A Embraer e a Força Aérea Brasileira (FAB) estão trabalhando para realizar o primeiro voo do jato por volta do dia 28
O presidente da Copac (Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate), responsável por 95% dos projetos de desenvolvimento, aquisição e modernização da Força Aérea Brasileira, brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, disse que a aeronave está na fase de testes de vibração e outros. Os três pilotos que estão no comando dos testes para o primeiro voo, segundo o brigadeiro, são militares da reserva da FAB, que trabalham hoje para a Embraer.
O brigadeiro disse que mesmo com as dificuldades orçamentárias, que impactaram o andamento de vários programas que a Copac mantém, os eventos macros do KC-390 estarão garantidos. “Isso inclui o rollout [apresentação, que já foi feita], o primeiro voo, a certificação da aeronave e a sua entrada em operação, que está sendo aguardada com expectativa pelo mercado internacional”, afirmou.
A Força Aérea Sueca, segundo Crepaldi, tem interesse na aeronave. A frota de C-130 (aeronaves de transporte) usada por eles está chegando ao fim da vida útil. Para os Emirados Árabes, a FAB respondeu um pedido de informações (RFI, da sigla em inglês).
Além da encomenda da FAB, o KC-390 tem 32 cartas de intenção de compra da Argentina, Portugal, República Tcheca e Colômbia. A Embraer projeta um mercado potencial de 700 aeronaves na categoria do KC-390 nos próximos 10 anos. A empresa espera conquistar entre 15% e 20% desse mercado.
Considerado um dos projetos prioritários do governo na área de defesa, o KC-390 foi incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas nem este fato garantiu o repasse dos recursos previstos no orçamento para o projeto durante o primeiro semestre. A Embraer precisou recorrer ao seu caixa para conseguir cumprir o cronograma de desenvolvimento da aeronave. O valor contingenciado neste período chegou a R$ 500 milhões.
As atividades da produção seriada do KC-390 foram iniciadas em maio. A FAB contratou um lote de 28 aeronaves. Para produzir os aviões e também os equipamentos de apoio de solo, logística inicial e treinamento de pilotos e mecânicos, a FAB conseguiu aprovar uma verba de R$ 1,9 bilhão. A entrega do primeiro avião para a FAB é prevista para o fim de 2016.
A modernização dos caças AMX e F-5, pela Embraer, avaliados em R$ 2,1 bilhões, também foi afetada e diminuiu o ritmo do trabalho. De acordo com o presidente da Copac, o cenário fiscal para o ano de 2015 ainda está incerto. “Estamos avaliando a possibilidade de diminuir o número de aeronaves a serem modernizadas. Até agora três, de um total de 43, foram entregues”, revelou.
A Embraer registrou crescimento de 21% nas vendas de jatos este ano em relação a 2013. Para 2015 a fabricante brasileira também mantém uma expectativa de resultados positivos em vendas e estima um incremento da ordem de 15%. Os números foram apresentados ontem pelos executivos da Embraer, durante Encontro Anual de Fornecedores de Subcontratos da Embraer. A fabricante afirmou que o mercado está cada vez mais competitivo, mas que não pretende mexer na margem de lucro das vendas de aeronaves.
FONTE: Valor Econômico por Virgínia Silveira