Por Soraia Abreu Pedrozo
Segundo o presidente do Grupo InbraFiltro, Jairo Cândido, serão recrutados 1.300 profissionais para atuar no processo de produção do avião-caça. Haverá oportunidades para engenheiros, mestres e operadores. A equipe do Diário publicou, há um ano, que a Inbra estava iniciando as contratações. No entanto, como houve atrasos na conclusão do convênio entre Brasil e Saab para selar o acordo do fornecimento das 36 aeronaves que renovarão a frota da FAB (Força Aérea Brasileira), o andamento das admissões também esfriou.
A princípio, era previsto que a fábrica da SBTA fosse erguida em terreno de 40 mil m² (metros quadrados) em frente à Rodovia dos Imigrantes, sentido São Paulo, próximo à entrada do Rodoanel. Por problemas de licença ambiental, entretanto, o local foi descartado, explica Cândido. Optou-se, por enquanto, pelo escritório em São Bernardo, cujo endereço ainda não foi definido, e que atenderá por Saab Aeroestrutura. Com isso, estima-se que a fábrica comece a ser construída somente em 2018, e não mais em 2017. Enquanto ela não for concluída, a confecção das partes da aeronave deve ser realizada, provisoriamente, na unidade Inbra Aerospace, em Mauá.
Embora a fabricante e o governo federal tenham assinado contrato há um ano, em outubro de 2014 – dez meses após o anúncio de que o Brasil escolheria a Saab –, apenas em julho a negociação foi concluída. Em meio à crise na economia brasileira e à queda das taxas de juros na Europa, a União pleiteou a redução da taxa do financiamento do projeto, que era de 2,54%, para ajudar no ajuste fiscal, e conseguiu chegar em 2,19%. Após aprovação do Congresso Nacional, somente a partir de 9 de setembro o contrato entrou em vigor.
“Agora está sendo discutido o arranjo industrial que será feito no Grande ABC. Pode ser que, inicialmente, o processo comece com duas empresas que se fundam mais para frente. Tenho realizado videoconferências diárias com executivos da Saab”, conta Cândido.
É estimada a abertura de 2.300 postos de trabalho diretos com o projeto do Gripen em todo o País. Ao todo, incluindo outros segmentos da cadeia produtiva, o número deverá chegar a 14.650, sendo cerca de 5.000 no Grande ABC.
Região enviará 43 profissionais à Suécia
A primeiro caça Gripen fabricado no Brasil será entregue em 2019 e, o último, em 2024. O contrato prevê a transferência de tecnologia e a fabricação de 15 das 36 unidades no País, incluindo oito unidades de dois lugares – que será criado especialmente para a FAB. “Ele ainda não está 100% projetado, mas o design será feito no Brasil pela Akaer (empresa de engenharia aeronáutica situada em São José dos Campos, no Interior, que produzirá fusilagem)”, explica Jairo Cândido, presidente do Grupo Inbra Filtro, durante apresentação na Universidade Metodista no evento ‘Indústria aeroespacial, desenvolvimento regional e oportunidades de negócios: cases internacionais da cadeia produtiva do Gripen’.
Até lá, os profissionais envolvidos realizarão treinamento na Suécia, a fim de adquirir know-how para a produção da fuselagem, que exige altíssima precisão. Pela Inbra, serão enviadas 43 pessoas para permanecer entre 18 e 24 meses por lá. Falar inglês fluente é requisito fundamental, pois esse é o idioma oficial da fábrica. “Cada profissional terá um treinamento específico. Ao todo, 357 famílias brasileiras passarão uma temporada na Suécia. As 50 primeiras, de engenheiros e técnicos da Embraer e da Ael Sistemas (que desenvolve sistemas eletrônicos militares e espaciais e cuidará da aviônica e de sua manutenção, situada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul), começaram a chegar na semana passada. Em janeiro, vão mais 50”, conta Bengt Janér, diretor da Saab no Brasil.
A capacitação começará na semana que vem. Ao todo, serão 357 profissionais das parceiras que receberão a transferência da tecnologia do caça, sendo 240 da Embraer (célula central do processo, responsável pela montagem da aeronave), 26 da Atech (empresa do grupo Embraer que faz sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo também em São José dos Campos), 21 do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, que certificará o avião), 12 da Mectron (companhia do grupo Odebrecht que fará a manutenção do radar e o sistema de comunicação entre os caças e o solo, de São José), oito da Ael e sete da Akaer.
O período de treinamento ocorrerá de 2015 a 2021, informa Cândido.
FONTE: Jornal Diário do Grande ABC