Com 71 anos, mais de seis no cargo, ele aposenta hoje a família de caças Mirage, da França, e já negocia termos e prazos para a chegada dos Gripen NG, da Suécia. Já pode ir tranquilo para a casa.
Escolhido por Lula pelo seco critério de antiguidade, independentemente de méritos ou deméritos, Saito engoliu um sapo atrás do outro desde 2007, até vencer no final.
Na crise aérea, Lula escanteou a Aeronáutica e os princípios militares de ordem e hierarquia para negociar com sargentos amotinados como se sindicalistas fossem. Deu tudo errado, só então Saito entrou em ação.
Com os caças, disse que foram “anos de sofrimento”. Começou quando Lula desprezou a FAB e anunciou o Rafale francês antes do relatório técnico. E não parou mais.
O relatório –antecipado pela Folha em 5 de janeiro de 2010– analisou seis critérios, deu vitória ao Gripen NG sueco e foi aprovado pelo Alto Comando da Aeronáutica. Mas ignorado pelo governo.
Em nova manchete da Folha, três dias depois, o então ministro Jobim admitiu que revisaria o relatório, embaralhando o peso dos critérios. Claro que seria para justificar o francês, adequando as conclusões técnicas à conveniência política.
E houve mais dois relatórios, um quando Dilma tendia para o F-18 dos EUA e o último no fim deste ano, para dar suporte ao anúncio do Gripen. Apesar da surpresa geral, registrei em 12/12, neste espaço, que o dia D seria 18/12, como foi, e que o sueco estava de novo na parada.
Saito assinou todos os relatórios impostos, mas trabalhou em silêncio contra o Rafale. Preferia o F-18 e assimilava bem o Gripen, sabendo que seu comando passa, mas a FAB e o país ficam. Entra em 2014 feliz.
FONTE: Folha de São Paulo – Eliane Catanhêde