.
Finalmente, a solidez do “conceito DDH” tem sido plenamente demonstrado. O Canadá literalmente escreveu o livro sobre Procedimentos Operacionais de Helicópteros Embarcados e viu sua experiência nestas operações serem padronizadas em marinhas, guardas costeiras e forças que operam helicópteros navais ao redor do mundo.
FONTE: Coronel (Ret’d) John Orr – Escritor convidado do Defence Watch
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval