Por Guilherme Wiltgen, Luiz Padilha e Rubens Barbosa Filho
Histórico do HS-1
O HS-1 foi criado através Decreto nº 55.627 de 26 de janeiro de 1965 que estabeleceu normas para o emprego de meios aéreos para as operações navais, reformulando a Aviação Naval e restringindo o emprego de aviões à Força Aérea Brasileira (FAB), tendo como conseqüência o Aviso nº 0830 (RESERVADO) de 28 de maio de 1965, do Exmo. Sr. Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Paulo Bosísio, que determinou a ativação imediata do 1° Esquadrão de Helicópteros Anti-Submarino (HS-1) e assim, os helicópteros SH-34J do 2° Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação Embarcado (2°/1° GAe) da FAB tiveram sua operação transferida para a Marinha do Brasil, onde receberam a denominação de SH-1 e ficaram carinhosamente conhecidas como “BALEIAS”, iniciando a história do Esquadrão HS-1.
Seus primeiros quarenta dias de vida foram na Base Aérea de Santa Cruz, onde foram ministrados, aos oficiais e praças do Esquadrão HS-1, os conhecimentos mínimos indispensáveis para a operação das novas aeronaves, tendo suas fases de instrução terrestre e aérea realizadas no período de 20 à 22/06/65.
Lá foram recebidas quatro aeronaves SH-34J (N-3004 e N-3006 em 29/06, N-3003 em 28/09 e N-3002 em 14/10/65), em uma cerimônia onde cada oficial do 2°/1° GAe se retirava de formatura, um a um, após o recebimento da função pelo respectivo oficial da MB.
O SH-34J N-3001 foi recebido em 19.05.1966 na recém-concluída Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, assim como o N-3005, que foi recebido ao final do mesmo ano.
O Comandante do Esquadrão e o seu Imediato trouxeram a primeira aeronave (N-3004) recebida pela Marinha do Brasil do Parque de Aeronáutica do Campo de Marte para Santa Cruz, após o seu “overhaul” (período de revisão geral).
Em 07.07.1965 o Esquadrão HS-1 deslocou-se para a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), transportando por via terrestre todo o material que constituía os acessórios das aeronaves para o Depósito Secundário – DepSec (atual Depósito Naval de São Pedro D’Aldeia – DepNavSPA) e para o Departamento de Operações da Base (atual DIACTA), e instalando-se inicialmente no Hangar nº I, o único existente à época, dividindo-o com os Esquadrões HU-1 e HI-1.
Em 1967 passou a ocupar o Hangar nº II e, finalmente, em 14.07.1995 também o Hangar nº III, após a desocupação deste pela 2ª ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação) da FAB que deixava a área de São Pedro da Aldeia, mantendo-se nestes dois hangares até os dias de hoje.
A primeira missão Antissubmarino
Ainda entre os meses de Agosto e Outubro de 1965, se intensificaram os adestramentos operativos, tendo sido apresentada a teoria da Operação ASW; em cursos de apenas uma semana no Centro de Adestramento Almirante Marques Leão (CAAML), de modo que ao final do mesmo ano, na Operação UNITAS VI, deu-se a primeira participação de aeronaves A/S brasileiras baseadas no NAel Minas Gerais (A-11), recém-incorporado à Marinha do Brasil.
O adestramento foi incrementado para a participação da UNITAS VII no ano seguinte, porém devido à situação das aeronaves, não fora concluído a tempo, tendo o HS-1 cumprido apenas tarefa de aeronave-guarda durante essa comissão.
A chegada do Sea King ao Brasil
Em 28.04.1970 foram recebidos os quatro primeiros SH-3D (denominação americana), de numerais N-3007, N-3008, N-3009 e N-3010, trazidos ao Brasil a bordo do porta-aviões norte-americano USS America (CV 66). Essas aeronaves começaram a operar no NAel Minas Gerais (A 11) no mesmo ano. Na sequência foram recebidas as duas últimas aeronaves, a N-3011 e N-3012.
Em 1984, o Esquadrão recebeu quatro novos helicópteros fabricadas sob licença pela empresa italiana AGUSTA, sendo designados SH-3A (N-3013, N-3014, N-3015 e N-3016).
Os quatro helicópteros foram trazidos da Itália a bordo do Navio-Transporte de Tropa (NTTr) Barroso Pereira (G 16). Em 15.01.1987, coube ao mesmo navio a missão de transportar as primeiras aeronaves SH-3D (N-3007, N-3010, N-3011 e N-3012), para serem modernizadas na fábrica da AGUSTA para o padrão “Alfa”, retornando ao Brasil em Maio de 1988.
