Anápolis,GO – A Base Aérea de Anápolis (BAAN), é uma base da Força Aérea Brasileira (FAB), localizada na cidade de Anápolis, estado de Goiás. Sua função primordial é a defesa aérea de Brasília, capital do Brasil, e nela estão os esquadrões, 1° GDA, 1°/6° GAV, 2°/6° GAV, 1° GTT e o 3° GDAAE. Cada esquadrão possui uma missão específica para cumprir diferentes tipos de missão da FAB.
Em vias de receber seu novo caça, o F-39 Gripen E, a FAB designou a BAAN e o 1º GDA como operadores do novo vetor. Para isso, a BAAN precisou se adequar não só para o F-39 como também para o KC-390 do 1ºGTT.
No final de agosto, nossos amigos Marco Aurélio e Márcio Souza do Spotters Brasil, visitaram a Base Aérea de Anápolis (BAAN), na ALA 2 e na oportunidade, foram recebidos pelo seu comandante, Cel Av Gustavo Pestana Garcez, que realizou uma apresentação sobre a unidade militar e sua importância no contexto da defesa aérea brasileira. Na oportunidade nossos amigos realizaram uma rápida entrevista com o comandante da BAAN, Cel Av Paulo Roberto Cursino dos Santos, com o piloto 1º GTT, Ten Cel Francisco Roza Kosaka e com o piloto do 1º GDA, Major Felipe Braga Galvão de Souza.
Na oportunidade, que contou com a presença de outros oficiais, foram feitos questionamentos sobre a base e sobre as aeronaves que a Ala 2 pode utilizar.
Spotters Brasil – Cel Cursino, quais foram as modificações necessárias físicas e estruturais tanto para o 1º GTT quanto para o 1ºGDA, para se adaptarem e receber o KC-390 e o F-39 Gripen?
Cel Cursino – Nós trabalhamos em cima de requisitos técnicos, logísticos e industriais (RTLI) de um projeto estratégico, de um requisito maior, que é o operacional (ROP). Então, temos todas as áreas concorrendo para a implantação de um sistema complexo desse projeto estratégico. Em cima disso, nós trabalhamos um caderno de necessidades. Desse modo, não focamos no que se pensa ser necessário e sim em cima de requisitos, o que torna tudo mais simples.
Quando os engenheiros do ITA trabalham, em parceria com a COPAC, na construção dos RTLI dos projetos estratégicos, o resultado são planos de infraestrutura, de capacitação e de logística, ou seja, são vários planos derivados da engenharia de sistemas e da engenharia de requisitos, facilitando o processo.
Quando a Base abre um processo licitatório de infraestrutura para atender à uma implantação estratégica, ela usa o caderno de necessidades e vai traduzir isso num termo de referência para um projeto básico e para um projeto executivo. Essa sistemática é muito mais relevante e eficiente num trabalho de preparação de um processo licitatório, derivado dos documentos dos processos de seleção, de aquisição, de desenvolvimento e de implantação, do que fazer o inverso, perguntando o que o cliente precisa. Na verdade, o balizamento vem, em grande medida, dos ROP e RTLI. O cliente não sabe o sistema que receberá (tem apenas uma visão geral), ele é um partícipe da implantação. Aqueles que conhecem, a fundo, o produto final são os gerentes de projeto, gerentes temáticos e os engenheiros que definiram os requisitos e delinearam como os sistemas complexos serão.
Isso não quer dizer que problemas não existam. O nosso maior problema, hoje, continua sendo os reflexos da pandemia de COVID-19, pois afeta a contratação de mão de obra, o aumento de preço do aço, etc.. De maneira geral, os insumos ficaram mais caros e com o lead time maior. Do ponto de vista da engenharia, esses impactos são relevantes. Entretanto, não vão afetar a implantação, na medida em que ela foi baseada em estudos de engenharia de sistemas e requisitos. Temos a segurança de que a implantação será bem realizada. Os prazos são ajustados em função dos efeitos negativos da pandemia na cadeia de suprimentos.
Spotters Brasil – Qual o estágio atual de capacitação dos tripulantes do KC-390, e quantos pilotos e load masters, já estão qualificados nesse modelo?
Spotters Brasil – Quando o KC-390 irá realizar a 1ª OPERANTAR? Já existe previsão?
Ten Cel Francisco Roza Kosaka – Não temos previsão ainda. Para realizar operação Antártica é preciso fazer os ensaios com a aeronave, e isso está sendo coordenado pela gerência técnica do projeto junto com a equipe de certificação da Embraer.
Spotters Brasil – É o 1º GTT que irá fazer a OPERANTAR?
Ten Cel Francisco Roza Kosaka – Está previsto ter missão no PROANTAR sim.
Spotters Brasil – A utilização do MAFFS também está prevista?
Ten Cel Francisco Roza Kosaka – Vamos fazer sim. O MAFFS também precisa de certificação e se encontra em fase de aquisição do equipamento. O processo está bem avançado.
Spotters Brasil – Quantos pilotos de F-39 Gripen já estão qualificados?
Spotters Brasil – Existe a previsão da chegada de quatro caças F-39 Gripen E até o final desse ano. Essa previsão mudou ou está de pé?
Major Felipe Braga Galvão de Souza – A janela não mudou, ela é entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2022. A expectativa é sobre a data dentro desses doze meses. Nós estamos dentro do calendário, apenas não temos com exatidão, a data específica.
Spotters Brasil – Até o momento não foi realizado nenhum voo de REVO com o Gripen E, isso significa que os quatro F-39 Gripen E da FAB virão de navio?
Major Felipe Braga Galvão de Souza – São coisas distintas. A COPAC enquanto responsável para o contrato do desenvolvimento e de produção, ela tem uma série de variáveis que vão definir como serão as entregas. E essa informação não chega até o operador, Isso é uma questão de uma esfera superior. Nós não temos a informação de como o caça chegará.
Nota do Editor: Nossos agradecimentos aos oficiais da Ala 2, da Base Aérea de Anápolis e aos nossos amigos, pela entrevista concedida.