Por Luiz Padilha
O Naval Group apresentou o Submarino de Ataque (SNA) Suffren, o primeiro dos seis submarinos classe Barracuda para a Marine Nationale, em uma cerimônia no seu estaleiro em Cherbourg, França.
O presidente e diretor executivo do Naval Group, Hervé Guillou deu as boas vindas a todos os presentes a cerimônia, que contou com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, da Ministra da Defesa da Austrália, Linda Reynolds, da Ministra da Defesa da França, Florence Parly, do Comandante da Marine Nationale, Almirante Christophe Prazuck, do Chefe de Gabinete da presidência, Almirante Bernard Rogel, do Ministro Chefe do Estado Maior das Forças Armadas da França, General François Lecointre, representantes do parlamento francês e representantes de países com os quais o Naval Group tem contratos, como Austrália, Brasil, Índia, Malásia, Bélgica, Holanda, Itália, sendo a Marinha do Brasil, representada pelo seu Comandante, Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Júnior.
Cerimônia
Após a chegada do presidente Emmanuel Macron ao estaleiro, o hino francês foi entoado pela banda da Marine Nationale, com Macron na sequência, passando em revista a tropa.
Em seguida Macron se dirigiu acompanhado de Florence Parly, de Hervé Guillou e do Almirante Prazuck para conhecer o Suffren por dentro, onde permaneceram por um longo período recebendo informações sobre o funcionamento e as capacidades do mais novo submarino francês.
Após a visita ao interior do submarino, Macron se dirigiu ao palco onde o aguardavam operários do estaleiro e oficiais da Marine Nationale para ao som do hino nacional Francês, acionarem o dispositivo onde o som das profundezas dos oceanos eram ouvidas, simulando o submarino em ação.
O presidente Emmanuel Macron e Hervé Guillou, se dirigiram ao interior do Main Hall do estaleiro em Cherbourg, estaleiro que desde 1899 viu a conclusão de 107 submarinos, incluindo 16 nucleares, com o Suffren sendo o décimo sétimo.
Macron em seu discurso se dirigiu aos engenheiros, operários e demais convidados dizendo que naquele estaleiro se constrói mais do que submarinos, ali se constroí a independência da França. Macron prosseguiu informando que seu governo ainda irá gastar 59 bilhões de euros até 2025 nas forças armadas, representando um esforço significativo em termos de investimento.
Hervé Guillou, afirmou: Este é o melhor submarino do mundo! Este dia é a celebração de 10 anos de trabalho árduo. Com o Suffren aumentamos a nossa capacidade de projeção submarina, com uma avançada capacidade acústica e de detecção, além de poder lançar até 15 mergulhadores de combate, seja por uma escoltilha ou através de um dispositivo acoplado ao casco que permite o lançamento de um minisubmarino com mergulhadores.
O Almirante Christophe Prazuck falando para a imprensa, disse que o Suffren é um caçador, não um submarino de tocaia, pois foi concebido para atacar, e ao mesmo tempo proverá escolta ao porta aviões Charles de Gaulle, podendo operar com forças especiais, sendo uma arma a mais para o serviço de inteligência. Um outro ponto importante mencionado foi o aumento da capacidade de permanência em operação sem a necessidade de troca do combustível nuclear, que ocorrerá a cada 10 anos, mas não foi informado a porcentagem de urânio enriquecido utilizada.
A tripulação do Suffren sob as ordens do comandante Axel Roche, irá iniciar em aproximadamente 2 semanas seus testes de cais, para em seguida receber pela primeira vez, o combustível nuclear e então iniciar os testes de mar. Após os testes de mar, o Suffren seguirá para a base naval de Toulon, onde dará início aos testes de seus sistema de combate Sycobs da Thales e testará seus armamentos, como o míssil de cruzeiro naval SCALP, o míssil antinavio SM39 Block II EXOCET, o novíssimo torpedo F21 e as minas FG29, através de seus 4 tubos de 533mm.
Com todos os testes concluídos, a estimativa é de que o Suffren seja entregue para a Marine Nationale no verão de 2020.
Marinha do Brasil
O editor do DAN esteve com o AE Ilques, que destacou a importância da parceria estratégica entre o Brasil e a França, que além dos quatro submarinos SBR, classe Riachuelo, culminará na construção do primeiro submarino de propulsão nuclear brasileiro.
