Força Aérea Brasileira encerra sua participação na missão de paz da ONU no Haiti. Na bagagem, experiências e sentimento de dever cumprido.
Após quatro anos de atuação, a Infantaria da Aeronáutica encerra um ciclo de participações na Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). O último pelotão de 28 homens retornou ao Brasil no início do mês de junho trazendo na bagagem não só conhecimentos operacionais, mas sobretudo a certeza de ter contribuído para amenizar um pouco o sofrimento de um país ainda mergulhado em problemas econômicos e estruturais.
“A avaliação da presença da FAB no Haiti ao longo desses anos é muito positiva. Tivemos um ganho operacional e pessoal muito grande. A experiência adquirida por esses militares foi repassada ao demais integrantes dos batalhões, disseminando assim os conhecimentos absorvidos naquele país. Em eventos futuros nos quais seja necessário nosso engajamento, estaremos preparados”, ressalta o Brigadeiro de Infantaria Augusto Cesar Amaral, do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).
A trajetória da infantaria da FAB no Haiti iniciou-se em fevereiro de 2011, quando 27 militares do Batalhão de Infantaria da Aeronáutica Especial de Recife (BINFAE-RF) colocaram os pés pela primeira vez no país caribenho. “Tudo era novidade. O nosso conhecimento era baseado apenas em fotos. Mas a realidade era bem diferente”, relembra o Cabo Waldomiro Manoel de Farias, um dos integrantes do primeiro contingente da Força Aérea.
Ao todo, cerca de 250 militares de oito pelotões da FAB se revezaram nas atividades desenvolvidas nas ruas de Porto Príncipe, capital haitiana. “Realizamos patrulhas, efetuamos prisões e, principalmente, tivemos contato mais estreito com a população. Isso foi muito importante, pois não estávamos acostumados com essas atividades”, avalia o Capitão Samuel Frank Gonçalves, que embarcou para o Haiti em fevereiro de 2012 para comandar o terceiro pelotão da FAB.
Para ele, o grande diferencial foi a oportunidade de desempenhar atividades não habituais para a Infantaria da Aeronáutica. “O emprego era real e estávamos sujeitos a tomar um tiro ou sofrer uma emboscada. Por isso, precisávamos estar atentos para as várias situações do dia a dia. A experiência no Haiti nos deu uma boa bagagem para engajarmos em outras missões de grande porte aqui no Brasil, como foi no caso da Copa do Mundo em 2014”, complementa o oficial.
Desde 2004, o Brasil lidera o comando militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), criada após a escalada de violência ocorrida depois da instabilidade política no país. Em janeiro de 2010, o terremoto que matou 300 mil pessoas fez a presença militar brasileira no Haiti aumentar. No mês do sismo, a Força Aérea chegou a montar um Hospital de Campanha em Porto Príncipe, onde atendeu 8 mil pessoas.
A Força Aérea Brasileira também apoia a MINUSTAH com suas aeronaves. Somente em 2014, um total de 189 toneladas de carga e 1.058 passageiros foram transportados entre o Brasil e o Haiti em aviões da FAB. Na época do terremoto, além de militares, material de apoio e a estrutura do Hospital de Campanha, foram transportados comida, remédios e até água.
“A presença da MINUSTAH constitui incontestavelmente um fator de estabilidade e segurança no Haiti durante esses últimos onze anos. Reitero meus sentimentos de profunda gratidão, em particular ao Brasil, que liderou de maneira eficaz a parte militar, no melhor espírito de amizade, solidariedade e cooperação ativa”, afirma o embaixador do Haiti no Brasil, Madsen Chérubin.
“A estratégia de proximidade utilizada pelo contingente brasileiro, a paixão bem conhecida da população haitiana pelo futebol brasileiro e algumas afinidades culturais foram fatores importantes que contribuíram para uma experiência muito positiva”, complementa o diplomata haitiano.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o efetivo da MINUSTAH em janeiro de 2015 era composto por 4.763 militares, 2.258 policiais da ONU, 343 civis estrangeiros, 1.168 civis haitianos e 130 voluntários da ONU.
FONTE E FOTOS: Agência Força Aérea