Por Luiz Padilha
A ForMinVar tem atualmente como função principal, varrer todos os acessos aos portos da costa brasileira, garantindo o acesso seguro tanto para os navios de guerra quanto para os navios mercantes. O treinamento constante é fundamental para que as tripulações não percam o conhecimento adquirido e cumpram com a missão da força.
Atualmente com 5 navios varredores da classe Aratu (M15), Anhatomirim (M16), Atalaia (M17), Araçatuba (M18) e Albardão (M20). O NV Abrolhos (M19) foi descomissionado recentemente pela MB, indicando a necessidade do reequipamento da ForMinVar.
Base de Submarinos de Itaguaí
Com a conclusão das obras do estaleiro e base de submarinos em Itaguaí, a Marinha do Brasil terá que se preparar para novos desafios. Além de 4 novos submarinos diesel-elétricos, a base irá operar com o primeiro submarino movido a energia nuclear. O submarino movido a energia nuclear necessitará de cuidados para uma operação segura e ter toda a área em torno da base e seus diversos canais de entrada e saída muito bem monitorados.
Para que isso ocorra, além do reequipamento da atual ForMinVar, a forma como a força opera também deverá mudar. Os oficiais da força tem participado de intercâmbios e seminários realizados com marinhas de outros países, buscando se manterem atualizados com procedimentos em equipamentos que a MB ainda não possui. Com a chegada de novos meios, que deverão ser Caça Minas com capacidade de Varredura, a força deverá passar a se chamar Força de Contra Medidas de Minagem (FCMM).
O atual Comandante da Marinha do Brasil, AE Leal Ferreira, em entrevista ao DAN, já tinha abordado esse assunto:
“A Marinha do Brasil tem preparada uma proposta de Empreendimento Modular de Recuperação da Capacidade de Guerra de Minas na MB, que prevê a equiparação da capacidade de guerra de minas da Força à encontrada nas principais Marinhas. Para tal, a MB já solicitou informações aos países que possuíam navios disponíveis para transferência e aguarda o recebimento das propostas para análise e a tomada de decisão.”
Assim, algumas propostas foram enviadas à MB por parte das Marinhas italiana, holandesa, francesa e sueca (sob coordenação da Saab Kockums). Todas as propostas são para navios de 2ª mão, onde como se sabe, sempre requerem caríssimas manutenções para operar 100%.
A proposta da Saab Kockums
A marinha da Suécia construiu 7 navios MCMV(Mine Counter Measures Vessel) da classe Landsort, com tecnologia de construção em composite. A finalidade da construção do casco desta classe com essa tecnologia, visa reduzir as assinaturas acústicas e magnéticas, bem como proporcionar uma melhor resistência ao choque de explosões subaquáticas.
Por questões orçamentárias, a marinha sueca modernizou apenas 5 navios dessa classe, passando a se chamar classe Koster. Algumas características desta classe podem ser lidas em nosso artigo sobre o estaleiro Saab Kockuns.
Os 2 navios que não foram modernizados se encontram na base naval de Karlskrona, Suécia e o DAN esteve lá para visitar não só os 2 da classe Landsort, mas também conhecer sua evolução, a classe Koster.
Os navios por serem construídos em composite, não possuem nenhuma corrosão e sem encontram em bom estado como podem ser observados através de nossas imagens.
Diferentemente de outras propostas, a Saab Kockums propôs que a MB adquira esses 2 navios modernizados nos mesmos moldes da classe Koster. Ou seja, os 2 navios receberiam novos motores Saab Scania diesel para propulsão e geração de energia, sonar de casco Atlas Elektronik 12M, MCM Command & Control Atlas Elektronik IMCMS, Veículos de eliminação de minas Atlas Elektronik SeaFox, Underwater Positioning Kongsberg HiPAP 501, Canhão 40 mm BAE Bofors, Radar de Vigilância Saab, Radar de direção de tiro Saab, ROV – Remotely Operated Vehicle Double Eagle MKII e o PVDS – Propelled Variable Depth com Sonar Double Eagle MKIII.
