“O número de vítimas simuladas foi três vezes mais em relação às operações SAR reais realizadas pela FAB no ano passado”, compara o diretor do exercício, Major Fábio Lourenço Carneiro Barbosa, os números do treinamento com o número de missões reais realizadas em 2015.
De acordo com o diretor, o maior destaque desta edição foi o exercício final, denominado de “operação anchova”, que contabilizou 12h ininterruptas de ação de resgate de 30 vítimas utilizando óculos de visão noturna (NVG). “Foi a primeira vez que realizamos um exercício deste tamanho, com tantas aeronaves envolvidas e utilizando NVG para atender um cenário tão grande”, afirma.
O oficial também é responsável pela Seção de Planejamento de Busca e Salvamento do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e destaca que “no dia a dia já é uma responsabilidade muito grande”. O Brasil tem sob sua responsabilidade uma área de 22 milhões de km2, incluindo continente, mar territorial e águas internacionais decorrentes de acordos da OACI (Organização da Aviação Civil Internacional). “Temos que prestar o serviço de busca e salvamento 24 horas por, dia sete dias por semana. A rapidez é essencial porque está diretamente relacionada à probabilidade de sobrevivência da vítima”, diz.
Neste ano, em que o Brasil sedia a primeira edição do jogos olímpicos na América Latina, o treinamento também reforça a preparação das equipes de alerta SAR. “Quando a gente treina assim, o ganho que a sociedade tem, em primeiro lugar, é rapidez e qualidade de atendimento em qualquer parte do território nacional. Agora, contextualizado neste ano especificamente, é a certeza de que podemos fazer grandes eventos seguros de que estamos prontos para atender”, avalia.
A organização se preocupou em criar situações que permitem treinar, padronizar e avaliar todo o ciclo de busca e salvamento. “Não é algo de se fazer”, concorda o diretor sobre a complexidade de planejar cenários que contemplem todos os níveis e áreas envolvidos. Os profissionais são divididos em dois grandes grupos: coordenação e execução. No primeiro, se inserem profissionais de comunicações, controladores de tráfego aéreo e coordenadores de operações SAR – foram 24 militares dos Salvaeros. O segundo inclui as unidades aéreas da FAB, unidades aéreas e marítimas da Marinha, e o grupo dos socorristas, responsáveis pelo primeiro atendimento pré-hospitalar à vítima.
“Pensamos em grandes conjuntos e em treinar cada um deles, desde os primeiros indícios que iniciam uma operação – pode ser um telefonema, um contato do órgão de controle do espaço aéreo, pode ser por meio da mídia, até o homem que vai, realmente, retirar a vítima da condição de emergência. Assim, conseguimos que todos possam aprimorar seus métodos e técnicas”, avalia
De acordo com Barbosa, o Brasil está equiparado com países considerados referência, como é o caso do Canadá. “Nosso sistema está organizado de maneira muito semelhante a deles. O nosso exercício apresenta as mesmas qualidades e cenários feitos por eles, chamado Sarex”, relata.
Apoio logístico – Outro ponto destacado nesta edição foi o apoio logístico da intendência operacional que participou pela primeira vez da Carranca. “É um salto de qualidade enorme. Não se trata apenas de conforto, é moral da tropa, higiene, descanso apropriado, muitos benefícios que refletem em um exercício melhor para todos”, analisa.
FONTE e FOTO: FAB