A cena, que simula uma situação real de guerra, fez parte de um treinamento conjunto das Forças Armadas, e marcou o encerramento do Seminário de Apoio de Saúde em Operações Conjuntas e de Paz 2014. O evento, promovido pelo Ministério da Defesa, foi concluído nesta quarta (3) no Museu Histórico do Exército que fica no Rio de Janeiro (RJ).
A simulação durou mais de uma hora e envolveu militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O objetivo foi mostrar como o trabalho em conjunto, utilizando meios de transportes e equipamentos diversos de cada uma das Forças Armadas, pode otimizar o atendimento médico a feridos.
Uma ambulância blindada da Marinha, um helicóptero H-60 Black Hawk e um hospital de campanha da Força Aérea Brasileira, além de um posto de saúde e uma viatura do Exército foram utilizados na demonstração. Os procedimentos foram explicados, passo a passo, para que os participantes do seminário pudessem entender como estava se dando o socorro às vítimas.
Golden hour
Os primeiros 60 minutos após o ferimento é chamado de “hora de ouro”, do inglês golden hour. Nesse período de tempo, caso sejam feitos os atendimentos médicos básicos e providenciado o resgate de vítimas em situações mais graves, as chances dos pacientes serem salvos é de cerca de 90%.
O helicóptero foi considerado um meio fundamental, devido à agilidade que permite o deslocamento. “Este é o meio mais eficiente e extremamente necessário em atividades de campanha, pois agiliza o transporte dos pacientes”, afirmou a major médica do Exército, Carla Maria Clausi.
Avaliação
Após a simulação, os participantes pontuaram as lições aprendidas com o treinamento, no intuito de pensar no futuro Centro Conjunto de Medicina Operativa das Forças Armadas.
O Major Médico Rodolfo Siqueira, comandante do Hospital de Campanha da Força Aérea sentiu-se orgulhoso de participar dessa atividade em conjunto com as três Forças. “Essa experiência que o hospital de campanha teve aqui, de receber uma equipe do Exército e uma da Marinha, e trabalharmos juntos com o mesmo intuito de salvar vidas, trouxe muito orgulho de participamos desse momento”, relatou.
Carolina Brandão, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Simulação em Saúde, ressaltou a importância de adaptar os treinamentos à realidade das três Forças. “Esse centro não precisa se limitar a fazer cursos de capacitação que já existem, mas podem ser criados novos treinamentos de acordo com as necessidades, como, por exemplo, comportamentais, de comunicação efetiva, de liderança”, afirmou a médica.
A capacidade que o Brasil para assegurar o atendimento às vítimas de forma ágil foi destacado pelo palestrante Maurício Lynn. O médico, que serviu por 18 anos nas Forças de Defesa de Israel, citou o caso do resgate durante o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no ano de 2012. “Eu acompanho a medicina militar há muitos anos e não conheço uma operação onde 60 pessoas ventiladas através de respiradores, foram evacuadas em 24 horas de Santa Maria a Porto Alegre em helicópteros. Vocês devem se sentir orgulhosos em participar dessa operação”, afirmou Lynn.
O general José Carlos de Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa, destacou que a interoperabilidade deve ser a palavra de ordem para que o Centro Conjunto de Medicina Operativa seja criado e funcione de forma otimizada. O general firmou o compromisso em efetivar a criação do Centro. “O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, sem dúvida nenhuma, será o catalisador para que isso ocorra”.
Palestras
Os dois primeiros dias do evento foram marcados por palestras de militares e profissionais estrangeiros. Representantes do Hospital de Chicago, da empresa Strategic Operation (Inc), das Forças de Defesa de Israel, da Universidade de Havard, das Forças Armadas dos Estados Unidos e da organização MobileOne Foundation apresentaram suas experiências.
O professor Isaac Ashkenazi, da Universidade de Havard, nos Estados Unidos, abordou a temática de apoio de saúde em situações de desastres naturais. Na última década, tem aumentado a frequência e a magnitude dos fenômenos da natureza, chegando a mais de 2 milhões de mortos nesse período.
Nessas situações, os militares, sobretudo de outros países, são cada vez mais requisitados para auxiliar nos resgates dos feridos e tratamento médico inicial. A agilidade para iniciar a ajuda humanitária faz-se fundamental. “A resposta deve ser o mais rápido possível para evitar mortes por falta de atendimento médico. O envolvimento dos militares em casos de desastres naturais imediatamente após o ocorrido pode ajudar a salvar muitas vidas”, reforçou.
Fotos: Felipe Barra
Reportagem: Agência Força Aérea
Asscom