Quais são as tecnologias mais promissoras para os futuros produtos da indústria aeronáutica? Qual poderá ser o papel do Brasil na regulação de veículos aéreos e da aviação autônoma na mobilidade urbana? Que estratégias o Brasil deve adotar para formar, manter e repatriar os melhores profissionais para o ecossistema aeroespacial brasileiro?
Estas e outras questões foram discutidas em São José dos Campos (SP) em um painel promovido pela AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil) sob o mote “Aviação do futuro: desafios e oportunidades nas áreas de tecnologia, regulação e retenção de talentos”.
O evento, realizado na última sexta-feira (10), reuniu especialistas e autoridades do setor, além de líderes da indústria.
O painel contou com a participação de cinco debatedores: o presidente da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), Tiago Pereira, que participou por videoconferência; Larissa Querino, especialista em indústria de Defesa, representando a diretora de Sustentabilidade da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), Perpétua Almeida; a vice-reitora do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Profª. Drª. Emília Villani; o secretário-substituto da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), Osório Coelho; e o diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Embraer, Maurílio Albanese, representando a AIAB.
A mediação ficou a cargo do vice-presidente da associação, José Serrador Neto, VP de Relações Institucionais da Embraer.
Aviação do Futuro
O painel abordou temas cruciais para o futuro da aviação, incluindo as tecnologias mais promissoras para o setor, as demandas de governança social, ambiental e corporativa e as principais estratégias para o contínuo fortalecimento da indústria aeronáutica brasileira, dentre outras.
Os participantes enfatizaram a importância da colaboração entre governo, universidades e indústria para superar os desafios (atuais e futuros) e potencializar as oportunidades de crescimento sustentável. A discussão também destacou a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como a formação de profissionais qualificados para impulsionar a inovação, considerada pedra angular para a competitividade de produtos da indústria aeronáutica brasileira no cenário global.
Ao final do painel, líderes da indústria aeroespacial tiveram a oportunidade de fazer perguntas aos painelistas.
“A AIAB está comprometida em contribuir na pavimentação do caminho para uma aviação cada vez mais sustentável, inovadora e competitiva. O Brasil possui o grande trunfo de estar na vanguarda no segmento de veículos aéreos para mobilidade urbana. Instituições brasileiras definirão caminhos e padrões que serão seguidos por outros países, o que pode representar uma expressiva vantagem competitiva para o país”, afirmou o presidente da associação, Julio Shidara.
“Estamos gratos pela participação de todos e confiantes de que as ideias compartilhadas hoje contribuirão significativamente para o avanço da indústria aeroespacial no Brasil”, destacou Serrador, moderador do debate.
Desafios e oportunidades
Tiago Pereira, presidente da ANAC, abriu os debates destacando os desafios que deverão se impor nos próximos anos com a transição para um modelo baseado em combustíveis sustentáveis. Segundo ele, será uma mudança significativa, mas que oferece enormes oportunidades.
“O mercado de aviação é globalizado por natureza. Por causa disso, criamos uma indústria voltada para a exportação. Isso permitiu que ela se tornasse mais eficiente e conseguisse competir com os principais players do mundo”, disse.
Osório Coelho, do MCTI, ressaltou os recentes investimentos em programas de fomento à pesquisa e à inovação tecnológica – por meio da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos).
“Ainda é pouco se compararmos com outros países, mas foi uma importante vitória”, afirmou. “Precisamos revitalizar o sistema brasileiro de inovação, e esses investimentos terão papel importante.”
Emília Villani, vice-reitora do ITA, destacou a importância da integração entre universidades, indústrias e governo. “Isso é essencial. Nós formamos excelentes engenheiros, que são muito disputados. Precisamos mantê-los aqui no Brasil.”
Letícia Querino, da ABDI, lembrou que o Brasil ainda tem necessidades básicas e, com isso, os investimentos em pesquisa e inovação acabam não tendo a prioridade que deveriam. Mas destacou esforços como o programa Nova Indústria Brasil, do governo federal, que prevê um conjunto de ações de estímulo e fomento para o setor produtivo, com destaque para o setor aeroespacial.
“Esse tipo de ação é fundamental. Sem uma política industrial clara, a gente não sabe para onde ir. É preciso estudar cada segmento, cada setor, para fortalecer as cadeias produtivas mais pujantes”, disse.
Maurílio Albanese, da Embraer, abordou temas como a aviação autônoma e propulsão elétrica, tendências para os próximos anos no setor de aviação.
“Estamos entrando na Terceira Era da Aviação com os combustíveis sustentáveis. É um enorme desafio”, destacou. “Diante deste cenário, temos um verdadeiro playground para os nossos engenheiros, que sempre se destacaram pela criatividade.”
FONTE: Rossi Comunicação