Por Assis Moreira
As autoridades portuguesas não fizeram qualquer promessa de formal de compra, durante a visita de Temer. Mas a sugestão do vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas, para que o primeiro voo oficial do KC 390 ocorra em junho coincidindo com a cúpula Brasil-Portugal, foi recebida como um indicativo da disposição portuguesa pelos aparelho brasileiro.
Como antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, os Estados Unidos voltaram com força na competição com o Brasil para a venda de seis cargueiros militares para Portugal, num pacote de dezenas de milhões de dólares.
Washington ofereceu ao governo português um pacote financeiro considerado extremamente interessante, que inclui tanto a venda dos seis cargueiros em condicoes vantajosas, como a reforma dos aparelhos Hércules da Força Aérea Portuguesa que estao em má situação e mesmo reforma de base aérea no país.
Já do lado da Embraer, partes e componentes de seu KC 390 são inclusive produzidos em sua unidade industrial de Évora, em Portugal. Com a empresa brasileira trabalham outras 16 companhias portuguesas, o que significa que a encomenda poderia beneficiar tambem a industria portuguesa. Para uma fonte diplomática, se Portugal não escolher o aparelho brasileiro dará “um tiro no pé”, contra sua própria industria também.
O vice-presidente Temer levantou a questão da venda dos seis aparelhos em diferentes encontros com autoridades portuguesas. Para Temer, “é mais do que natural, que se a Embraer está a produzir aviões aqui em Portugal, que Portugal compre aviões da Embraer e espero que isso venha a acontecer”.
Durante sua visita, Temer fez um gesto comercial em direção a Portugal, anunciando praticamente a liberação da entrada de uvas e cítricos portugueses no mercado brasileiro, que estavam suspensas devido a problemas de certificações fitossanitárias.
Passos Coelho, o primeiro-ministro português, recebeu carta da presidente Dilma Rousseff convidando-o para a cúpula no Brasil, em junho. No caso de a Embraer ganhar, uma possibilidade seria o anuncio ocorrer nessa cúpula.
Sobre o interesse de empresas brasileiras na privatização da TAP, Michel Temer disse que “este é um assunto de interesses privados”, mas acrescentou que “o que temos feito no Brasil é incentivar as empresas aéreas brasileiras a interessarem-se por esta privatização, assim fiz com a TAM, assim fiz com a GOL e assim fiz com a Azul e sei que a Avianca também esteve a participar neste encontro (de empresários em Lisboa)”.
FONTE: Valor Econômico