Aeronáutica apresenta à imprensa como é feita a investigação de acidentes

Major aviador Regis ministrou sobre aspectos jurídicos e o LBDATA durante o Seminário - Foto: Tereza Sobreira
Major aviador Regis ministrou sobre aspectos jurídicos e o LBDATA durante o Seminário – Foto: Tereza Sobreira

Por Lane Barreto

Aperfeiçoar o sistema de aviação e prevenir um novo acidente aéreo da 2ª maior frota de aviação geral do mundo, posição hoje ocupada pelo Brasil, estão entre as principais finalidades do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Para isso, o órgão emite recomendações de segurança às companhias aéreas e empresas aeronáuticas.

Foi o que explicou o major aviador do Cenipa, Regis Vinícius Silva Barreto, durante seminário destinado à imprensa, na segunda-feira (30), na sede do VI Comando Aéreo Regional (Comar), em Brasília (DF). Durante o encontro, foram apresentados detalhes do processo de investigação de acidentes aeronáuticos. Para o major, é importante esclarecer para os veículos de comunicação a sistemática de trabalho na seara de acidentes aeronáuticos. “Isso é fundamental, para ser construída uma relação de confiança no que diz respeito às informações transmitidas, de modo que a imprensa possa elucidar as duvidas e os dois lados trabalharem de forma tranquila e harmônica”, afirmou.

O Cenipa, que é uma organização do Comando da Aeronáutica, foi criado em 1971, e possui atribuição de órgão central do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer). O sistema planeja, orienta, coordena, controla e executa as atividades de investigação e de prevenção de acidentes aeronáuticos no Brasil.

Investigação de acidentes aéreos

A caixa-preta do avião é o equipamento que armazena os dados de um voo. Foto Tereza Sobreira

O método investigativo do Sipaer utiliza probabilidades e hipóteses para esclarecer as possíveis causas de um acidente aéreo. A obtenção de declarações de observadores é feita de forma voluntária e sem formalidade, para a formulação de um relatório preventivo. Durante a investigação do Sipaer, não há litigio, nem acusação, nem partes, porque a intenção é compilar exemplos de situações inseguras – e não buscar a causa dos acidentes. Após a elaboração dos Relatórios Finais, o Sipaer delimita condições inseguras e, a partir delas, emite novas recomendações de segurança.

Como signatário da Convenção de Chicago, o Brasil, por meio do Cenipa, entende que a investigação de acidentes ou incidentes aéreos tem como objetivo básico a prevenção de futuros acidentes. Portanto, a elaboração do relatório do órgão não possui propósito de imputar culpa ou responsabilidade. A Convenção ainda determina que o procedimento judicial ou administrativo para se atribuir culpa deve ser independente da investigação realizada pelo Cenipa. No entanto, o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) estabelece que a elaboração do relatório do Sipaer não impedirá a instauração nem substituíra a necessidade de outras investigações.

Cemitério de destroços

Destroços do caça A-1 5532

Localizado no espaço físico do Cenipa em Brasília, o local guarda destroços de aeronaves acidentadas na década de 1980. Os restos são de aviões, os quais as investigações já foram concluídas, e servem como objeto de estudo para os pesquisadores.

O Laboratório de Leitura e Análise de Dados (LABDAT), único da América Latina, também está situado na estrutura do Cenipa. No local, técnicos e oficiais trabalham com a analise e a extração de informações dos gravadores de dados de voo, FDR, (Flight Data Recorder – FDR) e do gravador de voz, que compõe a caixa preta.

Ao apresentar o LABDAT aos representantes dos veículos de comunicação, o major Regis explicou como o processo de extração de dados destes gravadores é complexo, o que acarreta na demora em dar respostas rápidas aos possíveis motivos que levaram ao acidente ou incidente.

De acordo com o aviador, o FDR pode gravar até cinco mil parâmetros que necessitam ser validados antes da leitura dos técnicos, o que seria uma espécie de tradução de dados. Ainda segundo ele, isso explica a morosidade para a conclusão do Relatório final do órgão.

FONTE: Asscom

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