Dessa forma, a MB receberia 2 navios modernos e sem a preocupação de ter que parar para manutenção tão cedo. Outro ponto importante é o seu custo. Por ser uma evolução de navios já fabricados (usados) em composite, o preço final desses 2 navios seria o equivalente ao preço de um OKm.
A proposta abrange também o treinamento de oficiais e sub-oficias da MB no centro de simuladores da marinha sueca em Karlskrona, onde aprenderão todas as técnicas modernas da área de contra minagem e varredura, incluso o aprendizado na operação de ROVs e PSDVs.
Centro de Simuladores da Marinha da Suécia
Além da oferta acima, a Saab Kockums oferece à MB, a transferência da tecnologia de construção em compósitos para que mais unidades sejam construídas no Brasil, pois apenas 2 unidades de MCMVs, não supre as necessidades futuras da MB. A proposta abrange a possibilidade da MB, através da DEN, participar do projeto de um novo navio, o MCMV 52, e assim, a MB como parceira não precisaria pagar royalties.
O DAN questionou sobre custos unitários, mas por uma questão estratégica, os valores não nos foi informado. Em compensação, soubemos que o financiamento internacional seguiria o mesmo procedimento realizado para a aquisição dos 36 caças Gripen NG, demonstrando o interesse na relação Saab Kockums – Marinha do Brasil.
Caso a proposta da Saab Kockums venha a ser a escolhida, o prazo para entrega do primeiro navio é de 24 meses, o que coincidiria com a entrega dos primeiros submarinos classe Riachuelo em Itaguaí.
DAN visita o MCMV Vinga (M75)
Durante visita à base naval de Karlskrona, o DAN teve o privilégio de visitar o MCMV Vinga (M75) para ver como é o navio por dentro e ver suas capacidades.
Fomos recebidos no portaló pela comandante do navio, CC Carin Meldgaard que gentilmente nos apresentou seu navio. A comandante Meldgaard nos explicou o funcionamento tanto na operação de contra minagem quanto na operação de varredura, pois este tipo de navio é preparado para cumprir ambas as missões.
O HMS Vinga estava equipado com um ROV Double Eagle MKII e um PVDS Double Eagle MKIII equipado com sonar da Saab Dynamics Underwater Systems.
Tivemos acesso ao passadiço do navio e depois ao Centro de Informações de Combate – CIC, o qual infelizmente não foi possível fotografar, porém, assistimos um vídeo onde o navio detectou uma mina e a classificou como sendo inglesa e da época da 2ª Guerra Mundial. Na sequência visitamos a casa de máquinas do navio onde observamos os dispositivos de desmagnetização tridimensional.
O sistema de propulsão do navio foi uma surpresa, é a primeira vez que tomo conhecimento desse tipo. Essa classe de navios utiliza o sistema Voith Schneider Propeller, que é uma unidade cycloidal de propulsão marítima especializada. É altamente manobrável, sendo capaz de mudar a direção de seu impulso quase que instantaneamente, proporcionando manobras rápidas e mais eficientes ao navio e com uma velocidade máxima de 15 nós.
Sem dúvidas é uma excelente proposta, mas a Marinha do Brasil precisa evidentemente analisar detalhadamente tudo o que lhe foi oferecido. Para nós do DAN, fica a certeza de que se trata de uma proposta de alto nível e torcemos para que a decisão ocorra o quanto antes para que a futura Força de Contra Medidas de Minagem (FCMM), esteja pronta para dar continuidade ao belo trabalho que faz há 54 anos.
Abaixo, o vídeo dos testes de resistência do casco construído em composite, demonstrando claramente se tratar de um excelente produto.
Características:
Deslocamento: 400 tons
Comprimento: 47.5 metros
Boca: 9.6 metros
Calado: 2,3 metros
Velocidade Máx: 15 knots
Tripulação: 14 Oficiais
14 Marinheiros
Armamento: 1× Bofors 40 mm, Minas & Cargas de profundidade