Depois se tornarem os dois primeiros pilotos brasileiros de caças Gripen, os Capitães Gustavo Pascotto e Ramón Fórneas, da Força Aérea Brasileira, voltaram à Suécia para um treinamento avançado: a liderança de esquadrilhas em situações de combate aéreo. Entre os dias 31 de outubro e 3 de novembro eles estiveram no Centro de Combate Aéreo Simulado (FLSC – Flygvapnets Luftstridssimuleringscentrum), em Estocolmo, na Suécia, para participar do Gripen Tactical Leadership Training.
Realizado anualmente, o treinamento em simuladores reúne pilotos de aeronaves Gripen. Desta vez, além dos brasileiros, participaram militares do Tailândia, República Tcheca, Hungria e Suécia.
Oito pilotos “voavam” ao mesmo tempo a cada missão em oito posições de comando em um simulador tático. Os militares treinaram a atuação em voos de pacote, quando o piloto fica em meio a cerca de 30 aviões, incluindo aeronaves de ataque, defesa e de alarme antecipado em voo.
O foco do treinamento neste ano do Gripen Tactical Leadership Trainning, do qual participaram os dois pilotos da Força Aérea Brasileira, foi a liderança tática a partir de cenários além do combate visual (BVR, do inglês Beyond Visual Range).
“Foi muito interessante a interação entre os pilotos de diferentes nacionalidades. Todos falando a mesma linguagem”, relata o Capitão Gustavo Pascotto.
Em seis das 16 missões cumpridas, os aviadores da Força Aérea Brasileira atuaram como líderes. “Foi possível observar que temos um bom nível de combate BVR, mesmo ainda não operando o Gripen. Foi interessante ver que a FAB tem maturidade nesse aspecto”, avalia o Capitão Gustavo.
O grau de realismo do simulador, com performances de armamentos e de aeronaves muito precisas, e de complexidade das situações chamou atenção dos pilotos brasileiros. O combate simulado promoveu o enfrentamento de ameaças geradas por inteligência artificial em cenários complexos, incluindo situações de deterioração de radares, falhas e interferências de comunicação. Aspectos que não podem ser treinados em voos reais por oferecerem riscos à segurança de voo. “Vivenciamos praticamente tudo sobre liderança tática BVR”, revela o Capitão Ramón Fórneas.
Esta foi a primeira vez que o Brasil participou do treinamento promovido anualmente pelo Grupo de Usuários de Gripen, mantido pelas forças aéreas dos países que operam a aeronave. A cada dois anos, os países integrantes do grupo sediam, em formato de rodízio, exercícios com voos reais. O objetivo dos organizadores é promover a troca de experiência entre os operadores para explorar os recursos da aeronave em diferentes realidades e hipóteses de emprego.
Combate BVR – A FAB introduziu a doutrina de combate BVR a partir de 2005 com o recebimento dos caças Mirage 2000 e dos F-5 modernizados. Desde então, enviou pilotos para intercâmbios e participou de exercícios internacionais como Salitre (Chile), Red Flag (EUA), Cruzex e USABRA (ambos promovidos pelo Brasil). Foram oportunidades de melhorar doutrina e tática na área, hoje treinadas diariamente nos Esquadrões de caça. “Isso foi proporcionando experiência para aperfeiçoar nossos processos”, avalia o Capitão Fórneas
A partir de 2013, a FAB também passou a enviar pilotos de caça para a Suécia para treinarem no simulador BVR. A diferença, dessa vez, foi a participação ao lado de pilotos de países operadores de Gripen.