O coronel Ary Rodrigues Bertolino, chefe do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) no Brasil, garantiu que não haverá problemas de congestionamento de pouso e decolagem em horários de pico. Segundo ele, a FAB vem planejando desde 2011 o esquema para a Copa e os Jogos Olímpicos.
De acordo com o coronel Bertolino, o CGNA – unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) da Aeronáutica – ficou responsável por um plano de ação considerando o aumento da demanda e as restrições em algumas porções do espaço aéreo:
“A criação de zonas de exclusão segue critérios de segurança mundiais. O objetivo é manter a segurança do público, de atletas, autoridades, aeronaves e instalações e ao mesmo tempo minimizar os impactos operacionais causados para os usuários do espaço aéreo.”
Como O GLOBO revelou na edição deste domingo (16), pelo menos 16 mil passageiros de aéreas brasileiras devem ser afetados, com bilhetes cancelados ou voos remanejados, com a decisão dos responsáveis pela segurança da Copa do Mundo de criar zonas de exclusão no espaço aéreo durante o horário dos jogos nas 12 cidades-sede. A medida impede voos de qualquer aeronave convencional num raio de sete quilômetros a partir dos estádios, o que vai provocar o fechamento para pousos de oito aeroportos no Rio, Belo Horizonte, Cuiabá, Manaus, Fortaleza, Recife, Salvador e Curitiba.
Os horários das decolagens também devem ser alterados. Nessas capitais, os aeroportos ficam próximos aos estádios. Só aeronaves militares terão permissão, em casos excepcionais, de voarem nas áreas restritas. O coronel Bertolino disse que cerca de 2.600 controladores de tráfego estão sendo treinados há dois anos:
“Os controladores são preparados para lidar com demandas cotidianas e extremas, como ações terroristas, sequestros de aeronaves e identificação de aviões que se aproximarem dos estádios dos jogos sem autorização.”
Tumultos
Para evitar tumultos nos aeroportos durante os jogos da Copa, as delegações passarão longe dos torcedores, com entrada e saída por áreas reservadas até o acesso aos ônibus. Os times adversários também não vão se encontrar durante os embarques e desembarques. Chefes de Estado e a cúpula da Fifa terão tratamento especial e um forte esquema de segurança. O foco do plano operacional, segundo o governo, é assegurar o acesso e fluxo rápido dos passageiros, em especial estrangeiros, depois de passarem pelas filas do passaporte e da alfândega.
Para evitar que usuários fiquem transitando pelo saguão à espera do voo e acabem tumultuando o acesso dos demais, será criada uma área de entretenimento, com acesso a internet, banheiros, lanchonetes, totens e tela com informação dos voos, chamada fun zone, nos 15 aeroportos das cidades que vão sediar os jogos, tanto nos administrados por operadores privados como nos que continuam sob o comando da Infraero. A área também foi usada no Galeão durante a Jornada Mundial da Juventude e fez sucesso. Essas áreas ficarão próximas ou dentro dos aeroportos e serão divulgadas para atrair os passageiros.
Elaborado com a ajuda de várias autoridades e operadores aeroportuários, o plano prevê todo o trajeto do usuário, desde a entrada do avião no espaço aéreo brasileiro, de acordo com o perfil (VIPs, delegações, jornalistas e passageiro comum), até a saída do terminal. Em caso de manifestações e fechamento de pistas e acessos, conforme ocorreu no ano passado durante a Copa das Confederações, estão traçadas várias rotas de fuga.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), foram criados 16,1 mil voos extras para as cidades-sede dos jogos da Copa, o que representa a oferta de 7,2 milhões de bilhetes. O número de ingressos vendidos, de acordo com a Fifa, supera 2,5 milhões, sendo um terço deles comprado por turistas estrangeiros, segundo estimativas do governo.
O ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, disse que o plano operacional da Copa será divulgado em detalhes até o início de abril. Ele informou que todos os agentes envolvidos vão começar uma série de treinamentos nos aeroportos no próximo mês para testar as medidas propostas.
“Está tudo preparado. Só não consigo negociar com São Pedro. Tenho feito apelo à Nossa Senhora para que não permita que tenhamos tempestade no período”, brincou o ministro, lembrando que, nesses casos, os aeroportos podem fechar e os problemas serão inevitáveis.
No plano operacional da Copa, as tarefas foram divididas. Caberá à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizar os voos comerciais nacionais e internacionais, incluindo charters, fretamento e voo das delegações. A SAC ficou encarregada pelos voos dos chefes de Estado e autoridades da Fifa e a Aeronáutica, pela aviação executiva (jatinhos) e pelo controle do espaço aéreo, que terá medidas de restrição nas áreas próximas aos estádios. Não serão permitidos, por exemplo, voos de treinamento, ultraleves, dirigíveis, operações de paraquedas, planadores, entre outros. Num raio de 7,2 quilômetros de distâncias dos estádios só serão autorizadas a sobrevoar aeronaves de segurança pública, militares e ambulância.
Para evitar que os aviões executivos atrapalhem o fluxo, quem extrapolar o horário de pouso, permanência e decolagem, terá a aeronave rebocada. A medida tem objetivo de evitar o problema que aconteceu na África do Sul, para onde voaram centenas de aeronaves na final e a multa não resolveu os entraves no fluxo devido ao descumprimento de regras.
No Brasil, serão reservadas a esses pequenos aviões 1.100 vagas nos pátios de vários aeroportos (são 160 no Galeão). O governo mapeou cerca de 70 aeroportos que serão utilizados como suporte ao evento, incluindo os principais, pequenos terminais em cidades próximas e bases militares, onde as aeronaves poderão ser estacionadas.
Também está decidido que não serão concedidos voos se a capacidade do aeroporto estiver no limite. Para isso, a Aeronáutica, em parceria com os demais órgãos, listou um total de 25 aeroportos, onde as autorizações vão levar em consideração as horas ociosas e de pico de aeronaves e passageiros.
Durante o evento, a situação dos aeroportos e do fluxo das aeronaves será gerenciada em tempo real (telões), de forma conjunta, por representantes de todas as autoridades do setor numa sala de comando que fica no Rio, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), ligado à Aeronáutica. Haverá ainda salas de comando nos 15 aeroportos, com a participação de agentes do setor, além de representantes da fiscalização de trânsito local para evitar problemas de acesso.
FONTE: Diário de Pernambuco via Notimp da FAB