Por Juliano Basile
“Quando se trata do que o Brasil pode oferecer para a Suécia, estamos abertos a negociações”, disse o vice-ministro de Defesa da Suécia, Carl Von der Esch, ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. Segundo ele, qualquer ampliação da parceria será benéfica para os dois países.
A venda ao Brasil da nova geração dos Gripen, fabricados pela Saab, também deverá tornar o país uma plataforma de comercialização dos caças para países nos quais o Brasil tem mais influência do que os suecos, na África e na América Latina.
Atualmente, o Gripen e utilizado por África do Sul, Tailândia, Hungria e República Tcheca. A Eslováquia pretende integrar o sistema de defesa aéreo com os tchecos e deve ser a próxima nação a adquiri-lo. Há negociações para que o caça seja comprado pela Índia, em quantidade ainda maior do que o Brasil – cerca de cem aparelhos.
A compra pelo Brasil de 36 caças Gripen NG, um negócio de US$ 4,5 bilhões, foi anunciada em dezembro de 2013, após disputa de vários anos com os modelos Rafale, da francesa Dassault, e F-18, da americana Boeing.
O vice-ministro sueco assinou, em Brasília, um memorando de entendimento e cooperação no campo aeronáutico militar com o Ministério da Defesa, que prevê troca de informações técnicas, operacionais e suporte no grupo de usuários da família de aeronaves Gripen, além de acesso a campos de instalação, treinamento e especialização de pilotos. Em julho, foi firmado memorando entre a Saab e a Embraer, que será a gestora conjunta do desenvolvimento dos caças no Brasil, o projeto FX-2.
A expectativa é que o contrato para a fabricação dos caças Gripen NG no Brasil seja assinado até o fim deste ano. Alguns detalhes ainda precisam ser definidos, como a forma de pagamento e de entrega dos caças. O Brasil pode receber dez modelos atuais antes de iniciar a fabricação dos novos.
Outra possibilidade em aberto é a aquisição de jatos da Embraer pela Suécia no futuro, como o Supertucano e o KC-390. No momento, essa compra não está em discussão, pois o foco é concluir as tratativas para a aquisição dos Gripen NG, mas, no futuro, pode entrar na mesa de negociações. A tendência é que o Brasil comece a efetuar os pagamentos em parcelas a partir do recebimento dos caças.
“Essa parceria nos dá a oportunidade de desenvolver uma nova geração de Gripen e acreditamos que os dois países serão beneficiados”, disse Esch. O vice-ministro sueco não entrou em detalhes a respeito da forma de pagamento, alegando que “essa é uma negociação entre a Saab e o Brasil”, mas afirmou que o projeto pode render novas parcerias. ” É um projeto muito grande. É importante para as exportações e para aprofundar as relações entre os dois países.”
O acordo também é visto como oportunidade para ampliar a presença do capital brasileiro na Suécia em outros setores da economia. Há mais de 200 empresas suecas no Brasil, como Volvo, Scania, Stora Enso e Ericsson, empregando mais de 50 mil pessoas, mas, em contrapartida, há poucas companhias brasileiras na Suécia.
“Acreditamos que o acordo pode servir como uma plataforma para vários setores”, afirmou o embaixador da Suécia no Brasil, Per-Arne Hjelmborn “Trabalhando conosco o Brasil pode desenvolver inovações em várias áreas, em vários setores da economia e nós podemos dizer que qualquer expansão do acordo será benéfica.”
FONTE: Valor Econômico