Dois Lynx da Real Marinha Britânica chegam a 15 m de colidir e a 150 km/h, porque “não conseguiam enxergar adequadamente com seus óculos de visão noturna”
Dois helicópteros da Royal Navy chegaram a 15m de colidir durante um exercício de voo noturno, porque os pilotos não enxergavam adequadamente através de seus OVN (óculos de visão noturna).
Um relatório sobre a quase colisão a descreveu como “um incidente muito sério que poderia ter terminado com fatalidades”.
A quase tragédia aconteceu a 3 milhas ao norte de Glastonbury, em Somerset, às 23h do dia 4 de junho deste ano.
Os dois helicópteros Lynx Mk8 estavam retornando à base, Royal Naval Air Station Yeovilton, voando a 80 nós e a apenas 200 pés sobre o terreno, como parte de um exercício de voo noturno.
Ambas as tripulações estavam concentradas em “pular” as torres de alta tensão em sua rota, em meio à escuridão.
Entretanto, eles estavam utilizando OVN antigos, que restringiam seu campo visual mais severamente que os equipamentos mais modernos. Tal situação não permitiu que os quatro tripulantes avistassem as luzes anticolisão que equipavam cada uma das aeronaves, que são pintadas de cinza.
As duas tripulações só avistaram uma à outra com poucos segundos para evitar a tragédia, quando um dos pilotos assumiu os comandos e manobrou bruscamente, de acordo com o relatório de incidente elaborado pelo UK Airprox Board (UKAB), órgão britânico que investiga ocorrências aeronáuticas envolvendo conflito de tráfego. Os helicópteros estavam separados por apenas 20 pés verticalmente e 50 pés horizontalmente.
“A colisão foi evitada por um avistamento de última hora por um dos tripulantes e sua reação rápida em assumir os comandos”, diz o relatório. “Não havia outras barreiras após essa.”
“O principal fator contribuinte foi determinado como sendo a complexidade das operações com OVN à baixa altura, associada ao campo de visão bastante restrito associado ao uso do equipamento de visão.”
“OVN’s com um campo de visão mais amplo, naturalmente contribuiriam para uma melhor visão periférica das tripulações.”
“Apesar de demandar uma atualização dos equipamentos em uso, tais sistemas já estão disponíveis e teriam permitido às tripulações, neste caso, avistarem-se com uma maior antecedência.”
Suas “cansadas” aeronaves, pertencentes a uma família de helicópteros que está em operação há quase 40 anos, também não estavam equipadas com o sistemas anticolisão, comumente utilizados e que teriam alertado os pilotos.
O relatório ainda especula que o incidente provavelmente não teria acontecido, caso os helicópteros estivessem equipados com esses sistemas anticolisão.
Os Lynx do Fleet Air Arm serviram nas Falklands e nas duas Guerras do Golfo, sendo atualmente o terror de piratas e traficantes de drogas. Este modelo está previsto para sair de serviço ativo e ser substituído pelos novos Wildcat nos próximos anos.
O UKAB declarou que as margens de segurança estiveram muito abaixo do normal, tendo a sequência de eventos sido interrompida muito próxima da colisão, designando o incidente como Categoria A – a maior classificação de risco antes de um acidente propriamente dito.
O incidente ocorreu em meio a uma aparente onda de acidentes de helicópteros neste ano.
Em agosto, quarto petroleiros morreram quando o Super Puma que os levava para uma plataforma de petróleo caiu no mar, próximo a Shetland, no Mar do Norte.
Após o acidente, os trabalhadores passaram a temer os voos para as plataformas e a frota de Super Puma foi groundeada. Um relatório da Autoridade de Aviação Civil não encontrou falhas técnicas como fatores contribuintes.
Em setembro, um helicóptero MH-60S Knighthawk da US Navy, caiu no Mar Vermelho, dando início à uma busca frenética por dois tripulantes desaparecidos.
E em janeiro, o piloto de transporte aeromédico e também piloto-dublê de cinema Pete Barnes, de 50 anos, morreu quando seu helicopter colidiu com um guindaste em uma construção na porção central de Londres. Os destroços em chamas ainda mataram o pedestre Matthew Wood, de 39 anos, enquanto ele caminhava na rua movimentada.
A própria frota de Lynx foi quase completamente groundeada em 2000, após a queda de um Lynx da marinha holandesa.
Foram necessários 2 anos para que toda a frota voltasse a voar, após 44 aeronaves terem instaladas novas cabeças do rotor principal, feitas em titânio.
TRADUÇÃO E ADAPATAÇÃO: João R. Noritomi para o Defesa Aérea & Naval