Acompanhe esta interessante entrevista com três profissionais brasileiros da Embraer que foram à Suécia para receber treinamentos especializados na produção do Gripen.
As duas maiores partes do treinamento teórico incluem uma familiarização inicial com a aeronave Gripen, com uma visão geral da aeronave e de seus sistemas, e um curso sobre o uso do sistema de dados de produção, garantia de qualidade e suporte à produção. Já a parte prática, denominada on-the-job training, os brasileiros aprendem trabalhando em aeronaves reais que serão entregues à Força Aérea Brasileira.
Enquanto Halavi Orion, técnico de montagem final, aprende sobre toda a montagem final e a mecânica dos sistemas da aeronave Gripen; Willian Antunes, técnico de preparação de voo e entrega de aeronaves, pratica testes dinâmicos, de combustível, de motor, entre outros – que inclusive já executa em outras aeronaves da Embraer, no Brasil. Michel Arruda, por sua vez, participa do desenvolvimento dos testes que integrarão as atividades da estação três da linha de montagem.
Halavi: No treinamento teórico, temos aulas sobre os sistemas da aeronave, sistemas de voo e todos os demais sistemas relacionados, como mecânica, elétrica, selagem e outros.
Willian: Os cursos técnicos explicam os sistemas do avião e o sistema da Saab de produção do caça. Após as aulas teóricas, iniciamos o treinamento prático que é basicamente trabalhar de verdade no avião, junto com um profissional mentor da Saab, executando as atividades diárias.
Como é a rotina de trabalho em um dia típico na Saab?
Michel: Todos os dias, às 7h30, temos uma reunião para saber o que está planejado para aquele dia e para a semana, em termos de atividades no caça. Depois da reunião, recebemos do mentor um documento com a atividade detalhada do dia, com o que é preciso fazer.
Willian: O pratic card é o documento que direciona as atividades que precisamos fazer e precisamos aprender para quando estivermos no Brasil desenvolvermos as mesmas tarefas.
Halavi: Nós temos um mentor e recebemos as orientações e feedbacks para saber o que estamos fazendo certo ou não para aprendermos, e isso é muito importante.
Michel: Nossos mentores são os profissionais da Saab que nos passam as atividades. No início do treinamento, fazemos tudo junto, acompanhando o trabalho do mentor. Depois, vamos ganhando autonomia para aplicar no caça o que é preciso, apenas seguindo o documento que traz as instruções do que deve ser feito.
Você percebeu diferenças entre a forma de trabalho dos brasileiros e dos suecos? O que aprendeu com isso?
Halavi: Em termos gerais as diferenças são pequenas. Percebo que em alguns detalhes existem diferenças culturais de trabalho. Os suecos trabalham muito focados em poucas tarefas, em quanto nós brasileiros estamos acostumados a trabalhar com mais tarefas e as vezes de forma simultânea. Uma curiosidade que aprendi é o fika, que são pequenas paradas programadas ao longo do dia, para tomar um café, descansar a mente e retornar para a atividade mais disposto. Isso é muito típico na Suécia.
Qual a importância de participar do programa Gripen?
Halavi: Para mim é uma grande oportunidade e conquista. Estar na Suécia aprendendo a fazer o caça Gripen é um sonho realizado, eu sempre sonhei em trabalhar com aviões de caça. É muito gratificante.
Michel: É um momento histórico para o Brasil. Participar do programa me permite viver isso. Desenvolver uma aeronave dessa qualidade junto com a Suécia vai ficar marcado na história do Brasil e na minha história. Essa é uma experiência de vida e profissional que eu vou contar para minha família. Daqui há alguns anos eu vou poder dizer: eu fiz parte dessa equipe.
Willian: É um orgulho para mim. Acredito que o Programa Gripen é um divisor de águas tanto para a Força Aérea Brasileira quanto para a Embraer, ao receber este conhecimento. Vai fazer parte da história do Brasil e da Embraer. E eu participo dessa história que está me trazendo crescimento pessoal e profissional. Eu ajudo o Brasil a proteger seu espaço aéreo.