Novos caças da FAB terão telas feitas no Rio Grande do Sul

Empresa com sede em Porto Alegre deve ser a fornecedora de tela que ficará no painel de controle das aeronaves

Um nome familiar aos gaúchos frequenta as apresentações formais da sueca Saab sobre os parceiros brasileiros que vão ajudar a tirar do chão a entrega de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) a partir de 2018.

A AEL, empresa com sede em Porto Alegre que pertence à israelense Elbit deve ser a fornecedora de um dos grandes diferenciais das aeronaves que vão atuar no Brasil em relação as 60 semelhantes encomendadas pela força aérea da Suécia: uma grande tela única que ficará no painel de controle vai concentrar todas as informações em lugar das três telas separadas que são consideradas “tradicionais” pelos pilotos.

Conforme Jan Germunsson, vice-presidente de Parcerias Industriais da Saab, o acordo que culminou com a decisão de transferir tecnologia para o Brasil foi “um longo caminho”. Quem teve a palavra final sobre qual empresa deveria receber essa transferência, assegurou, foi a própria Saab.

O executivo assegurou que há total disposição de cumprir o compromisso, visto com certo ceticismo no Brasil, e justifica não como exigência contratual, mas como estratégia de negócios. Segundo Germunsson, quando um programa e sua relativa compensação são entregues, o cliente pode mudar para novos mercados. Seria o caso da Saab caso a escolha da empresa sueca como fornecedora das aeronaves para FAB não passasse pela construção dessas parcerias.

Para cumprir esse objetivo, a Saab vai formar uma joint venture com a Inbra Aerospace para constituir a São Bernardo Tecnologias Aeronáuticas, em São Bernardo do Campo (SP). Também participam de parcerias a Embraer, que fará a montagem final das aeronaves em Gavião Peixoto (SP), e outras quatro empresas, entre as quais a Mectron, da Odebrecht, que vai integrar o armamento dos caças.

Conforme Andrew Wilkinson, chefe do projeto Gripen Brazil, que esteve em Porto Alegre conversando com os executivos israelenses e brasileiros da AEL, houve uma espécie de concorrência entre algumas candidatas, entre as quais uma empresa de renome mundial” para definir qual seria a escolhida.

— Os engenheiros da Saab ficaram muito bem impressionados com o que viram na AEL — relatou.

Como o contrato com a FAB acabou de ser assinado, no dia 24 de outubro, a previsão da Saab é que os acordos com cada uma das empresas que receberá transferência de tecnologia sueca só devem ser completados até meados de 2015.

O que cada um deve fazer:

EMBRAER

– Integra a organização do Programa Conjunto de Gerenciamento durante o programa
– Recebimento de ampla transferência de tecnologia relacionada ao caça Gripen NG
– Cooperação com a Saab em pacotes de trabalho de desenvolvimento dedicado relacionados ao programa
– Montagem final da aeronave no Brasil
– Realização de ensaios em voo e verificações
– Participação em estudos de capacidades futuras com a Saab e o DCTA AEL
– Recebimento de transferência de tecnologia relacionada ao HMI e à aviônica (componentes eletrônicos da aeronave) do Gripen NG
– Desenvolvimento, produção e entrega do WAD (WideArea Display), HUD (Head-up Display), HMD (Helmet Mounted Display) CLS (Suporte Logístico da Contratada) para aviônica e EW (Guerra Eletrônica) Mectron
– Recebimento de transferência de tecnologia relacionada à integração de armas do Gripen NG
– Integração e entrega de sistemas de armas da aeronave
– Integração e entrega de sistemas de rádio para Data Links
– Manutenção de radares Atech Recebimento de transferência de tecnologia relacionada aos sistemas de suporte e treinamento do Gripen NG
– Adaptação e entrega de sistemas de suporte e treinamento

AKAER

– Recebimento de transferência de tecnologia relacionada ao projeto e à industrialização da estrutura do Gripen NG
– Projeto e análise de tensão de unidades estruturais
– Industrialização de unidades estruturais

INBRA AEROSPACE

– Exerce papel central no estabelecimento da SBTA
– Recebimento de transferência de tecnologia relacionada à produção de estruturas do Gripen NG
– Produção das principais unidades estruturais

DCTA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AEROESPACIAL (AERONÁUTICA)

– Recebimento de transferência de tecnologia relacionada ao levantamento de requisitos e ao projeto conceitual da aeronave
– Cooperação com a Saab e a Embraer em estudos de capacidades futuras

FONTE: ZH por por Marta Sfredo

Sair da versão mobile