F-X2: Ensaios, testes e os próximos passos do Programa Gripen

O programa Gripen vem sendo atualizado e as etapas de ensaios em voo, teste com lançadores, carregamento de mísseis entre outras tarefas estão acontecendo, ao longo do ano, na Suécia. Desde o primeiro voo com a aeronave de teste, designada 39-8, em junho do ano passado, um período intensivo de ensaios vem sendo praticado.



Em julho desse ano, o Gripen E realizou uma série de voos bem-sucedidos, levando lançadores externos com os pilones da empresa suíça RUAG Aerostructures. Nessa etapa, a aeronave teve o desempenho e os comportamentos esperados na expansão do envelope de voo, com alta disponibilidade e confiabilidade.

O mesmo caça executou, em outubro, o primeiro lançamento de mísseis e concluiu, com igual sucesso, os primeiros ensaios para verificar a capacidade de liberar e lançar cargas externas. Essa experiência aconteceu no campo de testes em Vidsel, no norte da Suécia. Na ocasião, o Gripen fez o alijamento de um tanque de combustível externo e o disparo de um míssil IRIS-T ar-ar.

“Para o piloto, voar com o tanque ejetável e mísseis é importante para avaliar como a aeronave se comporta e também analisar o efeito que o caça sofre ao liberar e lançar essas cargas”, explicou Marcus Wandt, piloto de teste experimental do Gripen da Saab.

Em novembro, a Saab concluiu o voo de ensaio do Gripen E com o Míssil Meteor BVRAAM (Beyond Visual Range Air-to-Air Missile ou Míssil Ar-Ar Além do Alcance Visual, em português). A aeronave foi operada a partir do aeródromo da Saab em Linköping, na Suécia e incluiu dois mísseis Meteor.

“A aeronave continua tendo um desempenho tão bom quanto o verificado em toda a fase de ensaios em voo com cargas externas. O Meteor torna o caça extremamente capacitado para missões de superioridade aérea”, disse Robin Nordlander, piloto de ensaios em voo do Gripen na Saab. Esta etapa faz parte do progresso de integração de armas no programa de ensaios do Gripen E. O próximo passo inclui voos com diferentes configurações e a expansão gradual do envelope de voo.

Neste mesmo período, em 26 de novembro, a Saab também concluiu, com sucesso, o primeiro voo da segunda aeronave de teste do Gripen E. Designada 39-9, a segunda aeronave decolou para o seu primeiro voo às 9h50. O voo foi operado a partir do aeródromo da Saab em Linköping, na Suécia, novamente sob o controle de Robin. Durante o voo, que teve 33 minutos de duração, o piloto realizou várias manobras para validar as características de voo e os vários critérios de teste, como o software, o sistema de suporte de vida e o sistema de rádio.

A próxima fase do programa de ensaios do Gripen 39-9 é o teste dos sistemas e sensores táticos.

Enquanto isso, no Brasil: os cenários de atuação do caça Gripen

Os testes realizados no Gripen E são importantes para o Brasil, já que esse modelo também servirá à Força Aérea Brasileira (FAB). Com a proximidade da chegada dos caças ao país, algumas dúvidas sobre quais serão os cenários de emprego da aeronave ganham luz. O major aviador Ramon Lincoln Santos Fórneas, coordenador operacional do Grupo Fox, nome da equipe de seis pilotos de caça dedicada a coordenar a implantação operacional do novo avião de combate da Força Aérea Brasileira, explicou quais serão os três principais cenários que o Gripen deve atuar assim que chegar ao Brasil e começar a servir à Força Aérea.

“Quando recebemos a missão de determinar a empregabilidade do Gripen, iniciamos os estudos sobre as ações que essa aeronave poderia desempenhar para atender às necessidades da FAB” explicou o major Fórneas. A aviação de caça contempla várias ações e, por isso, o grupo levantou inúmeros detalhes sobre como aproveitar da melhor forma as capacidades dessa aeronave de última geração. “Nós selecionamos três ações especificas para o Gripen desempenhar assim chegar à Força Aérea Brasileira: ações de defesa aérea, varredura e escolta”.

Segundo Fórneas, a DEFESA AÉREA consiste, basicamente, em proteger os meios da Força Aérea, as bases e os aviões contra as ameaças externas. “Nesse caso, a aeronave atua próximo às fronteiras para combater tráfego ilícito de drogas e de armas, com a finalidade de proteger o território nacional”, explicou. Outro exemplo é sua atuação em grandes eventos, como foi no caso da Copa do Mundo e das Olimpíadas que aconteceram no país. “Nós tínhamos várias aeronaves fazendo a ação de defesa aérea durante os jogos”.

A AÇÃO DE VARREDURA é quando o caça tem por objetivo detectar, identificar e neutralizar ou destruir vetores aéreos inimigos em espaço aéreo de interesse para assegurar, por exemplo, que as aeronaves amigas adentrem em território hostil com características mais ofensiva. Enquanto a AÇÃO DE ESCOLTA é quando se defende meios específicos da FAB. “A escolta é quando o Gripen receber a missão de decolar para proteger o avião multimissão KC-390 ao sobrevoar um território inimigo para o lançamento de paraquedistas” ilustrou o major.

O Brasil precisa dessa tecnologia

É muito comum ouvir questionamentos sobre a necessidade de o Brasil adquirir uma frota de caças supersônicos já que o país não está em situação de guerra. “Não estamos em conflito, mas precisamos nos defender de outras ameaças reais e relevantes, já que o Brasil é um país único em riquezas naturais, como a Amazônia e o Pré-sal. O Gripen está totalmente inserido nesse contexto e a FAB está sendo preparada para empregar os seus meios frente a essas hipóteses” justificou o major.

O Gripen vai engajar nesses cenários mapeados com uma capacidade bastante superior às encontradas hoje nas frotas da FAB, principalmente nos quesitos autonomia, desempenho, equipamentos embarcados, poder bélico, reabastecimento em voo, entre outros.

“O novo caça é muito além do que temos atualmente. Não existe parâmetro de comparação”, finalizou.

FONTE: Saab do Brasil



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