O Presidente de Portugal anunciou, durante visita oficial em Nova Deli, que a Índia poderá juntar-se ao contrato de produção de aeronaves KC-390 e disse que empresários indianos lhe transmitiram vontade de investir em Portugal.
O chefe de Estado, que se encontra em visita de Estado à Índia, falava no Museu Nacional, em Nova Deli, após ter tido um encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que considerou ter sido “muitíssimo positivo” e “muito útil”, com a assinatura de “vários acordos”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, na agenda deste encontro estavam “objetivos muito concretos, objetivos em termos econômicos, e aí significando a abertura do mercado da Índia para empresas portuguesas, sobretudo de infraestruturas, construção, tecnologia mais avançada, telecomunicações, águas”.
“Depois, também colaboração, cooperação no domínio da Defesa, porventura no domínio concreto, a três, com o Brasil, no caso, de um contrato já celebrado para o fornecimento do KC-390, e da eventual junção da Índia em termos de produção naquilo que é um encontro entre Portugal e o Brasil”, acrescentou.
Relativamente ao setor das águas, afirmou que se espera “que o acordo de Goa se multiplique por vários outros pontos do país”, adiantou, referindo-se ao contrato que será assinado no sábado, na sua presença, entre o grupo Águas de Portugal e o Departamento de Obras Públicas do estado de Goa.
O Presidente português referiu que “também foi estudada a intervenção em países de língua oficial portuguesa, em que há ligações da Índia já antigas – é o caso de Moçambique, por exemplo”.
Por outro lado, revelou que também teve um “ou outro encontro empresarial, mais discretos” – um deles foi com o grupo industrial Tata – durante o dia de hoje, dos quais disse que “já resultou uma vontade de investir em Portugal”.
Parcerias
O Presidente afirmou que está na Índia para abrir caminho a “avanços concretos” e manifestou-se certo de que durante esta visita os direitos humanos “não deixarão de ser reafirmados pelos dois países”. “Projetos concretos com avanços concretos. É esse o objetivo da visita”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Sua deslocação à Índia enquadra-se “numa fase mais executiva” das relações bilaterais, “mais virada para o concreto, para a cooperação econômica e financeira, para a cooperação científica e tecnológica”.
“Questionado sobre a linha nacionalista hindu do Partido do Povo Indiano (BJP), a que pertencem o primeiro-ministro Narendra Modi e o Presidente da Índia, Ram Nath Kovind, e a contestação que tem gerado, o chefe de Estado começou por responder: “Eu normalmente não comento problemas da política interna dos países que visito”.
“Mas no plano das relações multilaterais nós temos conjugado esforços permanentemente, a nível governamental, como a nível de chefias de Estado, para prosseguir certas perspetivas que são comuns, como seja o multilateralismo, como seja a defesa dos direitos humanos, como seja a consagração do direito internacional, como seja a afirmação do primado da dignidade das pessoas”, considerou.
“Índia e Portugal, temos estado juntos na afirmação desses princípios, que não deixarão de ser reafirmados pelos dois países durante esta visita”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que “esta visita de Estado à Índia representa uma terceira fase no relacionamento entre os dois países no quadro das duas democracias”, com “objetivos muito concretos”, no seguimento das visitas recíprocas dos primeiros-ministros António Costa e Narendra Modi desde 2017.
“São objetivos muito focados na presença da Índia em Portugal, na economia, na sociedade e na cultura portuguesas, e na presença de Portugal também aqui na economia, na sociedade e no mundo cultural da Índia. Nesse sentido, penso que há passos que foram sendo dados nos últimos quatro anos que poderão conhecer nesta visita uma continuação, e que prosseguirá até à presidência portuguesa da União Europeia [no primeiro semestre de 2021]”, adiantou.
Em vésperas desta visita, entrevistado por um canal de televisão público indiano, o Presidente da República qualificou como “estrategicamente muito importante” para a União Europeia um acordo de comércio livre com a Índia, que está em negociação, e prometeu que Portugal lutará por isso.
Ao mesmo tempo, defendeu que Portugal e Índia devem celebrar “um acordo bilateral para o investimento”.
De acordo com o chefe de Estado, “vê-se um interesse muito grande inclusive de líderes máximos de grandes grupos empresariais indianos em falarem com o Presidente português”.
Pela sua parte, mostrou-se empenhado em “encontrar o maior número de empresários na Índia” e em colocar “em contato o maior número de empresários portugueses com esses empresários indianos”.
FONTE: Mundo Lusíada