Por David Cenciotti
Em uma longa entrevista ao jornal português Diário de Notícias publicado em 12 de abril de 2024, o chefe de gabinete da Força Aérea Portuguesa (FAP), o general João Cartaxo Alves, forneceu alguns detalhes interessantes sobre o plano da Força Aérea Portuguesa para substituir o F-16M pelo caça F-35 Lightning II da Lockheed Martin.
O general Cartaxo Alves afirmou que a decisão visa manter-se alinhado com a maioria dos aliados europeus que já começaram a fazer a transição para o F-35, como parte de seus esforços estratégicos.
A atualização significativa sobre a aeronave de 5ª geração ocorreu quando o chefe de gabinete da FAP respondeu a várias perguntas, incluindo algumas sobre o treinamento dos pilotos ucranianos para prepará-los para o F-16:
Pergunta: Algum progresso no processo de ajuda no treinamento dos pilotos ucranianos para os F-16?
Gal. João Cartaxo Alves – Sim. Foi um processo que começou em julho do ano passado. Disponibilizamos imediatamente um piloto instrutor, vários técnicos de manutenção e alguns instrutores de planejamento de missões.
Em novembro do ano passado, dois centros de treinamento foram criados para os pilotos ucranianos. Um na Dinamarca e outro na Holanda. Isso é baseado nos dois países que dariam seus F-16 à Ucrânia. E aqui havia um problema que tinha a ver com a legalidade para decisão semelhante.
Temos instrutores em aviões de outro país treinando um país terceiro. E então foi acordado entre os países por um tempo que os belgas forneceriam aviões e que também fariam o treinamento em seus aviões.
Os noruegueses, os dinamarqueses, usariam seus instrutores nos aviões que esses próprios países forneceriam. E, portanto, o treinamento dos pilotos começou a ser realizado por esses países que eram doadores de aeronaves.
Pergunta: Porque Portugal não é doador de aeronaves.
Gal. João Cartaxo Alves – Não somos doadores de aeronaves F-16. Porque esses países fizeram a transição do F-16 para o F-35, a FAP ainda não. Tínhamos 40 F-16 e treinamos a Romênia, a quem vendemos 12 de nossas aeronaves. Os 28 que temos são os que precisamos para cumprir os compromissos que temos. E não podemos desistir deles até fazermos essa transição para o F-35.
Pergunta: Então, estamos isentos do processo F-16?
Gal. João Cartaxo Alves – Para os pilotos, sim, mas não estamos isentos de treinamento. Treinaremos em outras áreas que também são importantes para essa capacidade. Receberemos controladores aéreos para o F-16 em maio. Vamos treiná-los em Monte Real e na base da OTA
Congratulamo-nos com observadores ucranianos em nossos exercícios que têm a participação de muitas nações da OTAN. Treinaremos os técnicos de infraestrutura, particularmente na capacidade específica da retenção do F-16 e das barreiras de frenagem, para que eles possam realizar a operação.
E também receberemos continuamente, em um processo que começará em maio deste ano até março de 2025, os técnicos de manutenção do F-16 que treinaremos em nossas escolas de treinamento de técnicos militares.
Avaliando o status da frota F-16, O Gal. Cartaxo Alves disse:
Nesse momento, nossos F-16 são os mesmos que a Holanda, Dinamarca, Bélgica e Holanda tem. O que está acontecendo? Obviamente, estamos chegando a um ponto em que eles estão operando na Força Aérea há 30 anos, certo? Vamos seguir o mesmo caminho que outros países?
Temos que substituí-los, porque mesmo que essa decisão seja tomada agora, a primeira aeronave chegará apenas em sete anos. Eles voarão por 40 anos. Obviamente, podemos dizer que temos as condições e estamos em posição de participar também desse esforço, se necessário.
Agora, está claro que existem componentes e equipamentos do F-16 que terão que continuar sendo aprimorados ao longo do tempo. É normal, porque a obsolescência também é contínua, assim como a modernização do equipamento é contínua.
Falando sobre o futuro, o general João Cartaxo Alves disse que a transição para o F-35 é crucial para a FAP. “É algo que está acontecendo, mas não é feito em um dia. Esse processo já começou. Tivemos um workshop aqui com a Lockheed e a Força Aérea dos EUA para também aprender o que é esse salto para a 5ª Geração.”
O chefe da Força Aérea Portuguesa também acrescentou que a transição para uma nova aeronave de combate abrange aproximadamente duas décadas, com uma despesa estimada de 5,5 bilhões de euros alocados para este programa e a primeira aeronave entregue a partir do sétimo ano em diante.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: The Avionist