Em Abril de 1991, foi realizado o primeiro pouso a bordo do NAel Minas Gerais de um SH-3A armado com Míssil Ar-Superfície (MAS) AM-39 EXOCET. No dia 11.11.1992 foi realizado o primeiro lançamento real desse míssil, com a aeronave SH-3A N-3007 (Guerreiro 07) embarcada no NDD Rio de Janeiro (G 31). Para este exercício, foi utilizado o casco do ex-CT Mato Grosso (D 34), tendo o míssil atingido o alvo a uma distância de 20,2MN.
Em 13.05.1996, seis aeroanves SH-3 (N-3017, N-3018, N-3019, N-3029, N-3030, N-3031), equipados com sonares mais modernos, foram adquiridos pela MB junto a US Navy. Recebidos na NAS Pensacola (FL), foram trazidos para o Brasil a bordo do NAel Minas Gerais e receberam a denominação de SH-3B.
No dia 23 de agosto de 2012, durante as comemorações pelos 96 anos de criação da Aviação Naval, marcou a despedida desta lenda da aviação naval mundial do HS-1. Após mais de 40 anos de serviço ativo, foi realizado o último voo do Sea King na MB, pelo SH-3A N-3012 seguido do SH-16 Seahawk N-3035, marcando respectivamente o fim e o início de uma era de “Guerreiros”.
O novo Guerreiro: SH-16 Seahawk
Em 2008, foram adquiridas 4 aeronaves Sikorsky S-70B Seahawk e durante a Paris Air Show 2011, foi anunciada a compra de mais duas aeronaves, previstas para serem recebidas no segundo semestre deste ano.
Sua principal missão é a guerra antissubmarino (ASW) e utiliza o sonar DS 100 HELRAS (Helicopter Long-Range Active Sonar) e torpedos MK.46. Para missões de guerra ar-superfície (ASuW) utiliza o seu radar AN∕APS-143(C)V3 e mísseis AGM 119B Penguin MK2 MOD7, com alcance de cerca de 18MN e guiagem IR.
A cerimônia militar pelos 50 anos
Após a leitura da ordem do dia, foram convidados os CA Matias e Bellido, para descerrarem a placa comemorativa pelos 50 anos do Esquadrão.
Na sequência, o momento mais esperado por todos, quando o VA Iberê (ex-Comte do HS-1), CA Cardoso Gomes (ex-piloto do HS-1 e ex-ComForAerNav) e o CF Marcelo Veloso (atual Comte. do HS-1) revelaram a pintura comemorativa aplicada no N-3033, alusiva aos 50 anos do Guerreiro.
Marcando o fim da cerimônia, e o momento de reconhecer os “Guerreiros” de ontem, foi realizada a tradicional foto dos ex-Comandantes do HS-1. Abrilhantando também a importante data, foi a forte presença das praças que estão na reserva, demonstrando o orgulho destes militares de terem participado destes cinquenta anos.
“Dip Gang, Mark Dip!”
Guerreiros Honorários
Por ocasião dos cinquenta anos do HS-1, os editores do DAN, Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha, foram admitidos na “Ordem dos Guerreiros”, sendo agraciados com o grau de “Guerreiro Honorário”, que é atribuído a militares ou civis que de alguma forma contribuíram decisivamente do engrandecimento do nome do Esquadrão, adquirindo assim o privilégio de ingressar na “Ordem dos Guerreiros”.
Motivo de grande orgulho para os dois, pois não teria data mais apropriada para este reconhecimento pelo trabalho de vários anos, e mesmo durante o “árduo caminho para os astros”, não abandonaram a missão de divulgar as ações dos nossos “Guerreiros”, tendo inclusive o privilégio de acompanhar a transição para os modernos Seahawk e o início de novos tempos para o HS-1.
Precisamos também agradecer aos nossos amigos “Guerreiros”, que ao longo de vários anos partilharam conosco os seus cockpits, nos proporcionando participar um pouco da vida a bordo do nosso Esquadrão HS-1, voando estes incríveis helicópteros caçadores de submarinos. Agradecendo nas pessoas do VA Iberê, CA Cardoso Gomes, CMG Cesar Assad, CMG Rogério Miranda, CMG Claudio Grilli, CMG Otto, CF Marcelo, CF Marcelo Veloso e CF Silva Velho, extensivo à todos os Oficiais e Praças do HS-1, que sempre nos receberam com muita fidalguia.
“AD ASTRA PER ASPERA”
(É ÁRDUO O CAMINHO PARA OS ASTROS)