“Deixo um legado de harmonia”, avalia Tenente-Brigadeiro Saito

Palavras deixadas pelo oficial-general que mais tempo permaneceu à frente da Força Aérea Brasileira

Antes de deixar o cargo que ocupou por oito anos, o Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, 72 anos, destacou momentos que marcaram sua gestão. O oficial-general que mais tempo permaneceu à frente da instituição planeja agora retornar a São Paulo, estado onde nasceu, e dedicar mais tempo à família.

Qual o legado que o senhor deixa após oito anos de comando?

Sempre gostei de trabalhar em equipe e de ouvir muito. Sempre temos algo a aprender, mesmo com aquele que tem ideias contrárias às suas. Então, posso dizer que deixo um legado de harmonia. Aprendi a conciliar o ambiente, talvez por ser o filho mais velho. Por que isso é importante? Ninguém consegue trabalhar e produzir bem num ambiente de desarmonia. Valorizar o trabalho de cada um, receber sugestões, analisar e tirar sempre um norte. Todos têm muita liberdade para falar e defender seu ponto de vista. Saio tranquilo, com paz interior e sem mágoas. Só tenho a agradecer à Força Aérea por ter me proporcionado essa oportunidade ímpar de comandá-la.

Os últimos anos foram de muitos projetos e reaparelhamento…

Fizemos muita coisa, mas sempre com trabalho em equipe. Eu não fui o único responsável por isso. Todos os setores contribuíram para alcançar os objetivos da Força Aérea.

Qual momento mais marcou sua gestão?

Do ponto de vista profissional, o projeto dos caças marcou muito. Estou saindo bastante feliz pela decisão. A Presidenta teve um ato de coragem ao dar um destino a um assunto que estava em discussão desde 1995. Eu comecei a trabalhar nesse projeto quando ainda era chefe do Estado-Maior do COMGAR [Comando-Geral de Operações Aéreas], porque os Mirages já estavam com a vida contada e era preciso substituir. Em um país de muitas prioridades como o Brasil, o assunto aeronave de combate foi ficando de lado. O importante era avião de transporte ou helicóptero para atender calamidades. Outro projeto que me deixa muito feliz é o KC-390. Muitos países estão interessados. Estamos incentivando a nossa indústria de defesa. Qualquer país que se propõe a ser independente precisa de uma base industrial de defesa forte.

O que o senhor tem a dizer sobre o novo comandante?

Eu o conheci quando ele estava no primeiro ano da Academia em 1972, eu estava em Natal, onde eu era instrutor. Mas tivemos oportunidade de conviver por mais tempo quando fomos criar o 3º/10º Grupo de Aviação em Santa Maria, Esquadrão Centauro. Eu era major e estava na função de operações. Ele foi um dos candidatos designados para compor a equipe. Foi quando pude ver a capacidade dele. Eu sempre digo que a gente conhece um oficial que tem potencial, não como coronel, mas como tenente. Trabalhamos lá dois anos na criação da unidade. Quando fui designado para ser instrutor no Paraguai e poderia levar um oficial, tenente ou capitão, eu não tive dúvidas: convoquei o Rossato para ir comigo. Passamos sete meses ministrando instrução com mais três sargentos. Desde então, acompanho a carreira dele. Trabalhou comigo na Base Aérea de Canoas, foi chefe do meu Estado-Maior no CATRE [Comando Aéreo de Treinamento] e depois no COMGAP [Comando-Geral de Apoio].

É um oficial brilhante. Ele era o mais antigo e foi isso que valeu. O Brigadeiro Rossato chegou no momento certo e na hora certa naquele lugar.

FONTE: FAB

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