Brasil-Suécia: confiança para uma relação sólida e duradoura

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Nesta entrevista, o embaixador brasileiro na Suécia, Marcos Pinta Gama, mostra que o Programa FX-2, com o desenvolvimento conjunto de uma nova geração de caças Gripen NG, abrirá caminho para novas iniciativas, dentro da indústria aeronáutica e fora dela. Na visão dele, o programa atuará como catalisador para futuros projetos de inovação entre empresas e instituições acadêmicas dos dois países. E o CISB terá um papel relevante no estímulo a novos projetos.

1. O senhor assumiu a representação do Brasil junto à Suécia e Letônia em 22 de agosto de 2014. Como tem sido a experiência na Suécia, tendo em vista as diferenças culturais entre os brasileiros e os suecos?

Tem sido uma experiência excelente, pois tenho contado, desde o primeiro dia de minha missão como Embaixador do Brasil em Estocolmo, com uma atitude cooperativa por parte dos mais variados interlocutores suecos, seja nos órgãos governamentais, no setor privado ou no meio acadêmico. Acredito que o povo sueco tem um vínculo especial com o Brasil, que se manifesta no interesse pela pujança e diversidade da cultura brasileira, mas também no simbolismo que exerce a carismática Rainha Silvia, cuja mãe era brasileira.

2. Além da área de aeronáutica, em que outros setores a cooperação Brasil Suécia se destaca? Quais são suas expectativas com relação à cooperação no desenvolvimento industrial e a inovação da Suécia com o Brasil daqui para frente?

O campo dos investimentos também tem importância fundamental nas relações sueco-brasileiras. A Suécia é tradicional fonte de investimentos produtivos no Brasil, uma vez que há mais de duzentas empresas suecas instaladas no País, algumas delas com longo histórico, como a Ericsson (desde 1924). O fluxo do chamado Investimento Estrangeiro Direto para o Brasil a partir da Suécia tem aumentado a cada ano. Em 2014, esse fluxo foi, segundo dados do Banco Central do Brasil, de US$ 674 milhões, frente a US$ 408 milhões em 2013 e US$ 214 milhões em 2009. De acordo com levantamentos recentes, a grande maioria das empresas suecas estabelecidas no Brasil mantém planos de investimentos no curto prazo, o que evidencia a visão e a confiança que têm no grande potencial do Brasil. Sobre a cooperação bilateral em desenvolvimento industrial e inovação, creio que a implantação do Programa FX-2, por meio do qual o Brasil e a Suécia desenvolverão conjuntamente a nova geração dos aviões de combate Gripen NG, abrirá caminho para novas iniciativas, dentro da indústria aeronáutica e fora dela, e atuará como catalisador para futuros projetos de inovação entre empresas e instituições acadêmicas dos dois países. O CISB terá, seguramente, um papel relevante no estímulo a novos projetos nessa área.

3. Em sua opinião, quais são os benefícios da produção conjunta do caça Gripen para o Brasil e a Suécia? Como essa parceria está repercutindo na Suécia?

Conforme mencionei, a produção conjunta dos caças Gripen NG terá um grande poder catalisador, agregador e até mesmo simbólico. Um projeto dessa natureza, que se relaciona à capacidade de defesa de ambos os países, e com tamanho conteúdo e complexidade tecnológica, só poderia ser levado adiante entre países verdadeiramente parceiros, que estão dispostos a confiar e cooperar de maneira sólida e duradoura. Em outras palavras, o Programa FX-2 proporciona uma dimensão ainda mais concreta e atual à Parceria Estratégica Brasil-Suécia, acordada pelos respectivos Governos em 2009, com um impacto positivo sobre a imagem do Brasil neste país. A imprensa sueca, por exemplo, frequentemente noticia fatos relacionados ao Programa FX-2, como os avanços das tratativas entre os dois países na implementação desse projeto. Mas outros setores da sociedade sueca acompanham com interesse esse processo e nutrem grande expectativa pelo seu êxito.

4. A Suécia é considerada um dos países mais inovadores do mundo por meio do modelo de hélice tripla (governo-academia-indústria) que serve de inspiração para muitos países. De que forma o senhor acha que podemos aumentar o intercâmbio entre os dois países no sentido de absorver conhecimento neste modelo de sucesso sueco?

Temos certamente muito a ganhar no exame do modelo sueco de hélice tripla, que já inspira diversos países. Creio que a parceria entre o Brasil e a Suécia frutificará à medida que os diversos agentes, de ambas as nacionalidades, construam uma relação fundamentada no conhecimento mútuo e na confiança, cujas experiências bem-sucedidas levem a metas gradualmente mais ambiciosas. Ou seja, a cooperação entre os países tem fundamento no intercâmbio humano. Temos a expectativa de que o fluxo de pessoas envolvidas com o desenvolvimento do Gripen NG será bastante grande, pois a transferência de tecnologia e de conhecimentos será robusta. Suecos e brasileiros terão a oportunidade de conhecer melhor as realidades locais, incluindo pessoas e instuições, e de trocar experiências sobre os êxitos e as dificuldades de cada um. Desse modo, poderão desenvolver um padrão de trabalho conjunto visando a resultados efetivos e inovadores, assentado em uma ampla rede de relacionamentos entre atores governamentais, empresariais e acadêmicos.

5. O CISB teve o prazer de contar com a sua participação especial no Programa Open Innovation Learning Week realizado na Suécia no mês de junho. Qual a sua opinião em relação à iniciativa? Em suas experiências anteriores, já teve contato com algum programa igual ou similar?

Tive grande satisfação em participar, em junho passado, da Open Innovation Learning Week e pude testemunhar, naquela ocasião, a criação de um ambiente fluido de diálogo e reflexão entre suecos e brasileiros, necessário à potencialização de oportunidades de cooperação entre o Brasil e a Suécia em todas as vertentes do relacionamento bilateral, particularmente na área de inovação. É muito proveitoso que agentes brasileiros e suecos tenham a oportunidade de conhecer uns aos outros e os respectivos ambientes de inovação, e a Embaixada do Brasil em Estocolmo está à disposição para contribuir para o sucesso de iniciativas desse gênero.

FONTE: CISB

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