Acrobacias, mas políticas
Por que Hollande se encontraria com Lula na casa do embaixador francês, depois de se reunir oficialmente com Dilma e assinar acordos e declaração conjunta? Não deve ser para tomar chá, até porque chá é coisa de inglês. Mas bem pode ser para falar de caça, já que Lula foi o grande defensor dos Rafale.
As chances do caça francês, porém, parecem bem pequenas. É o mais caro, sua manutenção também é a mais cara, tirou terceiro (e último) lugar no relatório da FAB, nunca teve a simpatia do Comando da Aeronáutica e foi perdendo o seu grande trunfo: o apoio político. Depois de assinar o acordo bilionário dos submarinos e viver aos abraços com o então presidente Nicolas Sarkozy, Lula só teve más notícias de Paris.
Primeiro, Sarkozy tirou o tapete do Brasil e votou contra o acordo do Irã na ONU. Depois, Hollande não apoiou o candidato de Dilma e do Itamaraty na OMC que, além de tudo, foi vitorioso. Entre as duas coisas, os helicópteros franceses das Forças Armadas viraram uma encrenca.
Se o Planalto era pró-Rafale com Lula, passou a ser a favor do americano F-18, da Boeing, com Dilma. Mas o F-18 se chocou em pleno ar com as denúncias de espionagem.
Nessas acrobacias todas, a Aeronáutica voa em círculos, ao sabor das conveniências políticas, e já está lá pelo quarto relatório sobre os caças. O primeiro deu vitória ao Gripen NG, da Saab sueca, o segundo foi enviesado pela Defesa para o Rafale e o terceiro destacou grandes virtudes e as novas ofertas do F-18. Comenta-se agora, no próprio governo, que o Gripen está de novo na parada.
Dilma almoça com militares no dia 18. Última chance em 2013.
FONTE: Folha SP por Eliane Cantanhêde