Os ministros Raul Jungmann (Defesa) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) presidiram, ontem (29), a 3ª Reunião de Consultas entre o MD e o MRE, que reuniu as chefias dos dois ministérios para definir uma agenda convergente de defesa e diplomacia.
Por Alexandre Gonzaga
Na pauta da reunião, o debate sobre países de interesse prioritário para ação conjunta, com ênfase na consolidação da América do Sul e do Atlântico Sul como zonas de paz, segurança e cooperação; a promoção de produtos de defesa; o combate aos ilícitos transfronteiriços; a participação em operações de manutenção de paz da ONU após o encerramento da missão no Haiti; ajuda humanitária; e planejamento estratégico.
Na abertura da reunião, o ministro Jungmann salientou a importância do trabalho das duas pastas: “A diplomacia sem defesa ficaria com suas grandes habilidades, mas sem capacidade dissuasória, inclusive, de valer determinadas posições do País. Já a defesa sem diplomacia não tem a representação, a qualidade e os rumos, que evidentemente, no exterior, são ditados pelo Ministério das Relações Exteriores.”
O ministro Aloysio destacou exemplos do apoio das Forças Armadas: “Todos sabem o calor com que somos recebidos pelo povo da Namíbia, graças ao empenho da Marinha do Brasil, na organização e formação de oficiais da força naval daquele país. No Chile, ceder aeronaves para o combate aos incêndios florestais foi motivo de grande exaltação pelo meu colega chileno de Relações Exteriores, pela imprensa e pela própria presidente Michelle Bachelet”.
A apresentação sobre as possíveis hipóteses de atuação dos militares brasileiros em novas missões de paz, principalmente, em países do continente africano, foi realizada pelo subchefe de Operações de Paz do Ministério da Defesa (MD), almirante Rogério Ramos Lage. O almirante explicou que novas demandas da ONU para que o Brasil participe em outras missões de manutenção de paz leva em consideração a imagem que o Brasil e suas Forças Armadas construíram junto a este organismo e à comunidade internacional, em função de décadas de atuação como provedor de paz.
O secretário de Produtos de Defesa do MD, Flávio Basílio, abordou temas da Base Industrial de Defesa. “Precisamos adotar novos mecanismos para gerar exportação. Não existe soberania sem produtos de defesa fortes e não existe uma indústria de defesa autossustentável e com capacidade de desenvolvimento tecnológico sem o vetor da exportação”, acrescentou o secretário.
A iniciativa de aproximação dos Ministérios de Defesa e Relações Exteriores, iniciada ano passado pelos Ministros Jungmann e José Serra, e continuada pelo Ministro Aloysio Nunes, visa definir um campo de ações convergentes entre defesa e diplomacia em prol do fortalecimento da presença do Brasil no cenário internacional. Para implementar essa agenda, foi criado um mecanismo de coordenação interministerial, no qual estão sendo realizados eventos e reuniões de discussão sobre temas estratégicos e ligados à base industrial de defesa, além da cooperação internacional.
A reunião desta quinta-feira (29) contou com as presenças dos comandantes da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira; da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Nivaldo Rossato; do chefe do Estado-Maior do Exército, general Fernando Azevedo e Silva (representando o comandante Eduardo Villas Bôas); do chefe do Estado Maior-Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, dos secretários-gerais da Defesa; do general Joaquim Silva e Luna, Secretário Geral do Ministério da Defesa. Do lado do MRE, compareceram o embaixador Marcos Galvão, Secretário Geral, subsecretários e chefes de departamento de várias áreas do MRE.
Também participaram, por parte do MD, o chefe de Assuntos Estratégicos, brigadeiro Alvani da Silva; o chefe de Operações Conjuntas, general César Nardi de Souza; o chefe de Logística, almirante Leonardo Puntel; e o comandante da Escola Superior de Guerra (ESG), general Décio Luís Schons.
FONTE: MD