Por Guilherme Wiltgen
No dia 18 de agosto, ocorreu o dia “D” da operação Ricardo Kirk com a participação dos operadores dos helicópteros H225M das três Forças, quando foi realizado um Assalto Aeromóvel com voo assistido por Óculos de Visão Noturna (OVN), visando a padronização de técnicas e emprego.
No final de Julho, os militares já haviam iniciado a preparação para esta operação, quando o 1º Batalhão de Aviação do Exército recebeu, no Forte Ricardo Kirk, sede do Comando de Aviação do Exército, o 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), da Marinha do Brasil, e o 3º/8º Grupo de Aviação, da Força Aérea Brasileira, para que houvesse ao nivelamento doutrinário de técnicas e táticas.
As unidades aéreas compartilham da mesma aeronave, o helicóptero de médio porte H225M (ex-EC725), fabricado pela Airbus Helicopters através da Helibras, sua subsidiaria no Brasil.
A aquisição do H225M se deu dentro do Projeto H-XBR do Ministério da Defesa e coordenado pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), que adquiriu 50 unidades para as três Forças singulares e para uso da Presidência da República, em uma parceria estratégica assinada entre o Brasil e a França em 2008. Até o momento foram entregues 38 aeronaves, sendo 11 para Marinha, 13 para o Exército e 14 para Força Aérea Brasileira.
O objetivo do programa é padronizar um único vetor para as Força Armadas Brasileira visando um processo gradual de interoperabilidade de seus meios, gerando uma compra com um quantitativo considerável, que tornou o Brasil o maior operador militar desse modelo, com transferência de tecnologia, compensações comerciais (Offset), melhorando a logística e o custo de manutenção das aeronaves.
Preparação para Operação Ricardo Kirk
Na terça-feira (17) foi realizado um treinamento no período diurno para que as tripulações pudessem se ambientar com a Zona de Pouso de Helicópteros (ZPH) e a Zona de Desembarque (Z Dbq), que estavam localizadas nos municípios de Cachoeira Paulista e Lorena, ambas na Região Metropolitana do Vale do Paraíba.
A Força de Helicópteros foi composta por cinco aeronaves, sendo um HA-1A Fennec armado com duas metralhadoras axiais .50, um HA-1A Fennec SOA (Sistema Olho da Águia), ambas da Esquadrilha de Reconhecimento e Ataque do 1º BAvEx, e três helicópteros H225M, sendo o HM-4 Jaguar EB5011 (EB), UH-15A Super Cougar N-7202 (MB) e o H-36 Caracal FAB8510 (FAB). Os três H225M também estavam armados com duas metralhadoras MAG 7.62mm, uma em cada bordo.
O voo simulado reproduz de forma muito próxima da real todas as etapas do voo, possibilitando aos tripulantes padronizarem os procedimentos e adaptações ao voo assistido por OVN. Tendo em vista que as três estações de simulação estão integradas, é possível colocar todas voando juntas e simular o voo em formação, demonstrando o nível tecnológico e o estado da arte em termos de simuladores para helicópteros a disposição da AvEx. Esses simuladores de voo são utilizados em diversos cursos e estágios ministrados pelo CIAvEx.
O aluno do Curso de Piloto de Aeronave (CPA) no CIAvEx já possui na sua instrução o emprego de OVN pelos futuros pilotos que vão integrar os Batalhões de Aviação.
Assalto Aeromóvel (Assalto Amv)
O moderno Teatro de Operação (TO) exige hoje o emprego de forças de alta mobilidade e flexibilidade. Estas características tornam a Infantaria Leve (Inf L) e a Aviação do Exército a mais aptas para aproveitarem as peculiaridades do combate aeromóvel. A Inf L pode ser empregada em objetivos importantes que, devido a grandes vazios territoriais do TO e à carência de meios, estarão pouco guarnecidos, e o helicóptero o vetor ideal que vai prover o seu deslocamento até o objetivo. O emprego do OVN nesse caso permite que as aeronaves realizem a missão de forma discreta, rápida e segura.
O Assalto Aeromóvel é a ação de combate na qual uma força de helicópteros, integrada à Infantaria Leve, compõe uma Força Tarefa Aeromóvel (FT Amv) e tem por objetivo deslocar tropas equipadas para realizar a conquista de regiões do terreno e/ou destruição de forças ou instalações inimigas.
A Infantaria L (Amv) realiza o Assalto Aeromóvel (Assalto Amv) em áreas fracamente defendidas ou não defendidas pelo inimigo. Em princípio, o Assalto Amv deve ocorrer em um objetivo à retaguarda deste e só pode ser alcançada rapidamente com o apoio dos helicópteros.
Ele se destina à conquista e manutenção de locais onde o inimigo encontra-se vulnerável e considerados de vital importância para a manobra do Escalão superior.
O planejamento do Assalto Aeromóvel deve ser conduzido de forma integrada entre a força de helicópteros e a força de superfície (Inf L). Nesse caso, a 12ª Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel, sediada em Caçapava/SP, que é uma das Forças de Emprego Estratégico (FEE) do Exército Brasileiro, o que a torna apta a atuar com rapidez em qualquer parte do território nacional, sendo integrante da Força de Prontidão (FORPRON) do Exército Brasileiro.
O Assalto Aeromóvel é composto pelas seguintes fases:
- Planejamento
- Plano Tático Terrestre
- Plano de Desembarque
- Plano de Carregamento
- Plano de Movimento Aéreo
Com a participação de militares da 12ª Bda Inf L Amv foi possível padronizar o movimento da tropa para embarque e desembarque da aeronave, momento em que os mecânicos de voo (FAB/EB) e os Fiés (MB) se adestram para auxiliar no Assalto aeromóvel, aprendendo os gestos de comunicação, que devem ser simples e de fácil entendimento.
O desembarque da aeronave deve ser feito da maneira mais rápida e organizada possível. É um dos momentos críticos da Operação de Assalto Aeromóvel, pois se encontram concentradas grandes quantidades de aeronaves e tropas, constituindo alvo de alto valor para a Força Aérea ou Artilharia do inimigo.
Após o pouso, o Mecânico/Fiel comandará o desembarcar. Somente após este comando os cintos podem ser soltos e os homens iniciam o desembarque que acontecem na ordem inversa ao embarque. Após o desembarque a tropa adotará a formação em linha ou partirá para o assalto, conforme definido no treinamento.
“Esse adestramento conjunto, Exército, Marinha e Força Aérea, potencializa nossas capacidades operacionais através da integração das Força Armadas, assim conseguimos melhorar nosso adestramento, racionalizar o nosso meio aéreo em proveito de uma melhor performance no cumprimento de missão”, disse o Comandante da Aviação do Exército, General de Brigada Ricardo José Nigri. “Assim, potencializamos capacidades operativas e atingimos ela de forma plena com a integração das três Forças”, concluiu o Gen. Nigri.
NOTA do EDITOR: Agradecemos ao CCOMSOD do Ministério da Defesa (VA Taulois, Cel R1 André e CT Fabrício Costa) e ao Comando de Aviação do Exército (Gen Nigri, Cel Sazdjian, TC Amorim, TC Castro, Maj Dariano, Maj Valério e Ten Luara) pela fidalguia com que nos receberam e a todos os militares que colaboraram para realização desta cobertura.