Por Guilherme Wiltgen
A Marinha do Brasil confirmou a aquisição da Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) ScanEagle da Insitu – Boeing. O anúncio foi feito pelo Comandante da Marinha, AE Ilques Barbosa Junior, durante o vídeo de mensagem de final de ano da Força Naval Brasileira.
Programa ARP-E
Determinado pelo Plano de Articulação e de Equipamento da Marinha do Brasil (PAEMB), e sob a responsabilidade da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) para a realização das avaliações dos concorrentes, o programa previa a aquisição de um ARP com características de lançamento e recolhimento a partir de navios para realizar patrulha naval, coleta de dados táticos, esclarecimento aéreo, identificação, posicionamento, acompanhamento, dimensionamento de forças inimigas e designação de alvos.
A Marinha do Brasil previa a aquisição de 5 sistemas, onde cada sistema seria composto por dois veículos aéreos, uma estação de controle, sensores modulares diversos, sendo normalmente um para cada tipo de missão (payloads), um terminal de enlace de dados, equipamentos de comunicações e seus subsistemas de controle, lançamento e recuperação.
O ScanEagle
O ScanEagle é um ARP produzido pela Insitu, uma subsidiária da Boeing, para fornecer inteligência, vigilância e reconhecimento de forma contínua dia e noite. Ele é lançado através de uma catapulta pneumática Compact Mark 4 e recolhido pelo sistema SkyHook,onde o ScanEagle é recuperado através de um dispositivo na ponta de suas asas sem a necessidade de se utilizar redes.
Ele possui uma câmera eletro-óptica ou uma câmera infra-vermelha em uma torre giroestabilizada, existindo ainda a versão com uma câmera Dual, não havendo necessidade de reconfiguração.
O motor é extremamente silencioso e capaz de operar com os combustíveis JP-5 ou C-10. Possui autonomia de até 24 horas ininterruptos de voo, com alcance de 100 km a partir do centro de controle.
Características
• Autonomia máxima: 24 horas
• Combustível: JP-5 ou C-10
• Capacidade do tanque: 7 litros
• Teto operacional: até 19 mil pés
• Velocidade máxima: 80 nós
• Velocidade de cruzeiro: 60 nós
• Navegação: GPS autônomo
• Envergadura: 3,11 m
• Comprimento: 1,71 m
• Peso vazio: 14 kg com câmera eletro-óptica ( 18 kg com câmera infra-vermelha)
• Peso máximo de decolagem: 22 kg
1° Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas de Patrulha e Vigilância Marítima (QP-1)
No dia 31 de maio desse ano, foi ativado o Grupo Executivo de Aeronaves Remotamente Pilotadas (GEARP), no interior do hangar do 1° Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1).
O GEARP foi composto por 6 militares, sendo 2 oficiais superiores e 4 praças, um de cada especialidade da aviação, que se dedicará ao estudo e emprego de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) na Marinha do Brasil.
A Harpia, uma das maiores aves de rapina do mundo, encontrada no Brasil na região da Amazônia e Mata Atlântica, foi escolhida para representar o futuro 1° Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas de Patrulha e Vigilância Marítima (QP-1).
DAerM visita o 700X NAS da Royal Navy
Também nessa semana, a Marinha do Brasil divulgou a visita realizada pelo Diretor de Aeronáutica da Marinha, CA Alexandre Cursino de Oliveira, e o Chefe do Departamento de Gestão do Ciclo de Vida e Apoio Logístico Integrado, Capitão de Mar e Guerra Gilberto Roque Carneiro Junior, ao 700X NAS, localizado na RNAS Culdrose, ocorrida no início do mês de Dezembro.
O 700X é o Esquadrão responsável pela avaliação de veículos não tripulados na Royal Navy, que também emprega o ScanEagle a bordo dos navios britânicos.
A aquisição do Scaneagle pela MB
Após extensos estudos conduzidos pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha, o ScanEagle foi selecionado e aquirido via Foreign Military Sales (FMS).
A MB adquiriu um sistema composto por:
• Seis (6) ScanEagle
• Um (1) lançador
• Uma (1) estação de recolhimento
• Uma (1) unidade de controle no solo (móvel)
• Contrato de CLS (Contractor Logistics Support) por cinco (5) anos.
Dentro do pacote adquirido pela MB, ainda contempla o treinamento dos operadores, pilotos e mecânicos.
Inicialmente, o ScanEagle serão utilizados a bordo dos Navios Patrulha Oceânica da Classe Amazonas e nas Fragatas Classe Niterói, até que se tenha desenvolvido a doutrina de emprego do novo meio e, posteriormente, sendo expandido para outros navios.
O emprego do ScanEagle está voltado ao emprego nos patrulhas e escoltas, podendo a unidade de controle no solo, que é móvel, ser colocada em qalquer navio, em função do uso dos convoos.