O Exército Brasileiro tem na tecnologia avançada um importante aliado para aprimorar os treinamentos de suas tropas. Prova disso são os simuladores que a Força Terrestre utiliza no adestramento de seus homens. Esses artefatos retratam de maneira fidedigna a realidade do terreno de combate – inclusive os fatores psicológicos, o desgaste físico e as alterações climáticas. Uma nova e moderna ferramenta de simulação de exercício entrará em funcionamento nos próximos meses. Trata-se do Simulador de Apoio de Fogo (SAFO), novidade que será instalada na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ), e no Campo de Instrução do Exército em Santa Maria (RS).
Sob coordenação do Departamento de Ensino e Cultura do Exército, os SAFOs serão responsáveis pelo adestramento de mais de 80% dos Grupos de Artilharia de Campanha. A tecnologia representa um avanço importante na contenção dos custos destinados ao adestramento, mas não implicará na substituição dos treinamentos convencionais.
O SAFO foi desenvolvido por indústrias brasileiras de defesa em parceria com a empresa espanhola Tecnobit. O simulador consiste num software e funciona junto com maquinário operacional instalado num espaço – que ainda está em construção – desenvolvido especificamente para os exercícios militares.
Nesses locais, há lugar para a instalação de subsistemas de artilharia, como linha de fogo, observação, busca de alvos, topografia, meteorologia, comunicações, logística, direção e coordenação. O objetivo do simulador é a realização de exercícios com oficiais, cadetes e praças da Força Terrestre.
Funcionamento
Os SAFOs funcionarão da seguinte forma: oito obuseiros (espécie de canhão de uso militar), adaptados com sensores de pontaria, ficarão instalados no espaço do exercício. Neles, serão registradas informações dos tiros a serem desferidos de maneira simulada. Ao mesmo tempo, em outra sala, observadores com binóculos conferem em telas audiovisuais – parecidas com uma televisão – o percurso da bala após o disparo.
O passo seguinte, realizado pelos observadores, é fazer as correções de trajeto, a fim de melhorar a precisão do tiro. Essas informações são enviadas a uma sala central – que fica, também, dentro da estrutura do simulador –, que transfere os dados de volta aos obuseiros e, assim, inicia-se outro ciclo.
Cerca de 120 militares interagem com o simulador durante o exercício, que tem duração variável de acordo com ambientes reais de campos de tiro reproduzidos pelo software. Além disso, há nas simulações a participação de efetivo permanente de instrutores, monitores e auxiliares técnico-administrativos. No caso de Resende são 19 profissionais. Em Santa Maria, a quantidade de pessoas será definida ainda este ano.
Início e andamento das obras
O projeto do Simulador de Apoio de Fogo data do final de 2010, quando foi assinado contrato entre o Exército Brasileiro e a companhia Tecnobit. De acordo com a indústria espanhola, o fornecimento dos dois centros de treinamento de artilharia representa “a entrada de nossa empresa no mercado de defesa e segurança nesse país”.
Para a Força Terrestre, esse tipo de equipamento “produzirá reflexos na Doutrina Militar pelas novas modalidades de treinamento disponíveis, integração com outros sistemas de simulação e possibilidade de realizar análise pós-ação”.
Outra vantagem do produto, como expôs o Exército, é que os SAFOs vão gerar economia nos gastos com munições e combustíveis, uma vez que não são necessários tiros reais e deslocamentos de viaturas nesses exercícios.
Em Santa Maria, o término das obras está previsto para julho próximo e as dependências ocuparão área de 4500 m². A unidade ficará subordinada ao Comando da 3ª Divisão de Exército. No total, foram investidos R$ 8,5 milhões em obras e equipamentos.
Já em Resende, a construção da estrutura física encerra-se neste mês de março. O SAFO será de responsabilidade da AMAN e terá espaço semelhante ao da região Sul. Nessa unidade, toda a infraestrutura de eletricidade, água, esgoto e rede de fibra ótica precisou ser construída, e o valor das obras foi de R$ 6 milhões.
Depois de prontos os locais que irão abrigar o simulador, a próxima etapa é esperar a chegada dos softwares, desenvolvidos pela parceria Brasil-Espanha. Eles passarão, ainda, por período de testes antes de serem colocados como permanentes para a instrução militar na área de artilharia.