Por Foo Yun Chee
Uma associação que representa investidores minoritários no Brasil está pressionando os reguladores antitruste europeus a fecharem um acordo entre as fabricantes de aviões Embraer SA e Boeing Co, chamando-a de aquisição matadora. Aurelio Valporto, chefe da associação de investidores minoritários Abradin, disse que a Comissão Europeia deveria bloquear a compra proposta de US $ 4,2 bilhões da Boeing da divisão de jatos comerciais de 80% da Embraer, ou exigir pesadas concessões.
“O que resta da Embraer não sobreviverá e, mesmo que fosse possível, a Embraer não seria capaz de produzir aeronaves com 50 passageiros ou mais”, afirmou Valporto em entrevista na quarta-feira, argumentando que a Embraer e os aviões da Boeing competem no mercado. A divisão de jatos comerciais da Embraer concentra-se no segmento de 70 a 150 assentos, competindo diretamente com os jatos CSeries projetados pela Bombardier Inc., uma divisão que foi comprada pela Airbus SE da Europa. A Boeing pretende assumir o controle do negócio de jatos comerciais da Embraer, o mais lucrativo, para competir diretamente com a Airbus no mercado por aviões com menos de 150 assentos.
A Embraer disse em comunicado divulgado na quinta-feira que o acordo “servirá aos interesses dos acionistas, permitindo que a Embraer expanda mercados e aumente as vendas”. O acordo foi apoiado por cerca de 97% dos acionistas da Embraer no início deste ano.
Valporto reclamou do acordo à Comissão Europeia há dois meses, dizendo que isso prejudicou a concorrência na indústria aeroespacial brasileira, e na quarta-feira levou sua queixa a autoridades antitruste em Brasília.
O acordo já foi aprovado por reguladores nos Estados Unidos, China e Japão. Se fechar, a Embraer receberá dividendos dos 20% restantes no negócio de jatos comerciais, mas terá que confiar mais nos jatos executivos e nas divisões de defesa para obter lucro. Essas duas divisões registraram perdas nos últimos trimestres.
A Comissão Européia, que iniciou uma investigação em larga escala sobre o acordo em outubro, se recusou a comentar.
A Boeing afirmou que a Embraer está envolvida com a Comissão Europeia e outras autoridades reguladoras globais desde o final do ano passado.
“Continuamos a cooperar com a Comissão Européia e o CADE, que avaliam nossa transação e esperam uma solução positiva”, disse um porta-voz da empresa.
A UE manifestou preocupações de que o acordo retire a Embraer, a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, do setor, uma indicação de que pode exigir concessões significativas da Boeing.
O órgão regulador da UE interrompeu sua investigação no mês passado enquanto esperava a Boeing enviar dados sobre o acordo.
FONTE: Reuters
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN