Por Sheila Faria
O Brasil espera uma proposta por parte do Ministério da Defesa da Suécia sobre a negociação de um empréstimo de aviões Gripen, fabricados pela empresa sueca Saab, durante o período de desenvolvimento da nova versão NG.
O Brasil comprou 36 caças Gripen NG, que ainda vão ser desenvolvidos em contrato que inclui a parceria do Brasil na produção das aeronaves. Os primeiros caças só começam a ser entregues em 2019.
“Estamos na fase de negociação bilateral. A fase é de espera de uma proposta pela Suécia para definir o assunto”, afirmou na Suécia o tenente-brigadeiro Ricardo Machado Vieira, chefe do Estado Maior das Forças Armadas do Brasil. “Essa é uma questão que não está prevista em contrato”, afirmou o brigadeiro.
Olimpíadas
A expectativa do Brasil é ter aeronaves Gripen já no primeiro trimestre de 2016. O objetivo seria usar o caça supersônico na proteção do espaço aéreo brasileiro durante as Olimpíadas que serão realizadas no Rio de Janeiro.
Uma das vantagens do Gripen para esse tipo de missão é a facilidade de pouso em vários locais, inclusive estradas.
No primeiro trimestre deste ano, o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, disse que a Suécia estaria disposta a ceder 10 caças Gripen para o Brasil a partir de 2016. Além do envio dos aviões, haveria treinamento de pilotos, equipes de solo e apoio logísticos para as aeronaves aqui.
O Ministério da Defesa da Suécia desconversa. Em entrevista em Estocolmo, o ministro Peter Hultqvist evitou detalhar o assunto. “O Brasil é muito importante para a Suécia. Mais de 200 empresas suecas estão no Brasil e agora temos uma parceria de mais de 30 anos daqui para frente com o avião Gripen, que vai trazer empregos, tecnologia e recursos para os dois países”, disse.
Segundo o ministro, a questão dos aviões que seriam cedidos ou alugados para o Brasil está em análise por uma agência governamental, “que está otimista com relação ao assunto”, afirmou Hultqvist.
Estoque
A chamada “solução intermediária” do contrato do Gripen –empréstimo ou aluguel de caças enquanto a produção acontece– está restrita à negociação entre os dois países. Os 10 caças oferecidos no início do ano teriam que sair da Força Aérea da Suécia, que confirmou encomenda de 70 Gripen NG da fabricante Saab.
“A Suécia e o Brasil terão juntos um trabalho de cooperação governo-governo. A Força Aérea da Suécia está muito animada com essa parceria”, disse o general Micael Byden, comandante das Forças Armadas da Suécia.
Ainda sem nenhuma luz no fim do túnel sobre a solução intermediária, a Saab se mantém fora da negociação.
“Não temos Gripen no estoque”, disse em Estocolmo Häkan Buskle, presidente e CEO da Saab.
“O contrato dos caças Gripen e a parceria com o Brasil é muito importante para nós. O envio de aviões para o Brasil é tema de uma negociação intensa entre os dois governos”, disse Buskle.
Compras. O Brasil pode ter um trunfo extra para facilitar a negociação de caças. Estudo da Aeronáutica aponta que o Brasil poderá comprar mais 108 caças. A nova encomenda incluiria a versão naval do avião, o Sea Gripen, ainda não produzido pela Saab.
FONTE: O Vale