Por Luiz Padilha
Com o anúncio do Programa KC-X3 feito pelo Ministério da Defesa (MD) esta semana, vários leitores nos perguntaram se as 2 aeronaves em questão seriam realmente os A330 MRTT, oriundos da Royal Air Force (RAF), ofertados no passado à Força Aérea Brasileira (FAB).
No melhor dos mundos, seria a aeronave ideal para se adquirir, face suas qualidades e capacidades em cumprir tudo o que a FAB necessita, porém, temos que analisar o que consta no comunicado do MD.
1 – Dispensa da exigência de compensação comercial, tecnológica ou industrial.
2 – Sob a forma de aeronaves usadas, de modo a reduzir o valor das ofertas, e que atendam plenamente às necessidades da Força Aérea Brasileira. A celeridade na aquisição se justifica, dentre outros motivos, pelo enfrentamento a emergência de saúde pública e para apoio humanitário.
Baseado no acima descrito, é provável que a FAB venha a receber dezenas de ofertas para a aquisição de aeronaves civis como Boeing 767 e Airbus A330, sejam na versão cargueira ou na versão de passageiros, cabendo a FAB bancar a transformação e certificação das aeronaves, para realizar o reabastecimento em voo, transporte de cargas e passageiros.
Existem no mercado mundial, empresas capacitadas para realizar tais transformações, o que devemos perguntar é:
Vale a pena? O custo X tempo de espera compensaria aguardar para ter uma aeronave sem a qualificação dos 2 A330 MRTT da RAF ofertados?
Pode ser que sim, pois dependendo das células, as mesmas podem ter muitos ciclos disponíveis, e então esse acabe sendo o caminho a ser seguido, mas eu gostaria de salientar que os 2 A330 MRTT, além de já terem “nascidos” para a função que a FAB deseja, possuem muito menos horas de voo do que qualquer 767 ou A330 que venham a ser oferecidos.
A aviação comercial em decorrência da pandemia, fez com que dezenas de Cias Aéreas colocassem seus Wid-body no chão, pois os mesmos se tornaram economicamente inviáveis, e isso poderá ser um fator decisivo para a escolha da aeronave do programa KC-X3.
Alguns poderiam dizer: Mas na FAB voarão pouco, ou seja, muito menos do que se estivessem em uma Cia Aérea. É verdade, mas, sempre tem o MAS…., essas aeronaves para que contemplem o item 2 grifado no início deste artigo, podem ser mais baratas do que os A330 MRTT, mas adquirir aeronaves civis, bancar a certificação e aguardar pelo menos 24 meses para recebê-las (isso se o pagamento sair em dia), pode não encaixar no item 2 do comunicado do MD sobre “enfrentamento a emergência de saúde pública e para apoio humanitário.”
Até o fim do ano passado, 12 países tinham feito pedidos para a aquisição do A330 MRTT, demonstrando que adquirir uma aeronave fabricada para a função, parece ser o melhor caminho.
A FAB tem em mãos esta opção, mas as vezes o fator econômico acaba falando mais alto, e existe a possibilidade de se perder o que podemos chamar de “a melhor opção!”