Para especialistas, indústria bélica deve acompanhar papel do Brasil no mundo

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Os investimentos da indústria de defesa no Brasil devem ser compatíveis com seu peso regional e internacional, um cenário que deve oferecer garantias para o desenvolvimento do setor bélico, advertiram nesta quinta-feira especialistas reunidos em São Paulo para um debate sobre o tema.

“A importância do país no mundo é incompatível com sua atual capacidade de defesa. O investimento em defesa é uma alternativa econômica para o Brasil”, disse o diretor do Departamento de Defesa (Comdefesa) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Jairo Cândido, durante o 50º Fórum de Debates Brasilianas.org: a indústria da defesa e o caso Gripen.

A falta de garantias para captar recursos para o setor e os constantes cortes no orçamento público são problemas que impediram a efetivação da chamada Estratégia Nacional de Defesa (END) proposta pelo governo, afirmaram os participantes do fórum.

“A END só tem um caminho: o monitoramento e o controle do seu território. Mas, para isso, o país precisa da reorganização constante das Forças Armadas (FAB), da reestruturação da indústria de defesa e da composição de efetivos da FAB”, opinou Cândido.

As diretrizes que formam a END foram instituídas por um decreto de 2008 e, desde então, há um enfoque especial no “trinômio” de setores estratégicos: cibernético, espacial e nuclear.

Para Cândido, o setor espacial, por exemplo, é um dos que mais deixa a desejar, pois nada é feito para promover as pesquisas científicas e os investimentos em tecnologia de ponta.

Apesar de a visão estratégica evidenciar uma “evolução significativa” das novas políticas de defesa, Cândido argumentou que essa área ainda representa um “atraso” quando comparada internacionalmente.

“O Brasil gasta pouco em defesa com relação a seu PIB (Produto Interno Bruto), aproximadamente um 1,5%”, destacou o diretor da Comdefesa.

Já o especialista em segurança internacional Gunther Rudzit considerou que a política estratégica de 2008 “buscou acomodar os interesses das três forças – Aeronáutica, Marinha e Exército -, mas como articular tudo isso é o grande desafio”.

“Falta um projeto único para as três forças e um comando de controle eficiente”, avaliou Rudzit.

Apesar das críticas, os especialistas reconheceram que houve um aumento dos investimentos nos setores militares, conforme foi apontado pelo Panorama sobre Investimentos nos Setores Militares, divulgado em 2013 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O relatório indicou que entre 2003 e 2012 os investimentos do setor aumentaram 568%, até R$ 10,1 bilhões (US$ 4,4 bilhões).

De acordo com estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), as exportações do setor para 2014 devem chegar a US$ 2,8 bilhões.

Em 2013, o Brasil concluiu a compra de 36 caças Gripen NG, da fabricante sueca Saab, que superou as ofertas da francesa Dassault e da americana Boeing, pelo valor US$ 4,5 bilhões, depois de 12 anos de indecisão sobre o tema.

Para Rudzit, a compra dos aviões suecos não é parte das prioridades do END por ter atendido a “interesses diplomáticos e políticos”.

O 50º Fórum de Debates Brasilianas.org faz parte de uma série de seminários que discutem temas que interferem no desenvolvimento econômico, político e social do país e o próximo acontece no dia 25 de setembro.

FONTE: EFE – Isadora Camargo

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