Indústria aeronáutica brasileira conquista mercado global com aeronaves envolvidas em poucos incidentes aéreos
Falhas humanas são a principal causa de um acidente aéreo, seguidas por deficiência na manutenção. Por isso, para especialistas em aviação, todo avião certificado a voar é, por princípio, seguro. Neste quesito, porém, o Brasil ocupa uma posição especial: impulsionada pela Embraer, a indústria aeronáutica brasileira tem conquistado mercado global com equipamentos altamente confiáveis, tecnologicamente avançados e que se envolveram em poucos incidentes.
Levantamento inédito do iG publicado nesta terça (3) mostrou que, desde a primeira tragédia comercial da aviação brasileira, em 3 de dezembro de 1928, um total de 3.527 pessoas morreram em acidentes aéreos.
Naquele dia, há 85 anos, o desastre que deixou 14 vítimas foi testemunhado por Santos Dumont. Na sexta-feira (29), um Embraer 190 com as cores da Linhas Aéreas de Moçambique caiu na Namíbia matando 27 passageiros e seis tripulantes. Foi apenas o segundo acidente envolvendo a aeronave, há uma década no ar. O primeiro, ocorrido em 2010, na China, é também o mais grave com um produto da empresa – foram 44 mortos.
Na base de dados da fundação americana Flight Safety, que coleta informações sobre acidentes aéreos no mundo todo, há nove ocorrências envolvendo a linha de e-jets da Embraer (E-170, E-175, E-190 e E-195) e um total de 77 vítimas (justamente as que morreram na China e na Namíbia). A confiabilidade do equipamento está expressa na procura internacional: a linha de turbohélices e e-jets da Embraer, fundada em 1969 em São José dos Campos (SP), se espalha por quase 91 companhias de 60 países – num total de mais de 2.000 aviões.
Alta tecnologia também é um dos diferenciais da Neiva, de Botucatu (SP) e subsidiária da Embraer desde os anos 80. Seu avião Ipanema, com mais de mil unidades vendidas, domina 75% do mercado de aviação agrícola no Brasil e o único no mundo com motor 100% movido a etanol. Para sua produção, a companhia teve de dominar tecnologias de alta precisão como a oxidação controlada de superfícies, a soldagem em titânio e a solubilização (um tipo de processo térmico).
A Paradise, sediada em Feira de Santana (Bahia), obteve junto à FAA (Federal Administration Agency) certificação de aeronave autorizada a operar na aviação comercial e também de treinamento. O processo, bastante rigoroso, serve também como uma chancela técnica do projeto.
A gaúcha Aeromot, hoje dedicada ao mercado de manutenção de aeronaves, foi responsável pela produção do monotor Ximango, usado como equipamento de instrução pela Força Aérea dos Estados Unidos.
FONTE: IG