As Operações Reais, como são chamadas atividades como estas, diferem de treinamentos comuns, pois envolvem situações que podem representar perigo real às tropas, esclareceu o chefe de comunicação do Comando Militar da Amazônia (CMA), coronel Antônio Barros. “Em operações como essa, pode haver problemas. A tropa sai em patrulha e pode se deparar com garimpeiros ilegais e até trocar tiros, a gente nunca sabe o que pode acontecer”.
Entre as atividades previstas, estão o treinamento de paraquedistas, a realização de patrulhamentos noturnos e incursões profundas de reconhecimento na floresta. A operação contará com a participação do 1º Batalhão de Forças Especiais, tropa subordinada à Brigada de Operações Especiais, considerada a elite do Exército Brasileiro, e que tem sede em Goiânia (GO).
O grupo é especializado em ações que envolvam alto nível de planejamento, como em operações de contraguerrilha, fuga e evasão, reconhecimento estratégico, entre outras atividades de inteligência.
Segundo informações da seção de comunicação do CMA, as ações fazem parte da rotina do Exército nestas regiões, mas dessa vez a mobilização envolverá também especialistas em estratégia político-militar. Na manhã desta quarta-feira, um grupo de 40 alunos da Escola Superior de Guerra (ESG), composto por militares e civis, foi enviado à base da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, que fica na comunidade de Maturacá, em São Gabriel da Cachoeira, para acompanhar as atividades e coletar informações estratégicas.
AS-532 Cougar (HM-3)
A operação terá ainda a participação do 4º Batalhão de Aviação do Exército (4º Bavex), com treinamentos de patrulha aérea, diurna e noturna, e atividades com paraquedistas. Para isso, serão disponibilizados helicópteros AS-532 Cougar (HM-3), de fabricação francesa.
As aeronaves têm capacidade de transportar até 27 pessoas e são equipadas com posto de pilotagem blindado, duas metralhadoras 7,62 mm laterais, ganchos de 4,5 toneladas, guincho de 272 quilos, seis macas para evacuação médica e cinco tanques suplementares de combustível, que conferem até 7,5 horas de autonomia de voo. Na próxima quarta-feira, haverá a formatura de militares em treinamento para atuar no grupo de Ações Cívico Sociais (Aciso), localizado na comunidade de Tunuí.
‘Cabeça do Cachorro’
A região conhecida como ‘Cabeça do Cachorro’ compreende uma área de 200 quilômetros quadrados, a noroeste do Brasil, onde o município de São Gabriel da Cachoeira ocupa a posição central.
A área, que possui aproximadamente 20 diferentes etnias indígenas, é considerada estratégica para a soberania nacional, pois encontra-se em uma região densa de floresta, com baixa densidade populacional, na fronteira com a Colômbia e Venezuela. O local figura entre os principais pontos de entrada de drogas do País.
A região também é rica em minerais, o que vem gerando conflitos entre populações tradicionais e garimpeiros ilegais há pelo menos quatro décadas. Nas Terras Indígenas do Alto Rio Negro e na reserva Ianomami, ambas localizadas em São Gabriel da Cachoeira, existem atualmente 1.004 requerimentos de exploração mineral, segundo relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), onde pelo menos metade tem como objetivo a exploração de ouro.
FONTE: D24