Proposta do Comando da Aeronáutica é investir em satélites ópticos e de observação da Terra de órbita baixa com lançador apropriado
A necessidade de um novo conceito brasileiro para exploração da área espacial foi um dos assuntos na pauta do encontro do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, com o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (Mctic), Gilberto Kassab.
A reunião, realizada nesta terça feira (25), em Brasília, contou com a participação do Alto Comando da Aeronáutica, do secretário executivo e do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da pasta, além de assessores do MCTIC.
“Começamos [o Programa Espacial Brasileiro] junto à Índia e China e estamos bem atrasados nesse assunto”, afirmou o Comandante. Ele relata que, em recente visita à Índia, pôde constatar a diferença no nível de desenvolvimento entre os dois países nessa área. Entre os principais gargalos está a falta de investimento.
De acordo com o oficial-general, a nação indiana investe cerca de nove bilhões de dólares por ano apenas em desenvolvimento tecnológico. “Em valores absolutos, a Argentina investe dez vezes mais que o Brasil na área espacial”, complementou.
A proposta do Comando da Aeronáutica para o novo modelo brasileiro de exploração espacial é investir em satélites ópticos e de observação da Terra de órbita baixa com lançador apropriado e buscar acordos com países que detêm tecnologia nesse segmento.
O Tenente-Brigadeiro Rossato ressaltou, ainda, a necessidade de fomentar o assunto junto às demais instituições da área espacial. Uma das grandes vantagens desse estreitamento seria o uso compartilhado de imagens geradas por satélites por diversos órgãos ministeriais para o controle das fronteiras.
Um exemplo prático desse tipo de sinergia ocorreu durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, quando o satélite israelense EROS-B (Earth Remote Observation System-B) abasteceu órgãos de inteligência envolvidos nos eventos.
Desenvolvimento tecnológico
O Comandante Rossato também enfatizou a estreita relação entre o Comando da Aeronáutica e o Mctic sob o aspecto de desenvolvimento de tecnologias.
Como exemplo, o oficial-general expôs a transferência de tecnologia, o intercâmbio de profissionais, o potencial de exportação e a geração de empregos de alta tecnologia como alguns dos benefícios para o País a partir dos projetos Gripen NG – o novo avião de caça da FAB – e o cargueiro reabastecedor KC-390.
“São coisas fundamentais para o futuro do Brasil”, enfatizou o Tenente-Brigadeiro Rossato sobre o transbordamento das tecnologias para outros setores econômicos além da defesa. No próximo mês, por exemplo, será inaugurado em Gavião Peixoto (SP) o centro de desenvolvimento do Gripen NG.
Para o ministro Kassab, o Mctic e o Comando da Aeronáutica têm muita convergência. “A Aeronáutica tem o seu desenvolvimento essencialmente baseado na tecnologia. Nossa disposição, portanto, é dar todo apoio onde seja necessário para que ela possa atingir seus objetivos”, avaliou o ministro.
Segundo Kassab, os dois órgãos demonstraram disposição para trabalhar em uma agenda conjunta de prioridades e que, com isso, é mais fácil acertar. “Vamos definir em conjunto as prioridades que ainda não foram definidas”, concluiu.