Pela primeira vez, na Força Aérea Brasileira (FAB), foi realizado um treinamento conjunto de combate dissimilar entre aeronaves de baixo e alto desempenho. O objetivo do exercício, que envolveu as aeronaves A-29 Super Tucano do esquadrão Escorpião (1°/3° GAV) e os aviões F-5 EM do esquadrão Pacau (1°/4° GAV), entre os dias 12 e 15 de dezembro, foi treinar ações de defesa e ataque de aeronaves com capacidades operacionais diferentes.
O exercício, realizado a partir de Manaus (AM) e Boa Vista (RR), teve objetivos distintos para os dois esquadrões participantes. No esquadrão Escorpião, com as aeronaves A-29 (consideradas de baixa performance), a meta foi desenvolver táticas e técnicas defensivas contra aeronaves de alta performance F-5 EM equipadas com míssil infravermelho. Foi também a oportunidade de treinar o emprego de armamentos ar-ar, além de adestrar os equipamentos utilizados nesse tipo de situação.
De acordo com o Oficial de Operações do Esquadrão Escorpião, Major Aviador Fabrício Picolli Portela, a principal função do A-29 é o ataque ar-solo, mais precisamente, o apoio aéreo aproximado. Entretanto, ele explica, que em uma situação real, durante uma dessas missões, há uma grande possibilidade de interceptação por aeronaves de alta performance. “Ou seja, por aeronaves de defesa aérea (como as aeronaves F-5 EM). Nesse momento o piloto deve estar preparado para se defender garantindo sua sobrevivência e, se possível, garantindo, também, o cumprimento do objetivo da missão”, explicou.
Segundo o Major, é nesse contexto que surge a importância do desenvolvimento e treinamento das manobras defensivas contra aeronaves de alto desempenho. “Como o combate visual é treinado, geralmente, com aeronaves do mesmo tipo. Em algumas poucas oportunidades, é possível treinar o combate com aeronaves diferentes”, destacou.
Já para o esquadrão Pacau, com os F-5 EM, o objetivo foi desenvolver táticas e técnicas ofensivas contra aeronaves de baixa performance, que possuam capacidade ar-ar, além de verificar os parâmetros de efetividade do míssil Python 4, utilizado pelo F-5.
Para o Comandante do Esquadrão Pacau, Tenente-Coronel Aviador Luciano Pietrani, a utilização de um míssil Infravermelho (IR) de quarta geração se opondo a uma aeronave turboélice é válido. “Num contexto de combate visual, o treinamento consolida as táticas aplicadas pelos pilotos do F-5 EM na utilização do capacete Helmet Mounted Display (HMD), associado ao míssil IR contra uma aeronave de menor performance”, ressaltou.
Para o Tenente-Coronel, a experiência adquirida nesse exercício foi positiva. “O que foi treinado vai agregar uma gama de conhecimentos para a cultura operacional dos pilotos de caça da Força Aérea Brasileira”, complementou.
De acordo com o comandante do Esquadrão Escorpião, Tenente-Coronel Aviador Leonardo Venancio Mangrich, o treinamento só foi possível por causa do nível operacional dos pilotos do esquadrão e da proximidade geográfica entre as unidades aéreas. “Dessa forma, nós eliminamos os custos logísticos de um possível deslocamento de parte do efetivo e material de apoio”, finalizou.
FONTE e FOTOS: FAB