Por Renato Souza
No dia 25 deste mês, um avião que carregava 500 kg de droga foi interceptado no estado de Goiás. Desde 2004, mais de 2 mil aeronaves não autorizadas entraram no espaço aéreo brasileiro. Apesar da expertise dos militares brasileiros em proteger os céus da nação, a dimensão da nossa pátria é um desafio à segurança nacional.
O céu do maior país da América do Sul é monitorado 24 horas por radares, tanto instalados em terra, quanto pelos que ficam em aviões, que podem ser movidos para qualquer unidade da Federação. Em caso de ameaça, aviões de caça da Força Aérea Brasileira podem decolar de qualquer uma das oito bases espalhadas pelo país. São 202 aviões de defesa, entre modelos poderosos, como o norte-americano F-5M, até modelos de ataque mais leve, como o A-29 Super Tucano, de fabricação nacional.
O Decreto de lei nº 5.144 autoriza a destruição de aeronaves que entram no Brasil sem autorização dos órgãos oficiais. No entanto, para que o abate ocorra, os militares seguem uma série de etapas, para evitar equívocos. A derrubada de uma aeronave só pode ser autorizada pelo comandante da Aeronáutica ou pelo presidente da República. Caso o alvo esteja em uma área conhecida como rota de tráfico de armas e drogas, o procedimento pode ser mais rápido. No caso goiano, ocorreram disparos de advertência, mas o abate não foi realizado em decorrência do pouso.
O principal objetivo das aeronaves que entram no Brasil sem autorização é o transporte de drogas e armas, vindos de países sul-americanos. O Tenente-Brigadeiro do Ar Gerson Nogueira Machado de Oliveira, comandante do Comando de Operações Aeroespaciais da FAB, conta que, além do trabalho de monitoramento do céu, também existem atividades de inteligência. “Temos um banco de dados de inteligência em que acompanhamos algumas aeronaves no espaço aéreo brasileiro que possam cometer algum tipo de ilícito”, destaca o militar.
De acordo com o Livro Branco da Defesa Nacional, documento que reúne informações acerca da estrutura atual das Forças Armadas e define as metas para o avanço bélico do Brasil nos próximos anos, o país conta atualmente com 57 caças F5, modelo que aqui foi apelidado de F-5M, ou F5BR. O Brasil utiliza ainda os aviões de caça modelo A-1 AMX, que podem atingir velocidade de até 1.020 quilômetros por hora. São 53 unidades que também podem dar uma resposta rápida para invasão do Brasil pelo espaço aéreo.
O professor Antonio Jorge Ramalho, especialista em relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), destaca que a FAB é bem equipada e experiente, mas a dimensão do Brasil exige ainda mais investimentos. “Impedir a entrada de drogas por qualquer água, mar ou ar no Brasil é impossível, dadas as condições de nosso território”, destaca.
O céu sob vigilância
A Força Aérea Brasileira conta com 76 mil homens, entre militares e civis, sendo a segunda maior força bélica do Brasil, atrás do Exército Brasileiro, que conta com 200 mil homens.
Defesa aérea
– Os caças mais potentes da FAB são do modelo F-5M, que atingem uma velocidade supersônica. A FAB tem 57 caças dessas aeronaves.
– Os caças F-5M estão em bases de Manaus (AM), Anápolis (GO), Rio de Janeiro (RJ) e Canoas (RS).
– Além desse modelo, a FAB conta com 53 caças A-1 AMX.
– Ao todo, a Força Aérea Brasileira tem 202 aviões de defesa e mais de 500 aeronaves de transporte, entre helicópteros e jatos.
– A Base Aérea de Anápolis foi criada de forma estratégica para proteger Brasília. Em caso de necessidade, um caça F-5M poderia chegar ao Distrito Federal em cinco minutos.
– 100% do território nacional é coberto por radares que identificam a presença de qualquer aeronave não autorizada. Aviões radares, modelo E-99, são usados para reforçar a vigilância.
FONTE? Correio Braziliense