Por Guilherme Wiltgen
No dia 14 de março, o Defesa Aérea & Naval participou de uma visita na fábrica da Airbus I Helibras em Itajubá, no sul do Estado de Minas Gerais.
A visita iniciou no hangar da empresa no Aeroporto de Campo de Marte (SBMT), na capital Paulista, onde o grupo de cinco jornalistas foi recepcionado por Leandro Brasil e Renata Coelho, e depois pela Bárbara Gonçalves em Itajubá, do time da comunicação no Brasil.
Como não poderia ser diferente, o transporte até Itajubá foi feito em um dos modernos helicópteros da fabricante, o H145 de 5 pás.
A aeronave configurada em modo executivo, acomodou os sete passageiros de forma muito confortável. Ao todo, contando os tripulantes, eram nove pessoas a bordo.
Com duração aproximada de 50 minutos de voo, a impressão foi das melhores com relação ao bimotor que é sucesso de vendas no mercado executivo. Após um decolagem em VFR de Marte, já sobre o Vale do Paraíba entramos em voo IFR devido a forte formação de nevoeiro.
Voando pouco acima dos 3.200 pés, o voo transcorreu de forma suave, sem vibração e com uma redução sensível do som no interior do helicóptero. Todos a bordo estavam com fonia VIP, possibilitando a comunicação entre si de forma clara, assim como com o piloto e o copiloto.
Pouco depois das 9h, o H145 PT-EGB pousou no pátio da fábrica em Itajubá, causando uma boa impressão em todos a bordo.
Itajubá
Ao chegar na sede da Helibras, o grupo foi recebido pelo Presidente, Alberto Duek, que fez um raio x da empresa com uma apresentação mostrando um pouco da história da empresa até os dias atuais, programas, produtos e a capacidade da planta de Itajubá e demais unidades da empresa no País.
Em 1978, a Helibras se associou a empresa francesa Aerospatiale (posteriormente Eurocopter e atualmente Airbus Helicopters) para montar no Brasil o AS350 Ecureuil, que recebeu a designação brasileira de HB-350 Esquilo.
Em fevereiro de 1979, a Marinha do Brasil (MB) assinou contrato com a Helibras para o fornecimento de seis helicópteros HB-350 Esquilo, para dotar o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1). Desse modo, a MB passou a ser a pioneira na operação militar do Esquilo no Brasil.
Passados quase 45 anos, essa parceria se renova através do Programa TH-X, com o fornecimento de 15 helicópteros H125 (nova designação do Esquilo), desta vez para desempenhar o importante papel de ser o novo helicóptero de Instrução, que irá prover o estágio prático de voo aos novos pilotos de asas rotativas da Marinha.
Nesse mesmo programa, a Helibras também vai fornecer doze helicópteros H125 para Instrução de voo da Força Aérea Brasileira (FAB), totalizando 27 novas aeronaves.
Após a apresentação, foi realizado um tour pela fábrica, onde foi possível conhecer importantes departamentos da planta de Itajubá, como a oficina de pás, a de de conjuntos dinâmicos e o de Engenharia, onde foram desenvolvidos as versões operacionais do H225M da FAB, com capacidade de realizar Reabastecimento em Voo (REVO), e o Naval (ASuW), a mais complexa versão do H225M, com capacidade de lancar dois mísseis antinavio MBDA AM-39 Exocet.
Todo o trabalho de engenharia destas duas versões foi desenvolvida no Brasil por engenheiros brasileiros, o que demonstra a capacidade e a importância da empresa dentro do grupo Airbus.
Outro projeto que teve a intervenção da engenharia, foi a customização dos três H135 adquiridos pela Marinha, em uma compra de oportunidade de uma empresa de EMS da Espanha. Todas as alterações para o emprego embarcado e para Operação Antártica foi realizada em Itajubá.
Linha de Montagem Final
Muito diferente do que vimos durante o auge do programa H-XBR, que já teve quatorze helicópteros em construção simultaneamente e em diversos estágios, hoje estão os três últimos helicópteros sendo finalizados.
Entre eles o quarto e último H225M Naval, o AH-15B N-4104, que deve ser entregue no próximo ano, além de mais um H-36 da FAB e um HM-4 Jaguar da Aviação do Exército.
Porém, a Linha de Montagem Final está recebendo um fôlego novo com o TH-X. Hoje são seis helicópteros sendo construídos, tendo o primeiro H125 (BHX001) realizado o primeiro voo em Fevereiro e em breve o segundo helicóptero (BHX002) também fará se voo inaugural.
O BHX001 será o primeiro H125 da Força Aérea Brasileira e o BHX002 da Marinha do Brasil. As duas aeronaves serão entregues em setembro desse ano.
Modernizações complexas
No hangar onde são conduzidos os programas de modernização, os dois últimos dos 34 helicópteros AS365K2 Pantera (EB-2020 e EB-2008) se encontram realizando o processo e deverão ser entregues ao Exército Brasileiro ainda esse ano, finalizando o programa que já entregou 34 HA-1A Fennec e 32 HM-1A Pantera.
A Helibras também está modernizando três AS365N3 Dauphin da Prefectura Naval Argentina e oito H215M da Brigada de Aviación Ejército (BAVE), do Exército do Chile.
O futuro
O H-XBR foi responsável por uma renovação industrial da planta em Itajubá, com a ampliação da área fabril e geração de empregos diretos e indiretos. Hoje a empresa conta com pouco mais de 500 funcionários.
A estrutura da Helibras está distribuída com a sede em Itajubá, Brasília (Escritório de Representação), São Paulo (Oficina de Manutenção e Escritório Comercial), Atibaia (Centro de Suporte ao Cliente) e Rio de Janeiro (Centro de Simulação H225/H225M).
Como única fabricante de helicópteros no Brasil, e na AméricaLatina, a empresa está preparada para continuar a atender os mercados civil, governamental e militar, com mais de 850 helicópteros já entregues.
Segundo Duek, o Governo brasileiro demonstrou um potencial interesse no H145M para as Forças Armadas. Caso, esse interesse se transforme em realidade, será criada uma linha de fabricação em Itajubá, a segunda fora de Donauwörth na Alemanha, a exemplo do que foi feito nos EUA, onde a Airbus Helicopters America fabrica, em solo norte-americano, o UH-72A Lakota para o Exército dos Estados Unidos (US Army).
O H145M é a versão militar do H145, possui peso máximo de decolagem de 3,7 toneladas, atendendo as necessidades das Forças Especiais, além de poder ser empregado em uma ampla gama de tarefas, incluindo reconhecimento armado, apoio a fogo terrestre, escolta, transporte tático, MEDEVAC e CASEVAC.
O HForce, o sistema modular de armamentos projetado pela Airbus, proporciona ao helicóptero adaptação a todo tipo de armamento guiados e balísticos, como mísseis e foguetes guiados a laser, metralhadoras e foguetes.