Por Rodrigo Rocha e Virgínia Silveira
O impacto negativo no balanço foi por um salto de 230% nas despesas com imposto de renda no período, para R$ 589,8 milhões. Segundo a empresa, a valorização cambial de ativos não monetários avaliados em dólar levou ao forte avanço. “O impacto do imposto de renda acontece quando há desvalorização, então os ativos não monetários em dólar de valorizam”, afirmou José Antônio Filippo, vice-presidente financeiro e relações com investidores da Embraer.
Outros dados financeiros, no entanto, se beneficiaram com o câmbio. A receita da companhia avançou 61,9% de julho a setembro, para R$ 4,58 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 82,3% no período, para R$ 570,3 milhões.
Para o analista Pedro Galdi, da WhatsCall Consultoria de Investimentos, a alta do dólar foi o grande ponto favorável para os resultados da Embraer no terceiro trimestre. “A companhia ainda encontra-se em uma situação financeira confortável por mais que tenha apresentado prejuízo, devido a sua boa estrutura de caixa e Ebitda em alta”, afirmou.
O banco BTG Pactual considerou os resultados positivos, apontando que o quarto trimestre deve voltar a ter um resultado forte, com geração de fluxo de caixa livre de pelo menos US$ 380 milhões. Para 2016, o câmbio, o fortalecimento do segmento comercial e o aumento das receitas na aviação executiva são uma indicação de um ano “sólido” para o banco.
A empresa informou que o aumento no contas a receber da Força Aérea Brasileira (FAB), que subiu de R$ 1,09 bilhão no segundo trimestre deste ano para R$ 1,399 no terceiro trimestre, se deu em função da variação cambial, já que parte do contrato é em real e parte em dólar. “Quando há uma variação cambial, o valor em real sobe”, disse ao Valor um porta voz da companhia.
A fabricante afirmou que o fluxo de pagamentos dos programas de defesa está em dia, ainda que tenha sido renegociado em função das restrições orçamentárias. O grande impacto, segundo o porta voz, foi no segundo trimestre, com a readequação dos prazos de certificação e entregas do jato militar KC-390, desenvolvido para a FAB.
O KC-390 realizou seu segundo voo na segunda-feira, em Gavião Peixoto (SP), onde a Embraer concentra as atividades de defesa e segurança. A FAB informou que o voo durou uma hora e transcorreu conforme o planejado. A previsão é de que o segundo protótipo da aeronave voe em dezembro.
O programa de desenvolvimento do novo jato militar tem um custo estimado de R$ 12,1 bilhões, dos quais R$ 7,2 bilhões serão destinados à aquisição de 28 unidades para a FAB. Os recursos alocados e liberados para o programa este ano, segundo a Aeronáutica, ficaram abaixo do previsto o que provocou uma readequação do cronograma de pagamentos.
Conforme relatou no balanço, a participação do setor de defesa e segurança caiu de 27,9% para 14,1%. Segundo a empresa, essa queda gerou uma revisão da base de custo em determinados contratos do segmento, tendo um efeito cambial negativo de US$ 30 milhões no terceiro trimestre do ano.
Nas projeções financeiras, a companhia indica que deve encerrar o ano com receita entre US$ 5,8 bilhões e US$ 6,3 bilhões.
FONTE: Valor Econômico