O objetivo é a coleta de informações para desenvolvimento de projetos futuros
A Força Aérea Brasileira (FAB) debateu o futuro operacional das Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) durante o 1° Seminário Internacional “ARP em Combate”, realizado, nesta quinta-feira (15), em Brasília (DF). Cerca de 120 oficiais das Forças Armadas e integrantes do Ministério da Defesa assistiram a palestras do Estado-Maior da Aeronáutica e de empresas ligadas à aviação que demonstraram, principalmente, os desafios e tendências no emprego dessa aeronave.
A elaboração de regras para a inserção do ARP no espaço aéreo civil e o desenvolvimento de sistemas para tornar a aeronave autônoma e com facilidade na tomada de decisões foram alguns dos temas principais.
O objetivo da FAB, que possui dois tipos de ARPs (o Hermes 900 e o 450), foi coletar informações sobre os pequenos aviões sem tripulantes projetados para integrar, de forma mais intensa, a aviação militar do futuro. De acordo com Comandante da Aeronáutica interino, Tenente-Brigadeiro do Ar Dirceu Tôndolo Noro, o tema possui caráter estratégico e a troca de informações vai abastecer com dados o Estado-Maior da Aeronáutica. “Discussões como essa ajudam no objetivo da FAB, que é garantir a soberania do espaço aéreo nacional”, ressaltou.
Foram discutidos tópicos como operações conjuntas de ARPs, aquisição e operação de armamentos e operações logísticas em aeronaves remotamente pilotadas. Também chegou a ser debatido como serão as operações aéreas da FAB a partir do momento que o Gripen entrar em serviço no País, em 2019.
Palestrante do evento, Jonas Jakobsson, representante da SAAB e ex-piloto de caça da Força Aérea Sueca, destacou que os pontos-chaves da aviação do futuro são os sistemas automatizados e a inteligência artificial. Ele afirmou que o maior desafio é desenvolver sistemas que sejam realmente autônomos para que a aeronave possa pousar, aterrissar, realizar manobras de defesa aérea, empregar armamentos, desviar de obstáculos, entre outras ações.
O palestrante também destacou que alguns sistemas autônomos têm sido desenvolvidos tanto para aeronaves remotamente pilotadas quanto para aeronaves tripuladas. O que garante uma melhor performance de ambas.
“O futuro do combate inclui que as aeronaves consigam manter informações sigilosas, alta velocidade, armas com muita energia e que possam atingir diversas plataformas, além de tecnologia de não detecção”, ressaltou. “Deve haver uma cooperação entre aeronaves tripuladas e não tripuladas”, complementou.
Já sobre a inteligência artificial, o palestrante destacou que são softwares que auxiliam na tomada de decisões. Por exemplo, a inteligência artificial ajudaria na resposta da seguinte pergunta “Qual o melhor alvo para atacar agora?” e “Como desviar dessa ave localizada na frente da aeronave?”.
Outro desafio apresentado no seminário é como inserir os ARPs no espaço aéreo integrado, tanto civil quanto militar. Segundo o palestrante, os ARPs precisam ser capazes de operar no mesmo ambiente civil, o que não acontece, por exemplo, na Europa. “Para isso é preciso discutir normas e tecnologias”, destacou.
Ensino e pesquisa
Organizado pela Universidade da Força Aérea, o seminário teve entre os participantes oficiais-alunos do Curso de Política e Estratégia Aeroespacial (CPEA) e de Comando e Estado-Maior (CCEM). Um deles, o Major Aviador Ricardo Felzcky destacou a importância do evento. “Foi fundamental, pois agrega conhecimento do emprego armado dos ARPs. E essa aeronave é o próximo passo da Força Aérea, é uma tendência do futuro”, finalizou.
FONTE: FAB