O número de aeronaves particulares deve triplicar durante o Mundial. Apesar do crescimento, elas disputam o espaço aéreo brasileiro com os aviões comerciais e enfrentam más condições de infraestrutura para operar
Como a aviação regular tem prioridade nos grandes aeroportos, o receio é que os jatos executivos tenham de disputar espaço aéreo e infraestrutura. “Não temos pátio para parar essas aeronaves”, diz Arantes Costa. “O período poderia ser lucrativo, mas, como o governo não criou políticas específicas para esse segmento, as empresas estão preocupadas com as dificuldades operacionais que terão de enfrentar.” Outro problema que coloca à prova o investimento do setor privado é o cenário de restrições operacionais. A exemplo do que ocorreu em outros grandes eventos de 2013, as companhias temem enfrentar mais uma vez limitações no espaço aéreo. Para fazer uma viagem de uma cidade-sede a outra, por exemplo, é preciso uma autorização prévia, o que faz o setor operar sem dinamismo. Além disso, como haverá um fluxo intenso de aeronaves, o espaço aéreo ficará indisponível para todos os jatos.
Há, entretanto, algumas empresas que estão se preparando para abrigar aeronaves e oferecer o serviço aos executivos brasileiros. Um delas é a Líder Aviação, que estima um crescimento de 100% para o mês da Copa do Mundo. “O fretamento será um serviço muito utilizado em função da mobilidade necessária para se locomover entre as cidades-sede”, afirma Heron Nobre, diretor de fretamento e gerenciamento de aeronaves. Nos últimos cinco anos, a Líder revitalizou cerca de dez aeronaves e para o Mundial contará com uma frota de 40 jatos. “A maior parte já está reservada para clientes, cerca de 50% estão contratadas para voos full time e a outra será destinada a voos por trechos”, diz Nobre. Com 24 bases aéreas em todo o território nacional, a empresa fechou uma parceria, em abril, com a Net-Jet, companhia americana especializada em compartilhamento de aeronaves de luxo. Além disso, estão sendo investidos R$ 10 milhões na construção de um hangar na cidade de Itanhaém, litoral de São Paulo, previsto para ser inaugurado em maio.
Para se ter ideia do boom de crescimento que o setor pode experimentar nos próximos meses, basta observar que, há três anos, na Copa da África do Sul, menos de 8% dos visitantes optaram por voos privados. Porém, de acordo com a United Aviation Services, companhia de aviação executiva de Dubai, neste ano o índice subirá para 11%. Outra empresa que se prepara para o Mundial é a Premier. “Fechamos duas novas parcerias em Minas Gerais e em Recife para aumentar a capacidade de atendimento e deixar as aeronaves mais bem posicionadas geograficamente”, afirma David Worcman, diretor-comercial. Segundo ele, além da falta de infraestrutura para atender à demanda crescente, o setor enfrenta o problema das aeronaves não regulamentadas que também disputam o espaço aéreo brasileiro. “Hoje há um alto número de jatos executivos piratas, que operam sem licença e sem condições de segurança.” Segundo Worcman, os empresários do setor de táxis aéreos precisam adotar algumas estratégias para evitar um período conturbado pela frente como, por exemplo, investir também na formação de tripulantes e na construção de espaços próprios. “Em Congonhas, por exemplo, apenas cerca de 15 mil metros quadrados são dedicados à aviação executiva”, diz. A Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República afirmou que não será necessário construir um terminal específico para o segmento de voos executivos, uma vez que existem hoje 2.970 vagas para esses jatos. Por fim, o órgão confirmou que este ano também haverá restrições de horários para a aviação executiva em nove cidades “por questões de segurança”.
FONTE: IstoÉ