Marinha envia um helicóptero Seahawk para auxiliar nas buscas em Capitólio-MG

Por Guilherme Wiltgen

A Marinha do Brasil, por intermédio do Comando do 1º Distrito Naval, coordenou com o Comando de Operações Navais e o Comando da Força Aeronaval, o envio de uma aeronave para auxiliar nas buscas em decorrência do acidente deste sábado (08) em um cânion no lago de Furnas, em Capitólio (MG).

O 1º Distrito Naval (1º DN), localizado no Rio de Janeiro, é o Comando Naval da área onde ocorreu o acidente e tem sob a sua subordinação a Capitania Fluvial de Minas Gerais (CFMG) e a Delegacia Fluvial de Furnas (DelFurnas), que prestaram socorro de imediato às vitimas. O helicóptero SH-16 Seahawk N-3035, que se juntou aos esforços de buscas, também está sob o controle operacional do 1º DN.

Operação de Guerra

Tão logo as notícias sobre o acidente tomou o noticiário nacional, uma complexa operação se iniciou na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), localizada na Região dos Lagos (RJ), para disponibilizar uma aeronave para atender a ocorrência em Minas Gerais no menor tempo possível.

“No processo para enviar uma aeronave ontem, a meteorologia foi um fator determinante. Ao analisarmos a rota, verificamos quadrículas com relevo superior a 5.000 pés. Além disso, a nebulosidade e a baixa visibilidade, menor que uma milha em alguns trechos, indicaram a necessidade de empregar uma aeronave maior, que fizesse o voo por instrumentos, a cerca de 10.000 pés”, explicou o Contra Almirante José Vicente de Alvarenga Filho, Comandante da Força Aeronaval, ao Defesa Aérea & Naval.

“Propusemos então empregar um helicóptero SH-16 Seahawk. O N-3035, que estava disponível na BAeNSPA, possui capacidade de voo por instrumentos (IFR) e boa autonomia”, disse o CAlte Alvarenga. A proposta foi enviada e aceita pelo Comando de Operações Navais, pois verificou-se a importância de chegar rápido ao local para apoiar as buscas, o que talvez não fosse possível com uma aeronave de menor porte.

“Para os militares da Força Aeronaval, é sempre muito motivador poder atuar na vertente da autoridade marítima, nesse caso, em Busca e Salvamento (SAR) nas nossas águas interiores”, concluiu o Comandante da Força Aeronaval.

O SH-16 Seahawk

O SH-16 (Sikorsky S-70B Seahawk) conta com avanços tecnológicos e poder de combate que o torna o helicóptero naval mais bem equipado da América do Sul. Ele pode ser empregado a partir da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), localizada no litoral norte do estado do Rio de Janeiro, em Destacamento Aéreo Naval (DAN) a partir de qualquer outra base em terra  ou embarcado no Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) Atlântico (A 140), no Navio Doca Multipropósito (NDM) Bahia (G 40) e, futuramente, nos novos Escoltas.

Sua missão primária é a Guerra Antissubmarino (ASW), podendo ser empregado em missões secundárias de Busca e Salvamento (SAR) em longas distâncias sobre o mar, devido a sua grande autonomia e sensores no “estado da arte”.

O helicóptero é equipado com guincho elétrico e com o sensor passivo EOSS (Eletro-Optical Sensor System) AN/AAS-44 da Raytheon, um imageador térmico (FLIR) que combina Day TV e telemetria a laser (Laser Range Finder ou Laser Target Designator) para identificação visual de alvos ou para auxiliar nas  missões de Busca e Salvamento. Ele está posicionado no nariz da aeronave e tem a sua imagem gerada nos MFD disponíveis no painel da aeronave, sendo operado pelo 2P através de um joystick no console central.

Operado pelo 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (HS-1), suas tripulações possuem larga experiência em missões de Busca e Salvamento, tendo sido agraciada em 2016 com o prêmio “Kossler”, pela American Helicopter Society International (AHS International).

O prêmio USCG – Captain William J. Kossler é dado para a maior realização na aplicação prática ou operação de aeronaves de voo vertical, cujo valor tenha sido demonstrado em serviço real. O prêmio foi concedido pela a realização do resgate noturno da tripulação do navio de pesca “Beira Mar XXV”, realizada em agosto de 2016,  a cerca de 150 km (82 MN) ao sul de Cabo Frio.

Durante um dos voos SAR, um objeto flutuando foi avistado pelo 2P (copiloto) com a utilização do EOSS, confirmando que era o casco adernado do pesqueiro. Também foi localizado um bote com os três sobreviventes que se encontravam à deriva por mais de 36 horas sem comida, sem água e sem meios de comunicação. O Seahawk realizou o resgate dos náufragos com sucesso, sendo transportados conscientes para a Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia, onde receberam os suportes médicos necessários.

 

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