Associação brasileira luta contra acordo Embraer-Boeing para a Europa

Cockpit do Embraer E-195 E2 no show aéreo da MAKS 2019 em Zhukovsky, Moscou, Rússia Foto Maxim Shemetov




Por Foo Yun Chee

Uma associação que representa investidores minoritários no Brasil está pressionando os reguladores antitruste europeus a fecharem um acordo entre as fabricantes de aviões Embraer SA e Boeing Co, chamando-a de aquisição matadora. Aurelio Valporto, chefe da associação de investidores minoritários Abradin, disse que a Comissão Europeia deveria bloquear a compra proposta de US $ 4,2 bilhões da Boeing da divisão de jatos comerciais de 80% da Embraer, ou exigir pesadas concessões.

“O que resta da Embraer não sobreviverá e, mesmo que fosse possível, a Embraer não seria capaz de produzir aeronaves com 50 passageiros ou mais”, afirmou Valporto em entrevista na quarta-feira, argumentando que a Embraer e os aviões da Boeing competem no mercado. A divisão de jatos comerciais da Embraer concentra-se no segmento de 70 a 150 assentos, competindo diretamente com os jatos CSeries projetados pela Bombardier Inc., uma divisão que foi comprada pela Airbus SE da Europa. A Boeing pretende assumir o controle do negócio de jatos comerciais da Embraer, o mais lucrativo, para competir diretamente com a Airbus no mercado por aviões com menos de 150 assentos.

A Embraer disse em comunicado divulgado na quinta-feira que o acordo “servirá aos interesses dos acionistas, permitindo que a Embraer expanda mercados e aumente as vendas”. O acordo foi apoiado por cerca de 97% dos acionistas da Embraer no início deste ano.

E195-E2 REUTERS/Pascal Rossignol

Valporto reclamou do acordo à Comissão Europeia há dois meses, dizendo que isso prejudicou a concorrência na indústria aeroespacial brasileira, e na quarta-feira levou sua queixa a autoridades antitruste em Brasília.

O acordo já foi aprovado por reguladores nos Estados Unidos, China e Japão. Se fechar, a Embraer receberá dividendos dos 20% restantes no negócio de jatos comerciais, mas terá que confiar mais nos jatos executivos e nas divisões de defesa para obter lucro. Essas duas divisões registraram perdas nos últimos trimestres.

A Comissão Européia, que iniciou uma investigação em larga escala sobre o acordo em outubro, se recusou a comentar.

A Boeing afirmou que a Embraer está envolvida com a Comissão Europeia e outras autoridades reguladoras globais desde o final do ano passado.

“Continuamos a cooperar com a Comissão Européia e o CADE, que avaliam nossa transação e esperam uma solução positiva”, disse um porta-voz da empresa.

A UE manifestou preocupações de que o acordo retire a Embraer, a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, do setor, uma indicação de que pode exigir concessões significativas da Boeing.

O órgão regulador da UE interrompeu sua investigação no mês passado enquanto esperava a Boeing enviar dados sobre o acordo.

FONTE: Reuters

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN

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