A classe Barracuda
O programa se iniciou em 1998 para a substituição dos seis submarinos classe Rubis. A classe Barracuda foi então desenvolvida pelo Naval Group, DGA, TechnicAtome e CEA, ao custo estimado de 9 bilhões de euros, para a construção das seis unidades, Suffren – Duguay-Trouin – Tourville – De Grasse – Rubis – Casabianca. O Duguay-Trouin, segundo da classe se encontra em adiantado estado de construção, podendo ser visto nas imagens abaixo feitas no Main Hall do Naval Group em Cherbourg.
A previsão de entrega para o sexto submarino da classe Barracuda é para 2029, com uma vida útil prevista de 30 anos, ou seja, o Suffren deverá operar até 2050 com o último da classe sendo desativado por volta de 2060.
A classe Barracuda é construída de forma modular, sistema já bastante utilizado pelo Naval Group que oferece maior controle para a construção de um submarino com um alto grau de complexidade. Cada submarino da classe Barracuda é composto por seis módulos.
- Unidade motriz (Nantes-Indret)
- Preparação de armamento (Angoulême-Ruelle)
- Módulo completo do reator nuclear (Nantes-Indret)
- Cradle da sala de comando (Cherbourg)
- Cradle de equipamento auxiliares (Cherbourg)
- Cradle elétrico (Cherbourg)
O Suffren utiliza um sistema de nova geração para controlar e monitorar remotamente, todas as instalações do submarino (reator nuclear, sistema de propulsão, sistema elétrico, segurança de mergulho e sistemas auxiliares). A tripulação poderá assim operar remotamente o navio e gerenciar a vida a bordo a partir de duas estações.
- A Estação de Controle de Propulsão (PCS) dedicada ao controle da usina elétrica, do reator e da propulsão,
- Sala de controle (PCNO), dedicada ao controle e comando do submarino.
O centro nervoso do submarino concentra todas as ações de controle / comando projetadas para implementar sensores e implantar armas em tempo real. Inclui muitos sub-sistemas (sonar, radar, navegação, armas e etc), proporcionando capacidades de busca e de combate acima e abaixo da superfície do mar.
Reator nuclear do Barracuda
O reator nuclear K15, de 150 MW (200,000 hp), transmite energia do núcleo, via Sistema de Fornecimento de Vapor Nuclear (NSSS), para os turbogeradores e turbinas de propulsão, fornecendo energia elétrica ao navio e possibilitando sua propulsão.
O submarino possui alto nível de proteção radiológica, fornecendo segurança a tripulação trabalhar próxima ao reator.
Manutenção otimizada
A manutenção foi levada em conta desde o estágio de projeto submarino, a fim de limitar sua freqüência e duração, assim os submarinos da classe Barracuda terão 2 tipos de manutenção:
- Ciclo médio com docagem de 10 semanas por ano e;
- Ciclo total com docagem a cada 10 anos
Características técnicas
Deslocamento de superfície: 4.650 toneladas
Deslocamento de mergulho: 5.100 toneladas
Comprimento: 100 metros
Diâmetro: 8.8 metros
Armamento: mísseis de cruzeiro navais, torpedo pesado F21, mísseis antiaéreos Exocet SM39 Block II
Propulsão híbrida: reator de água pressurizada derivado dos reatores a bordo do porta-aviões Charles-de-Gaulle e do SSBN Triomphant, duas turbinas de propulsão, dois turbogeradores e dois motores elétricos
Tripulação: 63 tripulantes +/- 15 mergulhadores de combate
O submarino terá autonomia de 70 dias, e carrega 50% a mais de armamento que seus antecessores.
Outra característica apresentada pelo Naval Group é que o submarino é mais manobrável com o leme em forma de X e graças ao aumento da velocidade máxima silenciosa, devido a redução dos efeitos do ruído hidrodinâmico em alta velocidade, consumindo menos energia com sistema de propulsão híbrido a vapor/elétrico, que combina motores elétricos e turbinas de propulsão.
Decididamente um submarino moderno, com sitemas de ponta, como mastros optrônicos não penetrantes, com câmeras diurnas de alta definição, câmeras de intensificação infravermelha e luz, substituindo assim o periscópio tradicional.
A Marine Nationale passa a contar com uma arma de elevado poder de dissuação e o Naval Group não para por ai, já existem estudos de um novo submarino para substituir a classe Le Trionphant.
NOTA DO EDITOR: O editor do Defesa Aérea & Naval viajou a convite do Naval Group para a cobertura da apresentação do submarino Suffren. Gostaria de agradecer ao Sr Emmanuel Gaudez, a Sra Klara Nadaradjane e a Sra Dora Khosof, por todo o apoio prestado durante essa viagem.