Segundo o SPTV, a relação entre o município, a fabricante dos caças e o governo sueco não é nova. Foram pelo menos três anos de encontros e negociações. Já havia, inclusive, a promessa, por parte dos suecos, de instalação de uma fábrica na cidade, independentemente da decisão do governo brasileiro.
A fábrica deverá ter em torno de 5.800 empregados e será instalada em uma área entre a Via Anchieta, a Rodovia dos Imigrantes e o Rodoanel Mário Covas.
Para o prefeito Luiz Marinho (PT), alguns fatores, além do preço e das características do avião, foram decisivos na escolha da presidente Dilma Rousseff em preferir os caças suecos aos concorrentes norte-americano (o F-18 Super Hornet, da Boeing) e francês (o jato Rafale, da companhia Dassault).
Entre os pontos citados por Marinho estão a revelação da espionagem do governo dos Estados Unidos à presidente e à Petrobrás. “Isso tudo por exclusão acabou levando à decisão pelo Gripen.”
Decisão
Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, que fez o anúncio, a decisão “foi objeto de estudos e ponderações muito cuidadosas”. As negociações levaram 15 anos. “A escolha, que todos sabem, foi objeto de estudos e ponderação muito cuidadosa, levou em conta performance, transferência efetiva de tecnologia e custo, não só de aquisição, mas de manutenção. A escolha se baseou no melhor equilíbrio desses três fatores.”
Amorim acrescentou que a aquisição dos caças não terá “nenhuma implicação” no orçamento da União de 2013 nem no de 2014. Segundo ele, a etapa de discussão do contrato pode demorar entre 10 e 12 meses, e a transferência dos recursos para a empresa sueca só será feita após essa etapa.
“[A negociação do contrato] é algo demorado. Implica garantias contratuais de que aquilo que foi ofertado efetivamente ocorrerá”, justificou Amorim. Segundo a assessoria de imprensa da Aeronáutica, ainda será negociado no contrato quando será feito o primeiro pagamento.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, informou que os primeiros aviões chegarão 48 meses depois da assinatura do contrato, prevista para o final de 2014. Assim, o Brasil deverá começará a receber as aeronaves a partir de 2018. Segundo Saito, serão entregues 12 aviões por ano.
Saito disse que a transferência de tecnologia será completa e feita diretamente à Embraer, que participará da montagem das aeronaves. “Quando terminar o desenvolvimento, nós teremos propriedade intelectual desse avião, isto é, acesso a tudo”, disse Saito. Segundo ele, a brasileira Embraer e a Saab vão atuar em conjunto na transferência de tecnologia e na produção do caça.
Segundo ele, outras empresas poderão, posteriormente, participar do projeto.
‘Vamos pechinchar’
O comandante da Aeronáutica informou que 80% da estrutura do avião será construída no Brasil. As asas, por exemplo, já estão sendo produzida por uma empresa de São José dos Campos e, segundo o comandante, já com padrão supersônico. Segundo ele, serão mais de 15 empresas envolvidas.
Saito esclareceu também que os US$ 4,5 bilhões equivalem a proposta feita pela empresa sueca, mas que, durante a negociação do contrato, o valor pode ser revisto. “Nós vamos pechinchar ao máximo”.
Ele contou que a presidente Dilma Rousseff o informou da escolha somente na terça-feira (17). “Presidenta, muito obrigado. Eu acho que a Força Aérea e o Brasil ganharam muito com isso”, ele relatou ter dito à Dilma quando recebeu a notícia. Ele contou que participa do processo de escolha dos caças desde 1995. “Estou muito feliz de ter perseguido esse objetivo”, disse. Segundo ele, todas as empresas foram avisadas ao mesmo tempo da escolha.
Aviões ‘à altura’
O ministro Celso Amorim disse que, com a decisão do governo, “em breve, teremos aviões à altura da necessidade de defesa do país”. O ministro ressaltou – dentro do acordo de transferência de tecnologia – a abertura do código-fonte de armas, que, segundo ele, permitirá adicionar ao avião armamentos brasileiros.
De acordo com o brigadeiro Marcelo Damasceno, chefe da comunicação social da Aeronáutica, os caças Gripen “vão atender às necessidades operacionais da FAB pelos próximos 30 anos”.
Segundo ele, as aeronaves ajudarão na defesa aérea do Brasil e serão capazes de promover ataques no solo e no mar. “Ele [o Gripen] permitirá à FAB enfrentar ameaças em qualquer ponto do território nacional com carga plena de armas. O conjunto de conhecimentos e capacitação tecnológicos contribuirá para que a indústria nacional se capacite para a produção de caças de última geração em médio e longo prazo”, disse Damasceno.
FONTE: G1 – SPTV