Por Luiz Padilha
O Navio Polar Almirante Maximiano (H 41), ex-Ocean Empress, sofreu muitas alterações estruturais para poder ser incorporado pela Marinha do Brasil afim de operar no Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).
As alterações fora executadas no estaleiro Bredo, na cidade de Bremerhaven – Alemanha e como alterações mais importantes, teve a ampliação da sua capacidade para receber até 113 tripulantes (navio+cientistas), um convoo capaz de operar aeronaves UH-12/13 Esquilo e IH-6B Bell Jet Ranger, além de um hangar climatizado com capacidade para hangarar 2 aeronaves.
Seu passadiço foi equipado com o importante sistema de posicionamento dinâmico que mantém o navio na posição desejada sem a necessidade de fundear, o que para as operações com o ROV (veículo submarino operado remotamente), é fundamental. O navio também recebeu um ECDIS (sistema de cartas eletrônicas), AIS, além de 3 bow thrusters e 1 sistema azimutal na popa.
Na parte científica, o navio possui 5 laboratórios com modernos equipamentos para auxiliar nos projetos científicos.
Desde que entrou em operação, o NPo Alte Maximiano ou “Tio Max” como é carinhosamente chamado por sua tripulação, tem desempenhado importante papel no levantamento hidro-oceanográfico na costa brasileira e operado anualmente no PROANTAR, provendo suporte logístico a Estação Antártica Comandante Ferraz-EACF.
Fomos até o CCM (Centro de Controle de Máquinas) para conversar com o CHEMAQ e saber um pouco mais sobre o coração do “Tio Max”. Confira no vídeo abaixo:
O sistema de preopulsão do navio é composto por 2 motores diesel de 12 cilindros Caterpillar 3612DI, cada um gerando 4.260 HP. A novidade pelo menos para este editor, é que o navio possui um sistema de geração de energia muito diferente dos navios de guerra como corvetas, fragatas e destróiers que utilizam turbinas ou motores diesel (MCAs) para a geração de energia elétrica.
No NPo Alte Maximiano, existe apenas 1 MCA que só entra em operação casa haja necessidade pois os 2 geradores que atuam nos eixos de propulsão, geram energia suficiente para todo o navio, lembrando que ainda assim, existe um gerador de emergência Cummins de 250 KW.
Viajamos sempre na velocidade de cruzeiro 11 nós e nunca houve necessidade de usar aceleração maior que 90%, o que além de poupar os motores, economizou bastante combustível.
A Praça D’Armas era o local onde, além de refeições, podia-se conversar e trocar ideias sobre o trabalho, agendar entrevistas, sempre com o apoio do pessoal do Centro de Comunicação da Marinha – CCSM, que não mediu esforços para ajudar a todos os jornalistas a bordo do navio.
A equipe de saúde do navio é composta pela Capitão Tenente Médica Clarice Azevedo e pela Capitão Tenente Dentista Janaína Rezende. A passagem pelo Estreito de Drake deu pouco trabalho para a Doc, como a Dra Clarice é carinhosamente chamada a bordo. Com muita experiência advinda de sua passagem pelo Hospital Naval Marcílio Dias, a Dra Clarice nos mostrou a enfermaria do navio. Já a Dra Janaína cuida da saúde bucal da tripulação do navio e quando chegar a Estação Antártica Comandante Ferraz, poderá atender tanto ao Grupo Base quanto aos cientistas que lá estão. Nós também conversamos com elas sobre suas atividades a bordo. Confira no vídeo abaixo:
Após a passagem pelo estreito de Drake, fomos todos agraciados com um certificado de participação na Operantar XXXVIII e outro pela passagem pelo ‘tenebroso’ DRAKE.
Durante nossa viagem o navio não tinha nenhuma aeronave a bordo, pois as 2 aeronaves UH-13 do Esquadrão HU-1 se encontravam a bordo do NApOc Ary Rongel (H 44), operando na EACF. Diariamente o navio precisava efetuar a recirculação entre os tanques do combustível JP-5 das aeronaves devido ao alto poder de corrosão que o mesmo possui.
Nosso desembarque foi realizado através de lanchas Zodiac equipadas com potentes motores de 90HP. Cada lancha podia levar até 10 pessoas por vez, e após uma pequena seção de fotos externas do navio, o mestre da lancha nos levou com segurança, bem perto de uma grande placa de gelo e nela havia um pequeno morador local. Era um Cormorão que tranquilamente posou para as milhares de fotos que nós fizemos, afinal, era o primeiro que viamos em nossa chegada. Vale ressaltar que apesar da água geladíssima, não foi possível resistir a verificar se o gelo era de água doce ou salgada. É doce!
Agradecimento: Gostariamos de agradecer ao CMG Candido Marques e toda a sua tripulação pela gentileza com que nos receberam a bordo durante nossa viagem e parabenizar a todos pelo belíssimo trabalho que realizam em mares tão distantes de nosso país. Um Bravo Zulu a todos!